segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Conversas Prozac I

Quando digo que o meu filho é o meu Prozac, é a maior verdade que digo. Tem uma imaginação prodigiosa e lembra-se de coisas que não lembram a ninguém. Às vezes tenho de me zangar com ele. Mas, na verdade, ele é capaz de me fazer rir em qualquer altura.


Hoje foi um dia cheio... de trabalho. Pôr o trabalho em ordem depois das férias está a ser um filme de terror... Saí tarde, muito tarde. Cansada. Com a cabeça em água. Humor lá em baixo.

21.30h: Fui buscar o meu Prozac. Salto para o colo e um abraço de partir as costelas começaram imediatamente a melhorar o meu humor.

21.45h: Instalado no carro para irmos para casa.


P.- Mamãã...

Eu- Diz, P.

P.- Onde vais?

Eu. (a procurar a chave do carro que ainda agora mesmo estava na minha mão e desapareceu) - Hã?

P.- Onde vais, assim tão bonita?*

Eu.- A mãe vem de trabalhar, P. Vamos para casa.

P.- Pensava que ias assim tão bonita para um jantar romântico**.

Eu.- :))))))))))))


Fomos então os dois, não a um sítio muito romântico, é certo, mas comer uma coisa que eu adoro. Para ele foi a sobremesa. Para mim foi o jantar.***

* Para os filhos, a mãe é sempre bonita.
** Imaginação não lhe falta!
***Eu sei que não é jantar, principalmente quando se almoçou uma sandosca, mas foi só hoje ;)

Sometimes




Às vezes os sorrisos aparecem sem motivo,
Às vezes mesmo com motivo eles desaparecem,
Como se os tivessem roubado.

Às vezes as minhas pernas dão passos firmes,
Às vezes tropeçam e eu caio,
Como se alguém as tivesse roubado.

Às vezes o brilho da lua dança nos meus olhos,
Às vezes nem o brilho da estrela mais brilhante os aquece,
Como se alguém o quisesse roubar.

Às vezes as minhas mãos dançam como borboletas,
Às vezes ficam quietas, entorpecidas,
Como se alguém as quisesse roubar.

Às vezes o meu coração canta, mesmo sem música,
Às vezes chora, mesmo com a música mais bela,
Como se alguém o quisesse roubar.

Às vezes os meus dias são cheios de cores,
Às vezes os meus dias perdem toda a cor,
Como se alguém a quisesse roubar.


Tenho centenas de lápis de cor,
Todas as cores do arco-íris lá estão,
Empresto, dou, a quem quiser pintar a vida,
Mas, por favor, não tentem riscar a minha...

Praia e Cabeleireiros II


A praia é uma das melhores amigas dos cabeleireiros. Por mais cuidados que se tenha, protector, máscara, chapéuzinho, etc, fica sempre mal tratado (pelo menos o meu fica).


Pois bem, lá deixei eu o resto do trabalhinho para fazer no dia seguinte e abalei para passar a tarde na praia, aproveitar o sol que já não deve durar muito, e estar um bocado sossegada.

Como em todos os lados, há praias mais e menos concorridas por aqui. Uma questão de moda (tal como os cabeleireiros). Apetecia-me mesmo sossego, por isso, escolhi a praia onde nunca está ninguém conhecido (a minha). Errado. Poucos passos tinha andado na areia quando ouço "Olá....". Mais uns passos "Olá....". Mais uns "Olá....". Não, não era uma promoção de gelados. Eram mesmo pessoas conhecidas. Ainda pensei em voltar atrás e ver se me tinha enganado na praia, mas não. Até aqui tudo bem.

Os cabeleireiros, além de por vezes exibirem penteados menos , digamos, convencionais, sempre foram famosos por duas coisas: pôr a leitura das revistas cor-de-rosa em dia, e coscuvilhar. Revistas e cusquices. O que encontramos na praia? Penteados engraçados (incluindo o meu, a tentar domar este cabelinho que me deram), leitura de revistas, cusquices e mais cusquices.

Não, não sou perfeita e também gosto de saber das coisas. Mas tudo tem limites. Preferia ouvir o mar ou a minha música (prevenida: nunca sabemos quem vai estar por lá e seus gostos musicais, por isso, o melhor é levar musiquinha para ouvir só eu).

