sábado, 7 de novembro de 2009

Coliseu, mais uma vez


Como não gosto de falar sem saber, ontem aceitei o convite de um amigo meu para ir ver João Pedro Pais ao Coliseu, encerrando assim uma semana recheadinha de concertos. Na verdade, adoro a rua Passos Manuel em dias de actuações no Coliseu. A rua enche-se de gente, e é certinho que encontro pessoas conhecidas, algumas que não via há imenso tempo. Ontem não foi excepção.

Um lugarzinho priviligiado na plateia, bem bom, ou seria, se ao meu lado não estivesse sentada uma senhora algo espaçosa. Não que fosse avantajada em tamanho, porque isso eu entenderia. Mas, se ela não era, o mesmo não posso dizer da sua antipatia e da sua carteira versão mala de viagem, que decidiu colocar no braço da cadeira. Ora, o dito braço é comum para duas cadeiras, o que quer dizer que metade seria meu. Desde empurrar o meu rico bracinho discretamente até o fazer descaradamente, fez de tudo um pouco. Sugeri-lhe educadamente que colocasse a carteira no chão. Acho que se eu fosse marciana e tivesse tentáculos a sair das orelhas não olharia para mim com menos espanto e maior desprezo. Ai ai a minha vida... Passados dez-quinze minutos, começando o meu pé a bater discretamente no chão (sinal de alerta para vai-me saltar a tampa), decidir entre chatear-me, incomodar-me com aquilo, não aproveitar o concerto, estragar a noite, atirar a carteira e a senhora para bem longe, e não me chatear e resolver a questão doutra maneira, foi fácil. Ganhou o meu estado zen e troquei de lugar com o meu amigo. Digamos que a senhora (deveria ter 50 anos) ficou visivelmente agradada e a carteira arranjou lugar no seu colo, ficando o braço da cadeira livre para o braço dela e do meu amigo. Está bem que ele é uma figura interessante, mas bastava ela pedir que eu teria trocado de lugar, poupando alguns hematomas no meu braço!


Em relação ao que interessa, o concerto, o coliseu encheu. Poucos eram os lugares vazios para ouvir cantar em português, e, independentemente de se gostar ou não do género musical, João Pedro Pais fez um bom espectáculo. Inicialmente sozinho, depois acompanhado pelos elementos da banda, passando depois a contar com o acompanhamento da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, foi um crescendo de animação na sala. Homenageou e agradeceu ao amigo Pedro Abrunhosa (eu acho que o Pedro deve ter umas lanternas minúsculas incorporadas nos óculos escuros; só assim se compreende que consiga ver no escuro), falou da partilha entre cantores, na troca de ideias e na procura da música perfeita. A parceria com Jorge Palma e Zé Pedro dos Xutos e Pontapés foram alguns dos melhores momentos.

Com direito a um encore de cerca de vinte minutos, conseguiu pôr a plateia em pé, com músicas como esta, esta ou esta. Alguém me disse um dia que ele era antipático. Como pessoa, não posso falar, não o conheço. Como artista, ontem, no Coliseu, fez um excelente trabalho.

Ou não tivesse dito uma frase que eu achei uma delícia... "Porto, Porto, és tão nosso..."

1 comentário:

Soraia Silva disse...

Eu tambem nao conheço o Joao Pedro Pais pessoalmente, mas digo-te que é o meu cantor favorito.

consoante as entrevistas, passagens etc etc, nao o acho antipatico, mas sim mais acanhado, mais calado, mais reservado e isso nao significa que seja antipatico...

quanto à mulher, via-se bem o que ela queria :D