quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal...

A árvore está feita há algum tempo, com as luzes a piscar, de vez em quando, quando me lembro...
Há enfeites espalhados pela casa... uns novos, outros que já enfeitaram outros Natais...
Há pedaços de papel de embrulho esquecidos aqui ou ali... gosto de fazer os meus embrulhos, além de muitas vezes não haver paciência para esperar que embrulhem.
Há... Não, não há... 

Por mais que se fale de Natal, por mais que veja por todo o lado sinais que o Natal está aí à porta, para mim, o Natal só começa no momento em que abro a porta de casa, lá na aldeia. Não consigo imaginar o Natal em outro local. Como diria o outro "haver Natal sem ser na aldeia, há, mas não é a mesma coisa".  Por mais que me esforce, aqui não cheira a Natal! Sim, porque o Natal tem cheiro. Tem cheiro, forma, cor e espírito. O cheiro do frio que me põe o nariz vermelho, o cheiro dos montes que viaja ao sabor do vento que me gela as mãos,  o cheiro da madeira a arder na lareira, o cheiro a canela, o cheiro da minha casa. As pessoas, a minha família, que dão forma ao Natal, a razão porque ele existe. Os abraços, a conversa que não se esgota, as recordações... a nostalgia, a saudade dos que já não estão cá traduzida nos olhares tristes, quantas vezes acompanhados de um sorriso quando olhamos para o local onde se costumavam sentar. Nostalgia, sim, e não há problema nenhum, porque é bom recordar, mesmo quando a saudade dói.  É assim que as pessoas se mantêm vivas em nós. Ninguém tem saudade das coisas más, pois não? E as crianças!! Consegue-se sentir a alegria deles, correndo de um lado para o outro, subtraindo um ou outro doce, e, claro, ansiando pelas prendas. Quando era pequena, vivia esta época com a expectativa das prendas. Não só porque as prendas rareavam naquela altura como porque era uma espécie de certificação do meu comportamento!! Mas agora, olhando para trás, sei que não foram as prendas que mais me marcaram, mas sim aquilo que ainda hoje faz o meu coração sorrir nesta altura: o conforto e o aconchego. Se nos reunimos noutras alturas? Claro que sim. Se há abraços, conversas, risos e prendas noutras alturas? Claro que sim, mas, essas outras alturas não têm cheiro a Natal. 

Ouço as pessoas falar sobre a comercialização do Natal, a perda de valores e tradições. Não a nego, está aí à vista de todos. Mas, se calhar, cabe a cada um de nós manter essas tradições, manter o espírito de Natal. Esta época traz-me das recordações mais ternas da minha infância.  Quero que as crianças que agora correm pela casa, contagiando todos com a sua alegria, tenham algo mais para recordar que as prendas, quero que tenham também doces recordações, quero que, mais tarde recordem as pessoas, quero que recordem o cheiro de Natal!

:) BOM NATAL :)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal Digital

 Se o primeiro Natal, aquele em que nasceu o menino Jesus, fosse hoje, seria mais ao menos assim* :):


*Video retirado daqui.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

É isso...

 
Depois de tanto tempo sem escrever, os dedos agitam-se, nervosos. Atrapalham-se. Escrevem frases sem nexo. Apagam. Voltam a escrever mais palavras sem sentido. Saudades de escrever, tentaram eles dizer tantas vezes. Mas os dedos, mesmo sendo dez, cinco em cada mão, nada podem fazer sozinhos. Apesar de serem eles a fazer a maior parte do trabalho, a carregar em cada tecla, formando palavras, frases, textos... Precisam que a cabeça lhes diga o que escrever e essa... essa é só uma, mas consegue ser pior do que dez dedos. Os dedos apenas precisam que lhes seja dada uma folha, um teclado, uma tela ou simplesmente a areia da praia... que os deixem livres, que os deixem sonhar, que os deixem viajar.

Este blog esteve completamente ao abandono durante muito tempo. Tal como por vezes temos necessidade de dizer algo, outras sentimos necessidade de nada dizer. Por vezes o silêncio é a única forma de comunicar, e o silêncio das palavras escritas é igual ao silêncio das palavras faladas. Há momentos da nossa vida em que ficamos com uma sensação indefinível de tristeza, de nostalgia, em que nos sentimos insignificantes perante a grandeza do universo, da vida. Momentos em que nos questionamos enquanto pessoas, em que perguntamos o significado dessa vida, em que perguntamos para onde vamos, obrigando-nos a pensar de onde vimos e onde estamos. Porque é fácil perdermo-nos, mesmo quando não queremos. Olhamos em volta e vemos que tudo é "perdível". Lembramos o que perdemos e tememos pelo que podemos perder. Mas percebemos cada vez mais que o que realmente tem valor são coisas que os olhos não vêem, coisas que não se medem, não se pesam, não se compram nem se vendem: o amor, a amizade, a felicidade. Estas são as coisas que apenas o coração consegue ver, ouvir e sentir. É isso o que levamos, de facto, deste mundo. É isso que nos acompanha nos momentos maus. É isso que nos faz sorrir nos momentos bons. É isso que nos faz viver.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ciclo da vida...

O ciclo da vida é incontornável: nascemos, vivemos, morremos. E a vida continua no planeta Terra, pelo menos enquanto não o conseguirmos destruir completamente. De uma ponta à outra deste ciclo, vamos acumulando experiências, vamos dando, recebendo, rindo, chorando, vivenciando momentos mais ou menos bons, enfim, aquilo a que chamamos viver. Como companhia ao longo deste tempo todo, temos aquela pessoa que acorda e adormece connosco todos os dias, que nasce e morre connosco, mesmo quando morremos só um pouco, mesmo quando renascemos - nós próprios. E temos as outras pessoas que fazem parte do nosso mundo, cada uma à sua maneira. No entanto, e apesar de conhecermos sobejamente o ciclo da vida, esquecemo-nos muitas vezes que os anos passam, as pessoas envelhecem e a lei normal da vida é um dia deixarem-nos. E, por vezes, perdemos pessoas que foram importantes para nós, pessoas que se tornaram parte de nós, pessoas que nos transmitiram tantas coisas boas que só a sua recordação nos faz sorrir, mesmo quando o coração está carregado de saudade e os olhos de lágrimas. Na verdade,  penso que nunca estamos preparados para perder quem amamos. Haverá alguma forma de o estar? Penso que, se existe, chama-se AMAR. Amar enquanto é tempo, amar enquanto há vida. Depois... Depois apenas resta a saudade,  sentimento doloroso mas  que encontra conforto no amor que se teve e se deu, ou o arrependimento pelo que não dissemos ou não fizemos, pelo que dissemos ou fizemos. Prefiro a saudade. Como canta Mariza nesta música linda

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades

Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir 


Há gente que fica na história
da história da gente

e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir 


São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder 


Há dias que marcam a alma
e a vida da gente

e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer 

.......................................................

terça-feira, 26 de outubro de 2010

...