Mas o que não gosto mesmo é ser a última a saber as coisas, principalmente novidades que dizem respeito à minha pessoa e que nem eu sei!!! Devo andar mesmo distraída. "Então, grandes novidades!, blá blá blá...". Há coisas incríveis, não há? Há pessoas fantásticas, que não têm o mínimo que fazer a não ser falar dos outros, inventar, dizer mal. Mas têm tanto de fantásticas como de pouco inteligentes. Palavra puxa palavra e consegue-se chegar à origem de tal novidade, a quem tem uma imaginação tão fértil, mas tão fértil que faz inveja a qualquer realizador de cinema. Sem grande surpresa minha, é sempre a mesma. Começo a ficar um pouco farta de ser alvo de tanta atenção. Podia fazer um favor a nós duas: Get a life!! E, se não for muito trabalho, Get a brain, too.

sábado, 29 de agosto de 2009

Praias e cabeleireiros



Esqueci-me do tapa-vento e do remédio para o reumático, que me doem os ossos todos, todinhos, de água tão geladinha, mas descobri uma coisa muito interessante:


As praias são muito piores que os cabeleireiros, mas muito, muito piores.

Depois explico a minha teoria, porque estou com uma neura daquelas e já devia estar para onde vou e ainda aqui estou.

Porque hoje é sábado, porque parece Verão...

Dúvidas... Indecisões... Felizmente algumas são fáceis fáceis de decidir!



VS



Fácil, fácil!!

Vou só buscar a toalha e o protector.

Que nice!



E eu estou muito, mas muito mais descansada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Gostos ...

Fica o desafio, by Dry-Martini. Gosto de desafios... mas não vou gostar de me esquecer de algumas coisas que gosto.


Gosto de martini bianco bem fresquinho, gosto de mimar o meu filho, gosto de abraçar a minha família, gosto dos meus amigos, gosto de dançar, gosto de pintar, gosto de escrever, gosto de livros e de filmes que me fazem pensar, gosto do som do piano, gosto de rir, gosto que riam comigo, gosto de falar, gosto de liberdade, gosto do cheiro da terra depois da chuva no Verão, gosto das cores do Outono, gosto de poesia, gosto do mar, do calor e da praia, gosto de andar descalça, gosto de sandálias, gosto de vestidos bonitos, gosto de calças de ganga, gosto do toque da seda, gosto do conforto do algodão, gosto de campos de flores, gosto de dar prendas, gosto de receber prendas, gosto de fotografia, gosto de tremoços, gosto de gelados, gosto de massas, gosto de velocidade, gosto de café sem açúcar, gosto de correr, gosto de receber um telefonema ou uma mensagem inesperada, gosto de mãos, gosto de sorrisos, gosto de cães, gosto de viajar, gosto de aprender, gosto de entender, gosto de pessoas simples, gosto de pessoas interessantes, gosto de pessoas que assumem as suas ideias e convicções, gosto do vermelho, gosto do branco e do azul-claro, gosto de cerejas, gosto de maçãs e de uvas, gosto de batatas fritas, gosto de receber flores, gosto do cheiro da pele depois do banho, gosto de momentos que ficam gravados no meu coração, gosto de mim, gosto de quadros, gosto de surpresas, gosto de bolo de chocolate, gosto de tarte de maçã quente com gelado, gosto da verdade, gosto do riso das crianças, gosto dos abraços do meu filho, gosto de mimos, gosto de beijos, gosto de desafios, gosto de estar sozinha, gosto de estar acompanhada, gosto de olhos castanhos, gosto de perfumes, gosto que me surpreendam, gosto de estar viva, gosto de viver, gosto de gostar...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Bad Thoughts

Há pessoas de quem se gosta e de quem não se gosta. As "figuras públicas", principalmente quando se esforçam para o ser, sabem (digo eu) que vão ter pessoas que gostam delas e outras que não.

Hoje estou numa onda de má língua...


Não gosto da Luciana Abreu. Acho demasiado "floribelado" tanto ar de santinha. Acho que respira hipocrisia e futilidade por todos os poros.

