segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Back to Reality!


Não sei quem inventou as férias, mas seja quem for, tem a minha profunda gratidão. Mesmo sendo um pequenino intervalo no meio de semanas e semanas de trabalho e preocupações. A incrível sensação que todos esses problemas podem esperar até regressar. Encostar a cabeça e conseguir "esvaziá-la" nem sempre é fácil, mas pelo menos remeter essas preocupações incómodas para um cantinho da nossa mente enquanto se goza um pouco de sol ou de sombra, se saboreia o conforto da nossa casa connosco lá dentro sem ser de passagem para dormir, se passeia por aquele local que sempre se idealizou conhecer ou se regressa a algum que gostamos particularmente, vale a pena.  

Estamos de férias e, por uns dias, temos tempo para coisas que nos outros dias não temos. Uma gloriosa sensação de abandono da rotina, das horas até. Tenho para mim que gostamos tanto das férias porque as vivemos no presente. Durante o resto do ano, penso que vivemos demasiado tempo a pensar no futuro. Fazemos demasiadas coisas a pensar em amanhã, na próxima semana ou no próximo mês. Como se vivessemos uma vida a prazo, em que esse prazo está sempre um passo à nossa frente, e temos de correr e correr para tentar apanhá-lo. Nas férias não. Disfrutamos cada bocadinho delas, no tempo que decorrem. Vivemos as férias no presente, não ansiando pelo futuro, isto é, pelo seu fim. Mas este chega e é tempo de fazer a mala e voltar. É caso para dizer, Back to Life, back to reality!!

Obrigada a todos pelos votos de boas férias. Algum descanso, muito passeio, e abençoadas crianças que fazem amigos do peito como ninguém. Foi assim que o sr. Prozac voltou, com dois novos amigos que o ocuparam durante grande parte das férias. Com internet à velocidade de um caracol  com artroses, o computador ficou de férias também, pelo que tenho de me  actualizar nos vossos cantinhos. Para todos que regressam ao trabalho agora, coragem! Penso que hoje vou repetir bastantes vezes a resposta à pergunta: já acabaram as férias? :))

sábado, 28 de agosto de 2010

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Há dias em que os pensamentos se perdem e eu me perco neles, ou com eles, não sei bem. Dias em que tudo dentro de mim grita tão alto que não me consigo ouvir. Dias em que as ideias em desalinho me desalinham todos os pensamentos. Dias em que gostava de ter o poder de fazer o tempo andar para trás e mudar um instante apenas. É engraçado o poder de um instante. Um breve instante. Um momento que não volta mais, que perdemos, que passou. Um momento que nos torna prisioneiros de si próprio. Um momento que deixamos ser condicionado pela razão. Entre a razão e o coração, que vença a razão! O coração é um tonto, impulsivo, cego, surdo aos ensinamentos do passado. De cicatriz em cicatriz ele esquece-se de tudo. Memória de elefante para umas coisas, memória de recém-nascido para outras. Quando bate, não se lembra de mais nada, apenas bate. Como gosto de ti, coração! Mas, porque tento ignorar-te tanto, dando a mão à razão? Se ao menos esta me fizesse feliz!! A razão é dona do conhecimento, sábia e racional. Tem mais do que memória de elefante, tem também o seu peso, o peso de cem elefantes. E é assim que consegue enterrar bem fundo o coração. Cem elefantes pesam muito!

Por vezes penso que sou a pessoa menos amiga de mim própria que conheço. Como se me recusasse a ser completamente feliz, a fazer as coisas bem. Deixar de ser "eu", este "eu" que se resguarda de qualquer sentimento que possa fazer despertar o outro eu, aquele que mandei de férias há muito tempo, que guardei bem no fundo do baú e fechei com um código ultra-secreto, tão secreto que logo me esqueci dele. O "eu" que tem como missão deixar o outro eu num sítio perfeito, seguro, num mundo só meu, que guardo como se fosse um reino intocável. A mente é dona de estranhos caminhos e armadilhas. Armadilhas poderosas que nos mantêm ali. Nada aparece do acaso, e elas também não, mas como explicar aquilo que só nós compreendemos? Tornam-se inúteis as palavras. Não há palavras que possam fazer compreender. Nem as escritas. Escrevo porque preciso de escrever, sem saber o rumo das minhas palavras. Simplesmente escrevo. Escrevo porque há dias em que o coração grita tão alto que não me consigo ouvir. Nem a ti, razão. E nesses dias, em que não te consigo ouvir, fico perdida, perdida nos pensamentos. Nesses dias o "eu" fica contigo e não o ouço também. Nesses dias apetece-me deixá-lo aí, contigo, onde não o ouça mais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Momentos Zen