Quando alguém sobrevive a uma morte quase certa, como a queda de um avião, há quem lhe chame sorte, há quem lhe chame milagre, há quem diga que ainda não tinha chegado a sua hora. Porque dizem, ainda não cumpriram a sua missão por aqui. Porque, dizem, todos temos uma missão. Há uns anos, ao ler Ilusões, de Richard Bach, li qualquer coisa parecida com: se estás vivo, é porque a tua missão na Terra não está cumprida. Lembro-me que na altura pensei "espero cumprir a minha muito tarde" (Esperteza saloia...).

Nos últimos dias tenho pensado nisto. Ao cruzar-me com tantas pessoas na rua, no trabalho, tenho-me perguntado se todas essas pessoas se questionarão sobre o que fazem aqui. Tantas missões que andam por aí! Mas, tenho para mim, que a palavra missão não tem de ser uma palavra grande, vistosa, que atravesse continentes e oceanos. A palavra missão pode ser pequena e ter o alcance de um passo, de um abraço, de uma palavra.  Muitas vezes, não são precisos grandes feitos, não são precisos grandes esforços. Muitas vezes essa missão pode ser apenas a simplicidade, o sorriso que nos espera sempre, o carinho que nos acompanha, a mão que nos ampara. Ao olhar para a vida de algumas pessoas, pode-nos parecer que fizeram pouco nesta vida. Que tiveram um papel secundário. Mas, para as pessoas cuja vida foi tocada por essa vida, esse aparente papel secundário foi primordial. Este mundo louco em que vivemos seria bem pior sem estas pessoas, anónimas para muita gente, menos para os seus. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

By The Way XCI - Walk a mile in my shoes

Todos nós analisamos, avaliamos, fazemos juízos de valor. É inevitável, penso eu. Desde crianças, somos confrontados com o mundo, com as pessoas, com informação e mais informação. Vemos, ouvimos, vivemos, filtramos, seleccionamos, assimilamos. E avaliamos conforme os nossos princípios, os nossos gostos, as nossas crenças, a nossa realidade. Até conforme o nosso estado de espírito. Por vezes coisas que, em dias mais solarengos nos passariam ao lado com um encolher de ombros e até um sorriso, em dias mais sombrios podem-nos levar a pensamentos e palavras menos simpáticas. Claro que nós, mulheres, podemos sempre culpar as hormonas por não estarmos de tão bom humor! É do conhecimento geral que estas meninas têm vontade própria, livrando-nos a nós de toda e qualquer culpa! 

Mas, voltando às avaliações, quando avaliamos ou julgamos alguém, não nos podemos considerar donos e senhores do saber.  Se nos achamos no direito de julgar alguém, devemos achar também que não devemos nem podemos fazê-lo impunemente, que podemos não conhecer todas as circunstâncias que rodeiam uma ou outra situação.  As pessoas são, ou podem ser, mais do que aquilo que mostram. O facto de as pessoas não andarem a apregoar os seus problemas em cada esquina, não quer dizer que não os tenham. O facto de as pessoas se esforçarem por não esmorecerem, por não quebrarem, por tentarem manter esperança, por tentarem viver a vida o melhor possível, não quer dizer que as suas vidas sejam rosas sem espinhos. Não seria má ideia se, de vez em quando, antes de a boca se abrir para criticar ou julgar, as pessoas tentassem, pelo menos tentassem, pôr-se no lugar dos outros e Walk a mile in their shoes.

By the way, esta música dos Fingertips é fantástica!


I'd like to show you my world 
For you to see how I feel
.......
Walk a mile in my shoes
 
And what will you do when it's over? 

sábado, 16 de outubro de 2010

Desafio by Mariana Marciana

Este  mimo foi enviado directamente de Marte, com Amor, pela Mariana. Além de ser um mimo muito bonito, o desafio, partilhar 10 coisas que ame, é mesmo um desafio porque vou ter que resumir muito. Obrigada, Marianinha, de coração :).

 
Amo, não necessariamente pela ordem escrita:
- o meu filho (incondicionalmente), a minha família (é o meu porto seguro)
- os meus amigos (de paixão)
- o meu amor (cada vez mais)
- a paz (estar em paz comigo, e com o mundo, se possível)
- sorrisos (ter e dar motivos para sorrir)
- música, dança (a música é mágica)
- ler (um bom livro como companhia)
- um abraço com alma (naqueles momentos em que precisava mesmo, não tem preço)
- o mar, a minha praia (onde me encontro tantas vezes comigo)
- viajar, conhecer novos locais, culturas, cheiros, sabores,...

E amo muitas mais coisas. Sou uma amadora.

Passo o desafio a quem quiser tentar resumir os seus amores. :)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Palavras...

Palavras, palavras...
Palavras que se dizem, palavras que não se dizem, palavras que se ouvem, palavras que gritam, palavras que calam, palavras que se calam.
Palavras...
Palavras não são só palavras... As palavras têm cor, têm cheiro, têm sabor. As palavras beijam, abraçam, esmagam. As palavras mordem. As palavras têm vida, têm alma. As palavras destroem ou constroem, levantam-nos ou atiram-nos ao chão, sem dó.
Palavras... Palavras certas, palavras loucas. Tantas... e tão poucas!
Se as palavras fossem só palavras! Ditas  ou caladas. Durassem apenas esse instante em que são ditas e desaparecessem, sem eco, quando o seu som terminasse! Podem voar mais velozes que o vento, perdendo-se para sempre, é verdade. Palavras de circunstância, que tanto faz serem ditas como não. Mas há as que ficam marcadas, escritas a fogo na alma e no coração. Palavras que nos fazem sentir, e que na intensidade do seu sentir, revivem momentos que se recusam em desvanecer.
Palavras... nunca são só palavras. Não são apenas grafias, sons, sílabas conjugadas. As palavras são a expressão dos pensamentos, dos sentimentos. As palavras têm um rosto. O rosto de quem as diz.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Portugal, um barco à deriva

Tenho sentido alguma dificuldade em expressar por palavras o que senti ao ouvir as medidas de austeridade anunciadas pelo nosso primeiro-ministro. Mais uma vez, uma imagem pode valer mais do que as palavras, e o que sinto é que Portugal e os Portugueses se encontram num barco sem rumo, sem leme, a caminho não sei bem de onde. Mais ou menos assim:


E o pior, é a certeza de que as coisas vão piorar. 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quedas e Feridas...