Acho, também, que descobri a razão para o seu romance com o Djaló. Agora, que a rapariga tem de ir assistir aos jogos do seu amado, já não vai precisar de se esforçar para fazer cara de sofredora.


Esta onda passa já!! Vou tomar um cafézinho.


Acho - quer dizer que eu acho, não quer dizer que seja.

Things to Do VII - Dar uma prenda à BRISA


Como o exame de código já foi feito há uns anos, e a escola primária ainda há mais, para não dizer asneiras, achei melhor ir confirmar se a minha definição de autoestrada estava correcta. Não andava muito longe da verdade.

Autoestrada - auto-estrada ou autoestrada (novo acordo ortográfico) é uma via de comunicação destinada apenas a tráfego motorizado, dotada de duas vias (pelo menos) em cada sentido, separadas por elementos físicos, com cruzamentos desnivelados e ... etc etc... Assim, as autoestradas não devem ser confundidas com vias expressas, com vias rápidas nem com sistemas rodoviários nacionais. Nem com vias de trânsito, nem com estradas, nem com bermas - digo eu.
.... Normalmente, possuem portagem, sendo concessionadas a uma empresa que as explora comercialmente e conserva....


Berma - superfície da via pública não especialmente destinada ao trânsito de veículos e que ladeia a faixa de rodagem;

Via de trânsito - zona longitudinal da faixa de rodagem destinada à circulação de uma única fila de veículos;


Por ter uma leve ideia destas definições é que fiquei com tantas dúvidas hoje. Porque é que, tendo eu de andar a passo de caracol na berma ou numa via de trânsito (não numa auto-estrada), por uma extensão de 30 Km, desde que entro até que saio da dita pseudo-autoestrada, tenho de pagar portagem?

Só vai pela auto-estrada quem quer, há muitas estradas nacionais para percorrer. Verdade verdadinha. Só é pena que os avisos de obras apareçam depois da portagem e não antes.

Quando encontrar um dicionário daqueles bem baratinhos - porque acho que preciso mais do dinheiro do que eles - vou comprá-lo, fazer um lindo embrulho e enviá-lo à Brisa. E antes do Natal!


Sim, porque reclamar na Brisa não adianta nada. Digo-o, porque sei. Só serve para se ficar mais irritado. Não é pelo dinheiro, não é muito. Mas há coisas que são demais. E o que é demais é abuso. Além disso, estas obras geralmente têm pilhas Duracell. E há em dias em que nos (me) apetece irritar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O amor é LINDO!

O amor é lindo. Embora lhe tenha já chamado todos os nomes feios que conheço e mais alguns, tenho de admitir. É lindo.

O J. é um dos meus melhores amigos. Conheço-o há mais de dez anos e entre nós há uma grande amizade. Juntamente com mais alguns, acho que são daqueles amigos para a vida. Está sempre lá quando preciso dele, e quando não preciso também.`Muitas vezes nem precisamos de palavras, basta olhar para saber se o outro está bem, mesmo que tente disfarçar. Têm para comigo uma atitude "protectora" que, apesar de às vezes abusarem, me faz sentir bem. Porque sei que gostam de mim e se preocupam. Tal como eu para com eles.
A maior prova de amizade do J. foi, num percurso TT, ter-me deixado conduzir o jipinho adorado dele sem me chatear muito... acho que para um homem isto é uma prova de amizade a sério!! :))

O J. é umas das melhores pessoas que conheço. Tenho com ele conversas fantásticas. Como ele diz, às vezes parecemos dois "gajos" ou duas "gajas". Uma amizade bonita. Aprendemos um com o outro. Concordamos numas coisas, discordamos noutras. Num ponto não concordamos nunca. O J. não acreditava no amor. Que se pudesse amar alguém mais de dois ou três dias. Já perdi a conta às "namoradas" que lhe conheci, mais as que não conheci. Para ele, tudo não passava de histórias da carochinha. Disse-lhe muitas vezes "um dia ainda me vou rir, rir muito, quando te apaixonares a sério por alguém".

E hoje estou mesmo, mesmo a rir. Porque o J. caiu. E de que maneira! Ahhh!! O amor é lindo! E eu estou a adorar isto.