Há momentos em que, ao apreciar uma paisagem, tudo parece estar no lugar certo. Não mudaríamos um raio de sol, uma gota de chuva, uma erva, uma flor, uma pedra, uma nuvem. Não mudaríamos nada. Absolutamente nada. 

Momentos em que toda essa beleza, essa calma, se transmite a nós próprios, em que nos sentimos em plena comunhão com a natureza. Em plena comunhão connosco. Momentos em que pensamos que não estaríamos melhor em nenhum outro local do mundo. Momentos Zen.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Férias! :)

Sempre gostei muito dos provérbios populares, mas havia dois que me faziam alguma confusão, por serem algo contraditórios: quem espera sempre alcança e quem espera desdespera. Qual deles seria o mais verdadeiro? Acho que descobri que, afinal, não são contraditórios, mas sim complementares: quem espera primeiro desespera e depois alcança! E, sendo assim, cá estão elas, as FÉRIAS! Quando conseguir pôr o sono em dia talvez consiga escrever mais do que duas frases. Estou mais lenta do que a net por aqui. Mas, como o que estou a precisar é mesmo dormir, descansar, dormir e descansar, enquanto abre uma página, tenho tempo para tudo isso. Isto é net à velocidade da luz...de uma vela bem pequenina!

Será que alguém podia explicar ao sr. Prozac o significado das palavras DORMIR e DESCANSAR?

sábado, 14 de agosto de 2010

Preciso urgentemente...

O disco riscou e na minha cabeça só circula uma frase: PRECISO DE FÉRIAS! QUERO FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS!

Quanto mais perto estão esses dias de descanso, mais os dias se arrastam. Demoram e demoram a chegar! Preciso urgentemente de férias. Se dúvidas tivesse sobre isto, num instante as perdia porque quando olho para isto:

 Só vejo isto

Olho para  isto

E vejo isto


Ou, nos dias piores, isto

 Estou com alucinações. Estou a delirar. Estou a precisar de FÉRIAS!

By The Way LXXXVI - Anna Ternheim

Hoje Anna Ternheim tomou conta da casa. 

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sentimentos vs Acções


Muitas vezes vivemos como se não tivessemos o poder da escolha. Pensamos saber o resultado de tudo. Pensamos que não vale a pena porque, porque... e por vezes o resto da frase não surge. Encolhemos os ombros e completamos a frase com um encolher de ombros e a resposta porque não vale. Fossemos crianças e não nos contentaríamos com esta resposta. Mas em adultos podemos, porque podemos tudo e nos dá jeito fazê-lo. Obrigamos as crianças a explicar até à exaustão a razão de algumas das suas acções, mas nós não o fazemos, muitas vezes nem perante nós próprios. 

Diz Mário Quintana que não somos culpados pelos nossos sentimentos mas sim pelos nossos actos *. O engraçado é que muitas vezes os nossos sentimentos, os tais pelos quais não somos responsáveis, são bem mais bonitos do que os nossos actos. O sentimento pode ser livre, mesmo quando condicionado, abafado, sufocado, amarfanhado pelos actos. O sentimento vale por si só e é bonito porque surge dentro de nós. Ele não se importa se gostamos ou não, se queremos ou não, não se importa com nada. É um pouco selvagem, o sentimento. Surge sem ser plantado, e muitas vezes cresce sem uma única gota de alimento, mesmo quando nós, com os nossos actos responsáveis, lhe criamos um ambiente pouco propício ao crescimento. Quase me apetecia dizer-lhe que é um chato, um intrometido, um grande teimoso. Quase... Mas como posso chamar-lhe isso se me faz sentir tão bem? Vem perturbar as certezas, decisões e direcções, mas estas parecem-me mais actos. São pensadas e muitas vezes auto-impostas. Não surgem assim, do nada, de um olhar, de um abraço, de um partilhar. De tão pensados, esses actos por vezes são quase automáticos, tipo reflexo condicionado. Quando damos conta estamos transformados em cãezinhos pavlovianos. A mim, acho que só me faltam as orelhas compridas, um focinho alongado, muito pêlo e um faro apurado. 