Quando caímos, das primeiras coisas que fazemos é tentar perceber porque e como caímos, e avaliar os estragos resultantes da queda. Não é só o tamanho da queda que é importante. Podemos dar uma grande queda e escapar sem um arranhão, ou podemos apenas tropeçar e aleijar-nos a sério. Depende da forma como caímos, da nossa maior ou menor resistência, do terreno em que aterramos, dos obstáculos que encontramos em pleno voo descendente. Dependerá também da sorte, talvez.
Muitas vezes não são os grandes obstáculos que nos fazem cair. Esses, vêem-se à distância, estamos prevenidos contra eles. Por vezes, podemos até avaliar e ver se vale a pena ou não dispender tempo e energia a ultrapassá-los, arriscar ferir-nos. Não raramente são as coisas pequenas que nos fazem cair em grande. São tão pequenas que não as vemos a não ser quando nos acertam com força, ou quando nós acertamos nelas. Nem sempre conseguimos equilibrar-nos a tempo e evitar a queda. Caímos, levantamo-nos, continuamos em frente. Mas nem sempre damos às feridas que daí resultam a atenção devida. Se os pequenos arranhões não precisam de grandes cuidados, o mesmo não acontece com as feridas maiores. Deixadas à sua sorte, podem trazer resultados não esperados. Uma ferida não tratada demora muito mais a cicatrizar. Quantas vezes parece que está quase curada e a sua crosta cai porque se encontra desprotegida, e a ferida continua por curar. Porque a ignoramos. Porque nos queremos mostrar fortes. Porque não queremos admitir mesmo para nós próprios que ela está ali. Não adianta muito, digo eu, assim como não adianta comparar as nossas quedas e as nossas feridas com as dos outros. Ferimo-nos de maneiras diferentes e cicatrizamos de maneira diferente.   
Podemos não querer que a ferida cicatrize, para nos lembrar sempre que não podemos voltar a cair no mesmo sítio, ou porque gostamos de sofrer, mexendo constantemente na ferida para que permaneça ali, bem viva. Esta será, talvez, a pior forma. 
Podemos esperar que, um dia, a pele esteja tão calejada que seja qual for a queda, nada lhe acontecerá. Mas, não será que a pele ao tornar-se assim tão dura não perde também a sensibilidade, a capacidade de sentir? 
Ou podemos acreditar que é normal, depois de uma queda, ter uma ou outra ferida para tratar, assim como acreditar que o primeiro passo para a tratar é olhar para ela.

By The Way XC - Linhas cruzadas

Hoje, por cá, ouve-se música em Português...



............................
É certo que sempre ouvi dizer
Que do querer ao fazer
Vai um enorme esticão
Mas haverá quem possa negar
Que querer é poder
E o nunca é uma invenção
........................... 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Descubra as diferenças :)


Simetria? Novo tipo de arquitectura? Distracção? Esquecimento? Varanda para pássaros?


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Queria...

Queria ser um poema
para dizer o teu nome com a beleza da poesia
Queria ser o mar
Para escrever o teu nome com o fascínio das ondas
Queria ser a lua
para cantar o teu nome com a magia da noite
Queria ser a noite
para desenhar o teu nome com o brilho das estrelas
Mas não sou um poema
nem o mar
nem a lua
nem a noite
Sou apenas um coração
que diz o teu nome
num sussuro, num instante, num momento,
Um coração que se enche
com a beleza de um poema
com o fascínio do mar,
com a magia do luar,
quando encontra o teu
e diz o teu nome assim
baixinho...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

By The Way LXXXIX - My Secret

Todos os dias são dias, mas uns são mais dias do que outros. Há dias que duram muito mais do que um dia, que alimentam outros dias. Por vezes por más razões. Por vezes por boas razões. Por vezes por muito boas razões. Habitualmente deixamos as más razões ocuparem mais espaço. Demoram mais a digerir, a passar, ocupam-nos mais. Mas as boas razões merecem também todo o espaço. Passamos a vida a querer, a desejar, a pedir, e quantas vezes tudo isso que quisemos, que pedimos, que desejamos nos passa ao lado porque estamos distraídos. Por vezes penso que andamos tão ocupados em querer que nos esquecemos de ver. As melhores coisas aparecem assim, sem aviso, sem grande alvoroço, sem serem planeadas.


The best days are not planned by common sense
By lack of time
You just happen to be where everything feels fine
It’s a new secret i have found
Today* must have been one of the strangest days
I found a place where i could stay
And people say that it will kill me,
But they don’t understand
People never do, but it makes sense to me
To be senseless to change my plans for you
...............
* That day...
Esta música é linda! :)

sábado, 25 de setembro de 2010

Puzzles

Quando o meu filho começou a fazer puzzles e aquilo não corria bem, as suas reacções variavam:  baralhava as peças todas com um "não gosto"; zangava-se e atirava com as peças para o chão com um "não presta"; tentava a toda a força encaixar uma peça que não se ajustava àquele sítio, carregando e carregando; fazia batota e colocava a peça por cima, muito direitinha mas sem a encaixar. Pacientemente, tentava ajudá-lo, recomeçando o puzzle, explicando-lhe que aquela peça não era ali, que cada peça tinha o seu lugar e tinha de encaixar sem esforço. Colocando a peça noutro lugar, o desenho não ficava bem e essa peça iria fazer falta noutro sítio, esse sim o lugar dela.

A nossa vida não é muito diferente de um puzzle, com dezenas, centenas, milhares de peças, as que quisermos, as que tivermos. E muitas vezes, as nossas reacções, quando uma dessas peças não encaixa onde queríamos, não são muito diferentes das reacções das crianças. Por vezes basta essa única peça para baralhar todas as outras, para nos deitar ao chão, para nos dar vontade de destruir muito do que já tinhamos construído. Outras vezes, teimamos e teimamos em colocar essa peça onde sabemos que não cabe. Arranjamos mil e uma desculpas para ela ficar ali. Usamos toda a força para conseguir encaixá-la. Por vezes, com muito esforço até conseguimos, mas ficou tão apertada que logo salta, qual boneco de molas. Viramo-la de todos os lados, se for preciso cortamos um ou outro bocado para que caiba ali, ou deixamo-la pousada, sem qualquer suporte, pronta para voar com a primeira brisa, uma peça de faz-de-conta. Tal como nos puzzles, a tentativa e o erro fazem parte da construção. Tal como nos puzzles, se uma peça não encaixa, não adianta forçá-la, porque o seu lugar não é ali. Tal como nos puzzles, por vezes aparecem peças que, naquele momento, ainda não têm o seu lugar, ainda não sabemos onde são. É preciso colocar mais peças até chegar a essa. É preciso saber esperar. Tal como nos puzzles, não vale a pena querer fazer batota, fechar os olhos e fazer de conta que está bem. Tal como nos puzzles, essa peça que não está no seu lugar tem, algures, o seu lugar à espera, vazio.