Conheci a B. num jantar do nosso grupo de amigos. Nenhum de nós conhecia a B. Eu acho que é muito desconfortável aparecer assim no meio de um grupo de pessoas que se conhece há tanto tempo, que já tem as suas conversas, as suas piadas, o seu ritmo. Cair assim de pára-quedas não é fácil. Tento pôr as pessoas à vontade. Desta vez esmerei-me, confesso, ao ver os olhinhos de carneiro mal morto do J. E como me diverti!!

Quando, no fim do jantar, ele me perguntou "o que achaste dela, é simpática não é?"* em vez do habitual "é bonita, não é?" ou "é boa, não é?", já comecei a sorrir e a pensar "estás feito, ainda não sabes, mas estás, ahah."

E está mesmo. Está perdido de amores. E eu estou a divertir-me imenso a ver a luta dele a tentar convencer-se do contrário. Ai se estou! Porque sei que ele não vai ganhar esta luta. Porque ele não vê o brilhozinho nos olhos dele quando fala dela, nem como as suas feições se suavizam com aquele sorriso que o amor nos desenha nos lábios quando falamos de quem amamos. Porque eu conheço aqueles olhos e eles nunca brilharam assim. Ficam mesmo bem assim! Porque quando me diz "não estás bem, tu" quando lhe digo "estás aappaaiixxoonnaaddoo", o faz sem convicção nenhuma e com cara de... apaixonado.

E desde há uns dias, sempre que estou com ele começo a cantar Love is in the air, lalalalala. Ele faz de conta que se chateia....

E eu rio-me a valer!
Rio-me porque eu tinha razão... mas principalmente sorrio porque é muito bom amar e ser amado, porque o J. é uma pessoa fantástica que ainda não tinha encontrado alguém de quem gostasse realmente, porque ele tem muito para dar, porque ele merece ser feliz. Porque a B. também só tem olhos para ele. Lindo!



* Achei-a mesmo simpática. Uma querida. Bonita, simples, sem salamaleques, sabe o que diz. Gostei mesmo da B.

Posso? Por favor?

É muito mau dizer QUERO FÉRIAS OUTRA VEZ, POR FAVOR?

By The Way IV

Há muito tempo que não há música por aqui.

Porque é Verão, porque apetece dançar, porque até gosto da letra, porque esta pergunta até me anda à voltas nesta cabecinha (que um dia ainda corto e deito fora) cá vai... I don't know why...





Never happy, not satisfied
Always complains for nothing
Hopes and dreams are fading away
It's not hard to figure it out
There's no doubt, you'll find a way
Live the moment, each and every day

I don't know why
I can not see the beauty in front of me
I can not...
I don't know why
I can't see the beauty in front of me

Always thinking it’s not enough
Maybe it’s time to fight for it
Days and years are going so fast
We run set we’re full of regrets
Why keep on blaming someone else?
Love and luck are turning their back

Now I see here
It's always been there
People like their simple things
Live the moment, each and every day

Iiiiiiii................

Is it there? Is it right there?
Right in front of you
This is what you've been looking for
For a long, long time
Make it real, make it right now
You've got to live it now

Iiiiiii.......................

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Boa Oferta!!

Quem diz que tenho pouco valor? Hã??

Comentou-se a proposta de casamento de Godwin Chepkurgor a Chelsea Clinton.

God(-)win (na minha modesta opinião um nome poderoso), um queniano de 39 anos, ofereceu 40 cabras e 20 vacas pela mão de Chelsea Clinton. Fez esta oferta à mãe da pequena, secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Diz estar apaixonado e, tendo em conta que há nove anos, durante uma visita de Bill Clinton a África tinha já feito a mesma proposta, acredito que seja amor mesmo. Nove anos é muito tempo!

Hillary terá respondido, com diplomacia, "a decisão pertence a Chelsea. É uma jovem muito independente e dar-lhe-ei conta da simpática oferta". Protocolo e diplomacia a quanto obrigam! Imagino-a mesmo a sacar imediatamente do telemóvel e a telefonar à filha "Não imaginas quem te pediu em casamento, o Godwin, aqui do Quénia! Ofereceu-nos 40 cabras e 20 vacas. Não é extraordinário?"