Sim, as opções são sempre nossas. Sim, somos responsáveis pelos nossos actos. No entanto, tenho cá para mim que por vezes as opções optam sozinhas, seguindo o mesmo circuito de sempre. O problema... O problema são os curto-circuitos.

* "Somos donos dos nossos actos, mas não dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos.
Podemos prometer actos, mas não podemos prometer sentimentos.
Actos são pássaros enjaulados, sentimentos são pássaros em vôo." Mario Quintana

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

By The Way LXXXV


Ficou-me no ouvido...

Real Big World, Nice Little Real World :)


Diz-se muitas vezes que o mundo é pequeno, e por vezes é. Chamamos-lhe coincidências. Achamos-lhes piada, atribuímo-las ao acaso e, caso nos agradem,  nesse dia o acaso é o nosso melhor amigo. Mas por vezes o mundo é grande, bem grande. E a nossa vontade de o tornar mais pequeno, diminuindo distâncias, é maior ainda. Aí, temos duas opções. Ou nos acomodamos na vontade e quem sabe um dia o acaso aparece, vamos adiando e adiando, porque não temos tempo, porque se calhar não vale a pena, porque... porque... encontramos sempre justificações quando nos queremos desculpar a nós próprios por algo que sabemos que devíamos ter feito. Ou então, metemos pé à estrada. Esta opção costuma dar mais resultado, uma vez que por vezes o acaso tira féria prolongadas, sem avisar, ou apenas nos abre o caminho.

Foi o que fizemos, eu, a Invisível e a  Susana,  encurtamos as distâncias e  passamos do virtual para o real. Três mulheres, três histórias , três vivências, três vidas num mundo tão grande como o nosso. Se valeu a pena? Poderia parafrasear uma frase bastante popular e dizer que tudo vale a pena, quando a alma não é pequena. Mas não acredito nesta frase, não acho que tudo valha a pena, mesmo quando a alma é grande. Vale a pena quando depois dizemos ainda bem que fiz isto. É o que digo hoje. Ainda bem que nos encontramos. Ainda bem que vocês são assim, como são, com almas grandes. Ainda bem que vos conheci. Ainda bem que continuam a existir pessoas, como vocês, que valem a pena.

Um abraço grande para as duas! Fico a contar com o próximo :).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Verão ... Azul :))



De vez em quando ainda dou por mim a assobiar esta música. Com o Verão, o corpo e principalmente a cabecinha a clamar por férias, as notas saem sem dificuldade. Na altura morangos só mesmo ao natural ou até com açúcar, mas no prato. Não havia vampiros, play-stations, nintendos, MP3 e muito menos MP4.  Os dias eram passados na brincadeira com os amigos. Tinhamos três meses inteirinhos de férias!! Todas as semanas assistiamos religiosamente aos episódios desta série.

Ao procurar o video no YouTube, encontrei este, onde referem o que aconteceu a estes actores que preencheram alguns dos nossos sábados , ou melhor, de quem tem mais de 30 e poucos anos :).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Conversas Prozac - Independência


Férias são férias, é certo. Mas querer passar o dia inteiro à frente da televisão não me parece um programa muito saudável, principalmente tendo em conta a qualidade dos desenhos animados hoje em dia, em que a violência impera por todo o lado. É só lutas, guerras, monstros cada um mais bonito que o outro.

Mr. Prozac - Quem me dera ser independente!
Mãe - ?? (Isto porque há um limite de tempo para estar à frente de uma televisão). Independência? Isto está bonito, está!