Por vezes sinto-me como uma criança, com um puzzle enorme à minha frente, com parte já construído, partes destruídas e reconstruídas, partes ainda vazias e ainda tantas peças à espera de encontrar o seu lugar. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Conversas Prozac



O sr. Prozac já conheceu mais namoradas do meu amigo J. do que os dedos que tem nas mãos. Já não sei a que propósito, num jantar com amigos, falou-se de romantismo e o J. diz ao Prozac "a tua mãe é que gosta dessas coisas de romantismo". O P., baixinho pergunta-me:
- Ó mamã, deste-lhe umas dicas?
- Umas dicas a quem, P?
- Ao J. Já namora a L. há três vezes seguidas, deve estar romântico.


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Gente simpática!

Gosto de gente simpática. Principalmente no atendimento ao público. Irra, Irra, Irra! 
Entro numa pastelaria para almoçar, bem-disposta, sossegada. Vejo um pão com bom aspecto e penso hoje vai ser pãozinho com fiambre. Do outro lado do balcão uma cara simpática, muito simpática, digna de fazer inveja a qualquer gárgula que se preze. Pergunto que pão é aquele. Ignorante, eu sei, mas há pães de mil e um tipos. Ele é pão integral, pão de mistura, pão de soja, pão tigre, pão disto, pão daquilo e mais pão. 
- Qual pão? - perguntam-me com uns modos muito simpáticos.
- Aquele ali.
- É pão de água, qual havia de ser?
- ???? Fiquei a olhar para a senhora, com cara de parva, e só me saiu "a senhora não está bem, pois não?", dei meia volta e fui embora.

Será que isto é uma nova forma de controlo da obesidade? Ser desagradável, antipática, mal-educada, para assim não comermos? Ou será uma forma de controlo de trabalho? Para mim, pelo menos, foi a primeira e última vez que entrei ali.

Não é só a mim que acontecem estas coisas, pois não? Pelo sim, pelo não, vou fazer uma pesquisa na net sobre os vários tipos de pão, farinhas, o seu aspecto, etc, etc, etc, não vá isto virar moda!

domingo, 19 de setembro de 2010

Boa sorte, Paulo Bento!


Em tempo de guerra não se limpam armas. Em tempo de desespero dispara-se para todos os lados. Haja braços suficientes! Desconfio que Gilberto Madaíl deve ser descendente de alguma espécie de polvo e ter uns oito braços, tamanha é a quantidade de asneiras que faz.

Uma selecção nacional tem quantos jogos por ano? Os campeonatos europeu e mundial realizam-se de quatro em quatro anos. Excepto as fases finais desses campeonatos, passam-se meses em que não há um único jogo. O que faz um seleccionador nacional nesses intervalos? Pensando bem, um part-time seria suficiente. Se calhar, valia mais o Mourinho em part-time do que muitos em full-time, mas isso é outra história. Não deixo de achar uma ideia peregrina. Reconheço a originalidade da ideia. Julgo que não deve haver muitas selecções com treinadores em part-time. Apenas acho que estas soluções de tapa-buracos não resultam muito.

Parece que o próximo seleccionador será o Paulo Bento. Desejo-lhe boa sorte. Acho que vai precisar de muita. Vai pegar numa selecção que está na lama, com resultados nesta fase de apuramento que não a deixam numa situação muito confortável, com tanta porcaria em volta da selecção e da SPF, que apenas com muita tranquilidade poderá levar o barco a bom-porto.  

E, enquanto espero por melhores jogos da selecção, vou pegar no meu lindo cachecol verde e treinar o hino do Sporting para cantar mais logo, quando ganharmos ao Benfica!!


sábado, 18 de setembro de 2010

Erros errados e erros certos...


Tenho lido muito sobre erros, sobre errar, aprender com os erros. Decisões erradas, palavras erradas, atitudes erradas, pensamentos errados, escolhas erradas, fazem parte da vida. Todos os cometemos. Não gostamos de o fazer, muitas vezes demoramos a reconhecê-los, mas muitas vezes é errando que descobrimos as palavras certas, as atitudes certas, as decisões certas. Estes erros, que são erros, não me assustam. Quando alguém erra, quantas vezes não dizemos "ninguém é perfeito"? Inúmeras vezes. Ninguém também nos inclui a nós, por isso, de certo modo, errar não é assim tão mau. 

Mas também há os erros que não são erros, chamemos-lhe erros certos ou não-erros-chamados-erros. Estes são um pouco mais complicados. Nem sempre o que fazemos é um erro, mesmo que não obtenhamos o resultado pretendido. Podemos ter feito o que era certo, correu mal, acabou pior e lá vai direitinho para o ficheiro dos erros, com o carimbo especial do nunca mais. Fazemos isto muitas vezes inconscientemente, outras, com total consciência do que fazemos. Naquele momento parece-nos um grande erro. Sofremos por causa dele, do que fizemos, do que dissemos, do que não fizemos e do que não dissemos.  Então, e porque a auto-protecção é uma característica intrínseca  do ser humano, procuramos não o fazer novamente. É assim que, por vezes, características nossas que não eram assim tão más se esfumam. Quanto maior for a mágoa resultante desse erro, maior a protecção que colocamos em volta desse ficheiro. Depois, corrigimos este não-erro-chamado-erro com um erro  bem maior, esse sim um erro verdadeiro. Se reconhecer um erro é muitas vezes difícil, reconhecer este tipo de erro é maior ainda. Não porque não saibamos que é um erro. Mais do que saber, sentimo-lo.  Reconhecer um erro  verdadeiro muitas vezes dá até uma certa tranquilidade, esclarecemos dúvidas e perguntas que nos inquietam. Reconhecer um não-erro-chamado-erro dá angústia, desalento. Parece que, mesmo tentando fazer o que achamos certo, erramos sempre. Quando nos baseamos em pressupostos errados, por mais certos que nos tenham parecido, dificilmente acertaremos qualquer coisa. É preciso coragem para o fazer. Mas, como dizia alguém, "coragem não é ausência de medo, mas o julgamento que algo é mais importante do que o medo". É quando queremos que o nunca mais termine agora.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

By The Way LXXXVIII - If i could...

If I Could...


If i could i would be smoke
And i’d float myself out of here
And i’d go wherever you are
And i’d never have to be too far from here
And i’d linger in your fingers
A transparent shade of gray
And watch as you watch me
Slowly fade away
Into the night
.....................................