Até acho que a proposta não é má, se pensarmos um pouco. Com 40 cabras já se consegue abrir uma pequena queijaria. Fazem-se uns queijinhos de cabra e, com o dinheiro que sobra depois de pagar licenças e veterinário, pode-se comprar 2 ou 3 bodes, o que aumentará o número de cabras e bodes significativamente. Ao fim de uns anos, a pequena queijaria já se transformou numa pequena empresa, depois uma grande empresa e, finalmente, uma rede de franchising. O mesmo se passa com as vacas. Com 20 vaquitas, vende-se o leite, a manteiga, podem fazer-se iogurtes, gelados, manteiga. Além disso, ainda se pode vender a carne, ao mesmo tempo que supre as necessidades alimentares da família. Ao fim de uns anos, faz-se concorrência ao McDonalds.
Tem de se pensar no futuro, e no rendimento da proposta a médio prazo. Não me parece mesmo nada má.

Godwin mora em Nakuru, a noroeste de Nairobi. Estou mesmo a ver a Chelsea a dizer "vou de férias a Nakuru". O nome até dava para ilha das Caraíbas. Por aqui também não há problema. Comercializa equipamentos informáticos, o que dá sempre jeito em qualquer País. Mau mesmo só o facto dele ser casado. A poligamia é autorizada no Quénia, mas o casório teria de ser lá. Ainda queria ver os paparazzi todos vestidos de cores garridas para passarem por convidados. Segundo o interessado, a esposa não se opõe ao segundo casamento. Até deve achar muito bem, sempre deve ir mais vezes aos States fazer compras.

Garanto que ia ser o casamento do ano!

The only one way out

Sou a amiga que os amigos procuram para desabafar, porque sabem que digo o que penso, independentemente de lhes agradar ou não. Porque, dizem eles, sou uma pessoa sensata. E até acho que sou, geralmente. Então, onde está essa sensatez para comigo? Porque é que, mesmo vendo que tenho de mudar, que não posso continuar assim, não consigo? Por mais que a minha cabeça racionalize, por mais que diga a mim própria que só me faz mal, por mais que diga que vou fechar esta gaveta e não a abrir mais, porque é que não o faço? Tento e tento fechar a gaveta e ela teima em abrir-se, sem eu querer. Mesmo sabendo que essa gaveta aberta impede que outras gavetas se abram. Como se estivesse dentro de uma caixa, sabendo que ela me impede os movimentos e sem conseguir sair. Como naquele espaço entre as carruagens, às voltas, sem conseguir fechar definitivamente a porta e avançar. Começo a ficar zangada comigo.

Apesar de, às vezes, juntar coisas sem utilidade, guardar coisas, ou porque me lembram algo, ou porque acho que podem ser úteis um dia, de vez em quando faço uma limpeza e deito fora as coisas inúteis, que só servem para ocupar espaço. Outras vou guardando sempre, mas porque me fazem bem, porque me lembram coisas boas. Dentro de mim, faço o mesmo. Não tenho o hábito de guardar ressentimentos, raivas, tristezas. Limpeza geral. Isto de ter a boca mais rápida do que o cérebro não tem só desvantagens, também tem vantagens. Uma delas é ter de dizer o que penso, em vez de ficar a cozinhar pensamentos negativos, dê no que der. Guardar sentimentos que nos fazem mal, sentimentos inúteis, é acorrentar a vida. Mesmo quando o sentimento é bom. E é isso que tu és. Um sentimento inútil. Vendo bem, um sentimento inútil que deveria já ter perdido a cor, o brilho, o encanto. Que já não devia ocupar o espaço que ocupa. Que deveria deixar espaço para sentimentos novos e melhores, que não consigo ter por causa desse sentimento inútil. Por isso vou pegar nessa inutilidade e atirá-la para bem longe. Vai doer. De qualquer forma, já dói. É melhor que doa tudo de uma vez do que aos poucos. Queria ser capaz de te ver sem a cor e o brilho com que eu te pintei. A culpa não é tua, é minha. Por isso estou tão zangada comigo. Às vezes deixar de pensar não chega para esquecer. Mas é um passo, e qualquer caminhada começa com um passo.