19h - Mãe sentada no sofá a ler.
19.30h - Mãe continua sentada no sofá a ler.
20h - Mãe continua sentada no sofá a ler.
20.30h - Mãe continua sentada no sofá, a achar piada ao anda-para-cá-anda-para-lá dele.

21h - Mamã, hoje não jantamos?
Mãe- Hã?? Filhinho, tu não queres ser independente? Podes ir à cozinha e fazeres a comida que quiseres.
Mr. Prozac - Ohhhhhhhh, mas não é para isso, é só para a televisão.

Ah! Afinal era só independência televisiva! Estou mais descansada! :)

Acho que consegui poupar mil e uma palavras a tentar explicar-lhe o que é independência. Penso que muitas vezes um gesto pode ter muito mais efeito que palavras semi-ouvidas. Sim, porque tal como os adultos as crianças também ouvem e assimilam aquilo que querem assimilar, conforme lhes dá jeito ou não.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sete sapatos sujos - Mia Couto


"Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei "sete sapatos sujos" que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos, mas eu tinha de escolher e sete é um número mágico:

Primeiro sapato: A ideia de que os culpados são sempre os outros.

Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.

Terceiro sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo.

Quarto sapato: A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.

Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.

Sexto sapato: A passividade perante a injustiça.

Sétimo sapato: A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros."

Mia Couto, na abertura do ano lectivo do Instituto Superior de 
Ciências e Tecnologia de Moçambique.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Não aos xumbos nas escolas!

 

Num intendo como num se perxebe o que a ministera da inducaxão dis-se. Eu axo k se perssebe muinto bem. Os xumbos nas escolas num ajudam os alunos. É os cotas a xagarem o juíso, a mandarem trabalhar nas ferias e nas ferias o pipol ker é curtir. Depois pró ano tem de andar cos mesmos cadernos e se forem muintos anos ficasse sem lugar para dezenhar e mandar bilhetes aos amigos. Eu axo que os alunos num devem xumbar nem k num vão à escola se tiverem feito a matricúla. Se não vão é pk num podem ir, dahhh!! Se num estudam também não devem xumbar pk se á liberdade e essas coisas é prá gente as uzar. Se não souber a matéria num faz mal. Paço de ano à mesma pk ou há igualdade ou num á. Decidamce pk assim os joves ficam confundidos. É k nós temos dreitos e num ir há escola e num estudar é um dreito. Bá lá ver, k interessa ler os luziadas? O man já morreu há bués, ainda pra mais escreve esquesito comó caraças XD. K minteressa saber os rios? Num dá pra surfar nem nada nos rios. K minteressa equaxões e raízes cuadradas? Nunca vi nenuma nem cuadrada nem redonda. Dahh! K interssa dar erros ortonográficos? perxebece muinto bem o k escrevo. E depois inda à os setores a xatear k se num estudo xumbo. Num há paxorra pra andar um ano a ouvir isto. Até penso k num era preciso prófs nem escolas. Davam os liveros k o pipol estudava em casa e no fim do ano avia uma grande festa pra celebrar passar pó outro ano. Tão sempre a dizer mal de tudo. Eu tou com a ministera. Xumbar num nos ajuda. Ministera! Ministera! Ministera ao puder!


Saúde e educação seriam dois sectores onde investir em vez de cortar. Remodelar. Melhorar. Mas assim? Que tal ver as razões do insucesso escolar? Que tal dignificar a profissão de quem ensina? Que tal incentivá-los em vez de os desmotivar com burocracias? Que tal dar emprego aos psicólogos no desemprego? Que tal pôr verdadeiramente assistentes sociais no terreno, principalmente nos locais mais problemáticos? Que tal incentivar o estudo acompanhado? Que tal tentar que, quando cumprem, pelo menos, o ensino obrigatório, saibam o mínimo dos mínimos? Que tal rever programas e conteúdos?  Que tal tentar melhorar o nível cultural do País? Muito trabalho?? Talvez sim, talvez não. Mas geralmente bons investimentos, seguros, não dão fruto a curto prazo, demoram mais um pouco, mas resultam. Para onde caminha Portugal?