Shouldn’t it be that easy
To just be happy for awhile
Get lost in a moment
Wasting time, trading smiles

..................................
I’m just trying to find my way
Between the glitter and the gray
Baby i just want some time with you
And ohh i swear this time i’ll make it through 

.......................................
Shouldn’t it be that easy
To just be happy for awhile
Get lost in a moment
Wasting time, trading smiles

Shouldn’t it be that easy
To just be happy for awhile

......................................................................................


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Resistência...


Por vezes perguntava-se o que procurava, afinal. Chegara à conclusão que procurava o que não existia. O que não existia nela, nem em ninguém, nem  em lado nenhum. Procurava a vida, como  a  desenhara um dia, com as suas próprias mãos e os seus sonhos, num papel branco, liso e brilhante. Um a um, muitos desses sonhos ruiram, como um castelo de cartas. Não fosse tão triste, seria um espectáculo bonito de se ver. Cada carta com uma cor, caindo, arrastando consigo outra, e outra e outra, como uma chuva de mil cores que se misturavam no chão, qual puzzle abandonado. Muitas vezes pensou quando cairia a última carta, a única que teimosamente se mantinha em pé. Sabia bem que carta era aquela. Tinha sido das primeiras que tinha colocado ali, bem na base. Era a capacidade de sonhar. Durante muito tempo, essa carta ficou ali, sozinha, resistindo, sem qualquer amparo, acreditando que os sonhos irreais são tão reais como quem os sonha, como o ar que respiramos, como o sol que nos aquece a alma. 
Há muito tempo que não olhava para o papel onde fizera, um dia, aquele desenho. Tirou aquele pedaço de papel, agora amarelecido, amarrotado, com alguns pedaços em falta, do bolso. Será que a capacidade de sonhar continuava lá? Sorriu ao ver que sim. Apesar de o papel já não ser brilhante, apesar de estar amarrotado, aquela última carta continuava lá. Afinal, sem ela, nenhum sonho pode ser sonhado, nenhum sonho pode ser inventado.  Nenhum sonho pode ser vivido. Não por ela, não por ninguém, nem em lado nenhum.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

By The Way LXXXVII - MUSE, always :)

Nunca, mas nunca, me canso de os ouvir. As músicas são lindas, as letras fantásticas. Não se limitam a fazer letras sem sentido, muitas delas têm mensagens que vale a pena prestar atenção. Matt Belamy faz o que quer com a voz. São simplesmente fantásticos. Esta é uma das (muitas) preferidas. I love MUSE :).


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pessoas que me fazem confusão...


Por vezes é muito difícil explicar por que as pessoas fazem o que fazem ou são como são. Muitas vezes chego à conclusão que não há explicações, muito menos explicações simples. Talvez a vida  seja mesmo demasiado  complicada. Com tantas, tantas pessoas no mundo, cada uma com a sua maneira de pensar e de agir, pretender saber como funciona a sua mente seria impossível. O nosso mundo é consideravelmente mais pequeno. O meu, pelo menos, é, e há alturas em que  gostava que fosse ainda mais pequeno. Não me importava nada de não ter de lidar com certas pessoas. Não me compete a mim julgar. Cada um é como é. Mas tenho o direito de gostar ou não. Assim como os outros têm o mesmo direito em relação a mim. 

Há pessoas que me fazem muita, muita confusão. Mesmo os meus sentimentos em relação a elas são contraditórios, balançando entre a pena, a incredulidade, e a repugnância. São pessoas más. Pessoas que destilam ódio por cada poro do seu corpo. São incapazes, completamente incapazes, de ver alguém bem, feliz, bonito, bem-disposto. Passeiam o seu ódio por cada corredor, cada sala, cada pequeno espaço que ocupem. Lê-se esse ódio nos olhos, ouve-se nas palavras, sente-se nas suas acções. São pessoas amargas, muito amargas. Pergunto-me se em algum momento se sentirão felizes, e chego à conclusão que não. É impossível sê-lo quando só se pensa em como prejudicar os outros, em como lhes roubar a felicidade, a alegria. Como se se pudessem alimentar com a alegria dos outros. Mas nem é isso que acontece. Não se alimentam com a alegria dos outros, alimentam-se com a sua tristeza, com a sua infelicidade. Parecem abutres, esperando o momento certo para desferir o golpe, para aparar o sorriso, para afogar a auto-estima alheia. 

Pergunto-me se isto será determinado genéticamente, se já nascerão assim, não tendo hipótese de lutar contra os genes. Pergunto-me se a vida as fez assim. A vida nem sempre é fácil, ou melhor, raramente é fácil, mas não é fácil para ninguém. É algo tão intrínseco nelas que se calhar é mesmo genético, como a cor dos olhos e do cabelo. "Sou morena,  tenho olhos castanhos, e só estou bem a pôr os outros em baixo". Isto seria muito injusto. É só pintar o cabelo e fica-se ruiva, umas lentes transformam os olhos na cor que se quiser. E o resto, não se pode mudar?  

Acho que é impossível ser feliz assim. Daí o sentimento de pena. Acho que estas pessoas vivem uma vida de constante frustração. São invejosas, têm inveja da felicidade alheia porque não conseguem ser felizes. As únicas culpadas são elas próprias, mas não conseguem ver isso. O seu único objectivo é fazer mal, ofender, criticar, magoar. Pergunto-me se, quando viram costas, já exibem um sorriso de satisfação ou se esperam até estarem sozinhas, longe de outros olhares, para brindarem. Sim, porque brindam sozinhas. São tão amargas que apenas devem beber limonada, não vão correr o risco de adoçar um bocadinho. Tenho cá para mim que podiam pegar nos limões e, em vez de fazerem limonada, podiam fazer um belo gin tónico. O resultado seria, seguramente, melhor.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pessoas especiais...


Por vezes, na vida, encontramos pessoas especiais. Especiais porque não têm nada de especial, excepto serem elas próprias, e isso faz toda a diferença. São pessoas que nos tocam, que se tornam parte da nossa vida, sem as quais as coisas não são iguais. Pessoas que transformam a nossa vida. Pessoas que nos fazem rir. Pessoas que nos fazem acreditar em nós próprios, que as portas existem para serem abertas. Pessoas que conhecem os nossos defeitos mas nos aceitam assim. Pessoas que nos ajudam a melhorar. Pessoas que, quando o nosso mundo está escuro e vazio, nos trazem um pouco de luz. Pessoas a quem queremos abraçar. Pessoas bonitas. Pessoas assim, especiais. Quando encontramos pessoas assim, e essas pessoas são nossas Amigas, o lugar delas é no nosso coração. É onde tu estás. Sempre. Porque a Amizade não se explica, simplesmente acontece, porque a Amizade tem nome, o nome  dos nossos Amigos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Back to Reality!