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. Se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

domingo, 23 de agosto de 2009

Uma questão de (in)sensibilidade

Acho que há coisas que não se fazem. Ponto final parágrafo, sem continuação.


A minha pergunta é simples: Afinal o Mundial de Berlim é de atletismo ou é o concurso miss atletismo? É que eu sempre gostei das provas de atletismo, mas os concursos de misses, misters e afins dispenso. Acho muito triste o que fizeram a Caster Semenya. Um amigo meu disse-me que eu ainda vou ter de engolir o que disse, porque vão descobrir que afinal ela é ele. Não entendo como se chega a essas dúvidas numa final de um campeonato mundial. Será que se ela ficasse em último também iam surgir as mesmas dúvidas??? Duvido.

Deixou as outras uns bons, muitos e bons passos atrás não deixou? Era uma prova de atletismo não era? O objectivo era correr mais depressa que os outros, não era? O objectivo era ganhar, não era? Então, ela concretizou tudo isto, não foi? No regulamento vem escrito que tem de se ser bonito? Não, pois não? Então, qual é o problema? Ela ser melhor? Sinceramente, irrita-me humilharem assim as pessoas. Deve ser uma das campeãs mais desvalorizadas de sempre. Aquela volta dela com a bandeira foi uma tristeza. Inclusivamente, estavam mais interessados em filmar a loira que não sabia em que lugar tinha ficado do que quem ganhou. Pelo menos Caster sabia que lugar lhe estava reservado no pódio. Ninguém cruzou a meta à sua frente.

Caster tem 18 anos. O que fará isto à cabeça de uma miúda de 18 anos? Ver assim a sua identidade exposta, questionada? Nas capas de revistas e jornais, nos blocos noticiosos, nas bocas de todo o mundo?

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF) tinha acabado com estes testes. Voltam agora, com Caster. Nick Davies, porta-voz da IAAF disse que "É uma questão do foro clínico, não se trata de fazer batota ou não. Além disso, temos de ter alguma sensibilidade, pois trata-se de um ser humano que nasceu mulher, cresceu sendo mulher e agora vê a sua identidade sexual questionada". Valha-nos isso. Há que ter alguma sensibilidade! Sensibilidade??? Onde é que ela está??? Se realmente tinham tantas dúvidas, não podiam fazer isso confidencialmente, sem a comunicação social saber?? Sem humilhar publicamente a atleta??

O fundamento para estas dúvidas não será a inveja das outras concorrentes? "Tem tudo para ser um homem", disse Marta Domínguez, que ganhou a medalha de ouro nos 3 mil metros obstáculos.

Deixa lá que também és muito linda!!! - Desculpem, mas isto irrita-me de uma maneira!!!

E Caster ponderou rejeitar a medalha. Não rejeites, Caster. É tua. Treinaste para isso, mereceste! Elas que mexam as perninhas se querem ganhar!

Só gostava de saber se, quando saírem os resultados e se confirmar que afinal ela é ela, se também lhe pedirão desculpa publicamente. Se o sr. Nick Davies fará então uso de toda a sensibilidade para o fazer!

Como disse o J., posso estar enganada. Mas, mesmo que se trate de um caso de intersexualidade, continuo a achar que deviam ter feito isto em privado. Afinal, além da atleta, é um ser humano que está ali, que veria toda a sua vida transformada, que teria de tomar sérias decisões, sem o mundo inteiro com os olhos postos nela, não por ser uma campeã, mas por ser diferente.

Que me desculpem as ateletazinhas que se indignam tanto por a rapariga não ser um exemplo de beleza ou ter traços masculinos... será que fazem estes testes a todas as atletas de halterofilismo ou do lançamento do martelo, por exemplo? Também não têm propriamente uns corpos muito femininos!

Faz-me lembrar um filme cujo nome já não me lembro em que um espertinho perguntou à personagem interpretada por Grace Jones "alguma vez te confundiram com um homem?" Ao que ela respondeu "Não, e a ti?"

Espero que Caster tenha também uma resposta à altura!

sábado, 22 de agosto de 2009

Finito



Acabaram as férias. De volta ao Norte há dois dias... Posso ir outra vez????

Vou ter de pôr ordem nisto. Ainda agora voltei de férias, e já me apetece fugir. Ainda bem que respirar não ocupa tempo, senão ia ser o bom e o bonito!!!