Não sei quem inventou as férias, mas seja quem for, tem a minha profunda gratidão. Mesmo sendo um pequenino intervalo no meio de semanas e semanas de trabalho e preocupações. A incrível sensação que todos esses problemas podem esperar até regressar. Encostar a cabeça e conseguir "esvaziá-la" nem sempre é fácil, mas pelo menos remeter essas preocupações incómodas para um cantinho da nossa mente enquanto se goza um pouco de sol ou de sombra, se saboreia o conforto da nossa casa connosco lá dentro sem ser de passagem para dormir, se passeia por aquele local que sempre se idealizou conhecer ou se regressa a algum que gostamos particularmente, vale a pena.  

Estamos de férias e, por uns dias, temos tempo para coisas que nos outros dias não temos. Uma gloriosa sensação de abandono da rotina, das horas até. Tenho para mim que gostamos tanto das férias porque as vivemos no presente. Durante o resto do ano, penso que vivemos demasiado tempo a pensar no futuro. Fazemos demasiadas coisas a pensar em amanhã, na próxima semana ou no próximo mês. Como se vivessemos uma vida a prazo, em que esse prazo está sempre um passo à nossa frente, e temos de correr e correr para tentar apanhá-lo. Nas férias não. Disfrutamos cada bocadinho delas, no tempo que decorrem. Vivemos as férias no presente, não ansiando pelo futuro, isto é, pelo seu fim. Mas este chega e é tempo de fazer a mala e voltar. É caso para dizer, Back to Life, back to reality!!

Obrigada a todos pelos votos de boas férias. Algum descanso, muito passeio, e abençoadas crianças que fazem amigos do peito como ninguém. Foi assim que o sr. Prozac voltou, com dois novos amigos que o ocuparam durante grande parte das férias. Com internet à velocidade de um caracol  com artroses, o computador ficou de férias também, pelo que tenho de me  actualizar nos vossos cantinhos. Para todos que regressam ao trabalho agora, coragem! Penso que hoje vou repetir bastantes vezes a resposta à pergunta: já acabaram as férias? :))

sábado, 28 de agosto de 2010

....


Há dias em que os pensamentos se perdem e eu me perco neles, ou com eles, não sei bem. Dias em que tudo dentro de mim grita tão alto que não me consigo ouvir. Dias em que as ideias em desalinho me desalinham todos os pensamentos. Dias em que gostava de ter o poder de fazer o tempo andar para trás e mudar um instante apenas. É engraçado o poder de um instante. Um breve instante. Um momento que não volta mais, que perdemos, que passou. Um momento que nos torna prisioneiros de si próprio. Um momento que deixamos ser condicionado pela razão. Entre a razão e o coração, que vença a razão! O coração é um tonto, impulsivo, cego, surdo aos ensinamentos do passado. De cicatriz em cicatriz ele esquece-se de tudo. Memória de elefante para umas coisas, memória de recém-nascido para outras. Quando bate, não se lembra de mais nada, apenas bate. Como gosto de ti, coração! Mas, porque tento ignorar-te tanto, dando a mão à razão? Se ao menos esta me fizesse feliz!! A razão é dona do conhecimento, sábia e racional. Tem mais do que memória de elefante, tem também o seu peso, o peso de cem elefantes. E é assim que consegue enterrar bem fundo o coração. Cem elefantes pesam muito!

Por vezes penso que sou a pessoa menos amiga de mim própria que conheço. Como se me recusasse a ser completamente feliz, a fazer as coisas bem. Deixar de ser "eu", este "eu" que se resguarda de qualquer sentimento que possa fazer despertar o outro eu, aquele que mandei de férias há muito tempo, que guardei bem no fundo do baú e fechei com um código ultra-secreto, tão secreto que logo me esqueci dele. O "eu" que tem como missão deixar o outro eu num sítio perfeito, seguro, num mundo só meu, que guardo como se fosse um reino intocável. A mente é dona de estranhos caminhos e armadilhas. Armadilhas poderosas que nos mantêm ali. Nada aparece do acaso, e elas também não, mas como explicar aquilo que só nós compreendemos? Tornam-se inúteis as palavras. Não há palavras que possam fazer compreender. Nem as escritas. Escrevo porque preciso de escrever, sem saber o rumo das minhas palavras. Simplesmente escrevo. Escrevo porque há dias em que o coração grita tão alto que não me consigo ouvir. Nem a ti, razão. E nesses dias, em que não te consigo ouvir, fico perdida, perdida nos pensamentos. Nesses dias o "eu" fica contigo e não o ouço também. Nesses dias apetece-me deixá-lo aí, contigo, onde não o ouça mais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Momentos Zen


Há momentos em que, ao apreciar uma paisagem, tudo parece estar no lugar certo. Não mudaríamos um raio de sol, uma gota de chuva, uma erva, uma flor, uma pedra, uma nuvem. Não mudaríamos nada. Absolutamente nada. 

Momentos em que toda essa beleza, essa calma, se transmite a nós próprios, em que nos sentimos em plena comunhão com a natureza. Em plena comunhão connosco. Momentos em que pensamos que não estaríamos melhor em nenhum outro local do mundo. Momentos Zen.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Férias! :)

Sempre gostei muito dos provérbios populares, mas havia dois que me faziam alguma confusão, por serem algo contraditórios: quem espera sempre alcança e quem espera desdespera. Qual deles seria o mais verdadeiro? Acho que descobri que, afinal, não são contraditórios, mas sim complementares: quem espera primeiro desespera e depois alcança! E, sendo assim, cá estão elas, as FÉRIAS! Quando conseguir pôr o sono em dia talvez consiga escrever mais do que duas frases. Estou mais lenta do que a net por aqui. Mas, como o que estou a precisar é mesmo dormir, descansar, dormir e descansar, enquanto abre uma página, tenho tempo para tudo isso. Isto é net à velocidade da luz...de uma vela bem pequenina!

Será que alguém podia explicar ao sr. Prozac o significado das palavras DORMIR e DESCANSAR?

sábado, 14 de agosto de 2010

Preciso urgentemente...

O disco riscou e na minha cabeça só circula uma frase: PRECISO DE FÉRIAS! QUERO FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS! FÉRIAS!

Quanto mais perto estão esses dias de descanso, mais os dias se arrastam. Demoram e demoram a chegar! Preciso urgentemente de férias. Se dúvidas tivesse sobre isto, num instante as perdia porque quando olho para isto:

 Só vejo isto

Olho para  isto

E vejo isto


Ou, nos dias piores, isto

 Estou com alucinações. Estou a delirar. Estou a precisar de FÉRIAS!