Vou fugir este fim de semana... Out of reach!! Ainda bem que não tenho GPS incorporado!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Desafio



A Mimanora ofereceu-me esta frescura.
Obrigada!

O único problema é eu não fazer a mínima ideia como isto funciona. Vou tentar seguir as regras e não fazer muita asneira.



As regras:

1º Mencionar quem ofereceu - feito


2º Oferecer a oito pessoas - difícil, mas vou tentar.


À Soraia, porque Um dia de cada vez é uma lufada de ar fresco.

Ao E..., porque as suas Palavras são sábias e não são apenas palavras.

À Pepita, porque tem o Queque de chocolate mais saboroso do País.

Ao Bagaço Amarelo, porque, embora Não compreenda as mulheres, já me ri até às lágrimas com as suas conversas, assim como comecei a dar outro significado a pensamentos catatónicos.

À Miss Glitering, porque gosto mesmo do encontro naquele blog, a qualquer hora.

Ao Anterus, pela sua escrita irreverente.

Ao Intruso, porque gosta tanto do CR como eu, conhece os melhores taxistas do País, e sou fã do Pepe.

Ao Dry-Martini, porque é um dos blogs que acompanho desde sempre, porque escreve verdadeiramente bem.

Regras são regras, e já estão oito. Muitos outros blogs fazem parte dos meus lugares preferidos. Apesar de não estarem nestes oito, não posso deixar de falar de três.

Mimanora. Não sei se poderia oferecer a quem me ofereceu, não está nas regras, mas acho que não. Um dos primeiros blogs que visitei e não mais larguei. Como me revi em tantas palavras ditas ali, como me ri com outras! Foi também a a primeira pessoa a deixar um comentário nesta casinha.

CybeRider. Sem palavras para o descrever. Fantástico. Faz-me pensar. Cada texto um desafio. Escreve como ninguém. Alguém em quem penso como um amigo. Também um dos primeiros a visitar esta modesta casa. Não está nos oito por dois motivos. Porque não gosta destes desafios, e porque tenho a certeza que o Gemini lho ofereceu. Cybe, subestimas o teu valor. Estes mimos (eu chamo-lhes mimos e não prémios), quando são oferecidos são isso mesmo, uma pequena homenagem, como quando oferecemos uma lembrança no mundo real.

Gemini. A Mimanora antecipou-se e ofereceu-lhe também, em primeira mão, como ele merece. Estaria no topo da minha "lista", mas teria de oferecer a mais oito e desconfio que não faria mais nada, porque estaria sempre a receber mais um. Porque é único. Escreve com a alma, escreve com o coração, com um coração como existem poucos. Alguns dos seus textos já li vezes sem fim. A primeira vez que li I blog you please, fiquei colada ao ecran do computador a pensar como é possível sentir assim... como é bom existirem pessoas assim. Obrigada, Gemini. Agora fica um desafio para mim. Descobrir como se fazem estes mimos e fazer um para ti :).

E já me esquecia. Regra nº 3 - avisar os premiados. Lá vou eu.

Desde que vim de férias ainda não tive um segundo de sossego, ainda não consegui pôr em dia o trabalho para ter algum tempo para mim, para nada. Este post ando a escrevê-lo há séculos! Das duas uma, ou ponho ordem nisto, ou vou de férias outra vez!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vila Lisa: último dia

A acabar as férias, nada como acabar em beleza, levando comigo a promessa de cá voltar. Este ano isto estava difícil. Ao fim de algum tempo, acabamos por nos fartar de visitar os mesmos lugares, comer nos mesmos sítios, ou se não são os mesmos sítios assim o parecem. Sempre a mesma coisa. Mas fiz as pazes com o Algarve nos últimos dias.

Ouvi falar de um restaurante, para os lados da Mexilhoeira Grande, perto de Lagos. Deve ser interessante, pensei. Confirmadíssimo. Tanto, que não posso deixar de pôr na lista de visitas obrigatórias no Algarve: Adega Vila Lisa, quase passando despercebido na rua. Não tem reclame na porta nem sequer o nome escrito, mas por aqueles lados, toda a gente sabe onde fica. Apenas uma porta entreaberta e uma janelinha amarela, essencial para identificar o local.