By The Way LXXXVI - Anna Ternheim

Hoje Anna Ternheim tomou conta da casa. 

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sentimentos vs Acções


Muitas vezes vivemos como se não tivessemos o poder da escolha. Pensamos saber o resultado de tudo. Pensamos que não vale a pena porque, porque... e por vezes o resto da frase não surge. Encolhemos os ombros e completamos a frase com um encolher de ombros e a resposta porque não vale. Fossemos crianças e não nos contentaríamos com esta resposta. Mas em adultos podemos, porque podemos tudo e nos dá jeito fazê-lo. Obrigamos as crianças a explicar até à exaustão a razão de algumas das suas acções, mas nós não o fazemos, muitas vezes nem perante nós próprios. 

Diz Mário Quintana que não somos culpados pelos nossos sentimentos mas sim pelos nossos actos *. O engraçado é que muitas vezes os nossos sentimentos, os tais pelos quais não somos responsáveis, são bem mais bonitos do que os nossos actos. O sentimento pode ser livre, mesmo quando condicionado, abafado, sufocado, amarfanhado pelos actos. O sentimento vale por si só e é bonito porque surge dentro de nós. Ele não se importa se gostamos ou não, se queremos ou não, não se importa com nada. É um pouco selvagem, o sentimento. Surge sem ser plantado, e muitas vezes cresce sem uma única gota de alimento, mesmo quando nós, com os nossos actos responsáveis, lhe criamos um ambiente pouco propício ao crescimento. Quase me apetecia dizer-lhe que é um chato, um intrometido, um grande teimoso. Quase... Mas como posso chamar-lhe isso se me faz sentir tão bem? Vem perturbar as certezas, decisões e direcções, mas estas parecem-me mais actos. São pensadas e muitas vezes auto-impostas. Não surgem assim, do nada, de um olhar, de um abraço, de um partilhar. De tão pensados, esses actos por vezes são quase automáticos, tipo reflexo condicionado. Quando damos conta estamos transformados em cãezinhos pavlovianos. A mim, acho que só me faltam as orelhas compridas, um focinho alongado, muito pêlo e um faro apurado. 

Sim, as opções são sempre nossas. Sim, somos responsáveis pelos nossos actos. No entanto, tenho cá para mim que por vezes as opções optam sozinhas, seguindo o mesmo circuito de sempre. O problema... O problema são os curto-circuitos.

* "Somos donos dos nossos actos, mas não dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos.
Podemos prometer actos, mas não podemos prometer sentimentos.
Actos são pássaros enjaulados, sentimentos são pássaros em vôo." Mario Quintana

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

By The Way LXXXV


Ficou-me no ouvido...

Real Big World, Nice Little Real World :)


Diz-se muitas vezes que o mundo é pequeno, e por vezes é. Chamamos-lhe coincidências. Achamos-lhes piada, atribuímo-las ao acaso e, caso nos agradem,  nesse dia o acaso é o nosso melhor amigo. Mas por vezes o mundo é grande, bem grande. E a nossa vontade de o tornar mais pequeno, diminuindo distâncias, é maior ainda. Aí, temos duas opções. Ou nos acomodamos na vontade e quem sabe um dia o acaso aparece, vamos adiando e adiando, porque não temos tempo, porque se calhar não vale a pena, porque... porque... encontramos sempre justificações quando nos queremos desculpar a nós próprios por algo que sabemos que devíamos ter feito. Ou então, metemos pé à estrada. Esta opção costuma dar mais resultado, uma vez que por vezes o acaso tira féria prolongadas, sem avisar, ou apenas nos abre o caminho.

Foi o que fizemos, eu, a Invisível e a  Susana,  encurtamos as distâncias e  passamos do virtual para o real. Três mulheres, três histórias , três vivências, três vidas num mundo tão grande como o nosso. Se valeu a pena? Poderia parafrasear uma frase bastante popular e dizer que tudo vale a pena, quando a alma não é pequena. Mas não acredito nesta frase, não acho que tudo valha a pena, mesmo quando a alma é grande. Vale a pena quando depois dizemos ainda bem que fiz isto. É o que digo hoje. Ainda bem que nos encontramos. Ainda bem que vocês são assim, como são, com almas grandes. Ainda bem que vos conheci. Ainda bem que continuam a existir pessoas, como vocês, que valem a pena.

Um abraço grande para as duas! Fico a contar com o próximo :).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Verão ... Azul :))



De vez em quando ainda dou por mim a assobiar esta música. Com o Verão, o corpo e principalmente a cabecinha a clamar por férias, as notas saem sem dificuldade. Na altura morangos só mesmo ao natural ou até com açúcar, mas no prato. Não havia vampiros, play-stations, nintendos, MP3 e muito menos MP4.  Os dias eram passados na brincadeira com os amigos. Tinhamos três meses inteirinhos de férias!! Todas as semanas assistiamos religiosamente aos episódios desta série.

Ao procurar o video no YouTube, encontrei este, onde referem o que aconteceu a estes actores que preencheram alguns dos nossos sábados , ou melhor, de quem tem mais de 30 e poucos anos :).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Conversas Prozac - Independência


Férias são férias, é certo. Mas querer passar o dia inteiro à frente da televisão não me parece um programa muito saudável, principalmente tendo em conta a qualidade dos desenhos animados hoje em dia, em que a violência impera por todo o lado. É só lutas, guerras, monstros cada um mais bonito que o outro.

Mr. Prozac - Quem me dera ser independente!
Mãe - ?? (Isto porque há um limite de tempo para estar à frente de uma televisão). Independência? Isto está bonito, está!

19h - Mãe sentada no sofá a ler.
19.30h - Mãe continua sentada no sofá a ler.
20h - Mãe continua sentada no sofá a ler.
20.30h - Mãe continua sentada no sofá, a achar piada ao anda-para-cá-anda-para-lá dele.

21h - Mamã, hoje não jantamos?
Mãe- Hã?? Filhinho, tu não queres ser independente? Podes ir à cozinha e fazeres a comida que quiseres.
Mr. Prozac - Ohhhhhhhh, mas não é para isso, é só para a televisão.

Ah! Afinal era só independência televisiva! Estou mais descansada! :)

Acho que consegui poupar mil e uma palavras a tentar explicar-lhe o que é independência. Penso que muitas vezes um gesto pode ter muito mais efeito que palavras semi-ouvidas. Sim, porque tal como os adultos as crianças também ouvem e assimilam aquilo que querem assimilar, conforme lhes dá jeito ou não.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sete sapatos sujos - Mia Couto


"Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei "sete sapatos sujos" que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos, mas eu tinha de escolher e sete é um número mágico:

Primeiro sapato: A ideia de que os culpados são sempre os outros.

Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.

Terceiro sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo.

Quarto sapato: A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.

Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.

Sexto sapato: A passividade perante a injustiça.

Sétimo sapato: A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros."

Mia Couto, na abertura do ano lectivo do Instituto Superior de 
Ciências e Tecnologia de Moçambique.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Não aos xumbos nas escolas!

 

Num intendo como num se perxebe o que a ministera da inducaxão dis-se. Eu axo k se perssebe muinto bem. Os xumbos nas escolas num ajudam os alunos. É os cotas a xagarem o juíso, a mandarem trabalhar nas ferias e nas ferias o pipol ker é curtir. Depois pró ano tem de andar cos mesmos cadernos e se forem muintos anos ficasse sem lugar para dezenhar e mandar bilhetes aos amigos. Eu axo que os alunos num devem xumbar nem k num vão à escola se tiverem feito a matricúla. Se não vão é pk num podem ir, dahhh!! Se num estudam também não devem xumbar pk se á liberdade e essas coisas é prá gente as uzar. Se não souber a matéria num faz mal. Paço de ano à mesma pk ou há igualdade ou num á. Decidamce pk assim os joves ficam confundidos. É k nós temos dreitos e num ir há escola e num estudar é um dreito. Bá lá ver, k interessa ler os luziadas? O man já morreu há bués, ainda pra mais escreve esquesito comó caraças XD. K minteressa saber os rios? Num dá pra surfar nem nada nos rios. K minteressa equaxões e raízes cuadradas? Nunca vi nenuma nem cuadrada nem redonda. Dahh! K interssa dar erros ortonográficos? perxebece muinto bem o k escrevo. E depois inda à os setores a xatear k se num estudo xumbo. Num há paxorra pra andar um ano a ouvir isto. Até penso k num era preciso prófs nem escolas. Davam os liveros k o pipol estudava em casa e no fim do ano avia uma grande festa pra celebrar passar pó outro ano. Tão sempre a dizer mal de tudo. Eu tou com a ministera. Xumbar num nos ajuda. Ministera! Ministera! Ministera ao puder!


Saúde e educação seriam dois sectores onde investir em vez de cortar. Remodelar. Melhorar. Mas assim? Que tal ver as razões do insucesso escolar? Que tal dignificar a profissão de quem ensina? Que tal incentivá-los em vez de os desmotivar com burocracias? Que tal dar emprego aos psicólogos no desemprego? Que tal pôr verdadeiramente assistentes sociais no terreno, principalmente nos locais mais problemáticos? Que tal incentivar o estudo acompanhado? Que tal tentar que, quando cumprem, pelo menos, o ensino obrigatório, saibam o mínimo dos mínimos? Que tal rever programas e conteúdos?  Que tal tentar melhorar o nível cultural do País? Muito trabalho?? Talvez sim, talvez não. Mas geralmente bons investimentos, seguros, não dão fruto a curto prazo, demoram mais um pouco, mas resultam. Para onde caminha Portugal? 

 

sábado, 31 de julho de 2010

By The Way LXXXIV - Listen to what I say, nevermind what I did



So listen to what I say, nevermind what I did

Search for nothing at all and you will find all that you need
Love will come your way, faster than a heartbeat
Don't put too much time into it, just follow your feet
You'll find one to keep, just follow your feet.

Sean Riley and The Slowriders - Let them good times roll  
(Sem dúvida, uma das minhas bandas preferidas)


(: (: BOM FIM DE SEMANA :) :)


Mensagens que ficam


Um tema que dominou grande parte das conversas de hoje foi a morte de António Feio. A sua mensagem no trailler do filme Contraluz "Se há coisa que costumo dizer é: Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer", circulou por mails e redes sociais. De António Feio não posso dizer muito. Como todos, habituei-me a vê-lo na televisão, com o seu ar simpático, o seu jeito simples e as suas conversas da treta. Ri-me com algumas das suas piadas e admirei a forma como enfrentou a doença. Sempre que li ou ouvi entrevistas dele, nunca o vi queixar-se, sempre vi esperança, determinação e vontade de vencer. Mesmo nas últimas entrevistas, era o sorriso que o acompanhava. Esta mensagem que deixa, entre outras, não poderia ser mais verdadeira na sua simplicidade.

Apesar de sermos donos da nossa vida, de termos a liberdade de fazer as nossas escolhas, o primeiro grande momoneto da nossa vida, um dos mais determinantes, uma vez que sem ele não existiríamos, é completamente independente da nossa vontade: o momento em que começamos a existir. Excepto para quem acredita nas teorias da reencarnação, em que a vida não é assim tão aleatória, em que somos nós, cada um de nós, que escolhe o momento em que volta a viver, o quando e onde nascer, o momento em que nos é dada vida não tem qualquer influência nossa. A partir desse momento, sabemos que o caminho não tem volta. Nascemos, vivemos, morremos. Este último momento também não depende da nossa vontade, na grande maioria dos casos. Deste ciclo da vida simplificado, apenas o viver dependerá de nós. 

Um dos momentos mais angustiantes que passei com o meu filho aconteceu há algum tempo, tinha ele 5 anos. Um dia, enquanto eu trabalhava em casa, estava ele a ver desenhos animados no sofá. Lilo e Stich. De repente começa a chorar compulsivamente, chorava e chorava sem parar. Bastante tempo depois, quando o consegui acalmar um pouco, sem perceber nada do que se passava, lá me disse porque chorava "não quero morrer e não quero que tu morras nunca". Só não chorei também porque não podia fazê-lo à sua frente. Tinha de o acalmar. Como se explica a morte a uma criança de 5 anos sem a fazer chorar ainda mais?

Apesar de a frase "era tão novo" fazer sentido, porque aos 20 anos é-se mais novo que aos 40, aos 40 mais novo que aos 60 ou 70 ou 100, parece-me que nunca  será tarde, será sempre cedo. Que a vida é uma passagem, todos sabemos. Que a morte não é um tema agradável, também. O modo como vivemos essa vida, cada um sabe também. Isto é tudo o que temos, estes momentos que passamos aqui, por este mundo.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vamos...


 Vamos...

inventar o dia,
respirar alegria,
semear sorrisos,
alcançar os sonhos,
abraçar os amigos,
agradecer o que temos,
pintar o mundo com as cores que quisermos,
enfeitar o coração, 
escrever poemas de amor,
descobrir as coisas belas da vida,
cantar,
dançar,
saltar,
lembrar como é bom respirar, bem fundo, lá fora, 
agradecer o que temos,
aproveitar o tempo, 
VIVER!


BOM DIA!! :))