Ao entrar, somos invadidos por um ambiente rústico que contrasta de forma fantástica com a arte contemporânea que cobre todas as paredes, quadros lindos, pintados por José Vila, um dos donos do restaurante. Uma sala pequena, numa casa tipicamente algarvia, com o tecto em vigas de madeira, em que as mesas individuais não existem. Duas mesas corridas de madeira, bancos, também corridos, que acompanham o comprimento das mesas. Quem chega, senta-se ao lado dos que já lá estão, e de imediato começa a chegar a comida... uma verdadeira homenagem à gastronomia algarvia.

Desde os pratos, aos copos, aos talhares, tudo nos transporta no tempo. Não há ementa. Não se sabe o que se vai comer, apenas uma certeza: não há grelhados, apenas comidinha do tacho ou do forno, feita com o rigor de sempre e em que a tradição impera. Tradição que José Vila apreendeu da mãe, cozinheira de mão cheia. A comida vai chegando, os pratos vão-se sucedendo. Convém levar muita fome e uns estômagos sobresselentes. Bebidas, apenas água e vinho, servido em jarrinhas que rapidamente se esvaziam. As sobremesas geralmente são fixas, incluindo os queijinhos de figo, acompanhados por aguardente de medronho, para quem gostar. O café é de cafeteira, servido em copos, e à descrição.



José Vila, senhor de idade indeterminada, vestido de branco, de havaiana branca, a condizer com o cabelo e a barba, é uma figura carismática, a lembrar o capitão Iglo. Cozinheiro, pintor, erudito, simpático, assim como o resto do pessoal da casa, com sorrisos nos rostos, coisa rara por estes lados.


Da arte que cobre as paredes do restaurante só posso dizer que adorei. Por mim trazia os quadros todos para casa. Mas, na verdade, comi tanto que não conseguia transportar mais nada a não ser a minha pessoa.

















Gostei, gostei muito. Um restaurante diferente, uma noite diferente, a repetir, sem dúvida.




terça-feira, 18 de agosto de 2009

Parabéns, Nelson!

Parabéns Nelson! Não ficamos em primeiro, mas defendeu com dignidade o seu título. Medalha de Prata nos Mundiais. A primeira medalha para Portugal. Para mim, continua a ser o melhor. Principalmente se tivermos em conta o apoio dado aos desportistas no nosso país, excepto se forem ligados ao futebol.

Ainda bem que vai estar no pódio, e embelezar o dito, porque o senhor que ficou em primeiro, desculpem, mas tem um ar de g** de primeira. Pronto, tenho mau perder! Mas que ele é horrível, é! Cabelo cor-de-rosa??? Por favor!! Ao menos o Nelson é Lindo! Muito Lindo!

Voa, Nelson!


Aqui estamos nós, a fazer gazeta ao sol, a roer as unhas, a torcer pelo Nelson Évora nas finais do triplo salto. Porque somos fãs do Nelson, porque é um atleta ao melhor nível, porque nos enche de orgulho vê-lo saltar com as cores de Portugal (ao contrário do que acontece com outros supostos grandes atletas que têm mais mania do que outra coisa). Estamos em segundo, com 17.54m. O inglês dos piercings (piercing na sobrancelha, no lábio, na língua, um horror; tomara que tenha piercings nos dedos dos pés que fiquem presos ao chão!) saltou mais, 17,74m. Nada está perdido! Força, Nelson!

Ainda faltam três rondas! Vou dar uma corridinha lá fora porque estou a começar a ficar nervosa, embora ache que ele vai ganhar. Porque ele merece!

VOA, NELSON!!! Nós acreditamos! Tu consegues!

Por qué no te callas?

Boa pergunta! Porque no me callo?? Boas intenções não chegam! Há gente com um feitiozinho de fugir, ai há há!

Ia eu sossegadinha tomar um café depois do almoço quando passa por mim um casal. Ele empurrando um carrinho de bebé. Ela ao lado, com uma linda túnica verde, só que vestida do avesso. Eu, que não tenho mais o que fazer, decido ir ter com a senhora e dizer-lhe que tinha a roupa ao contrário. O que não é nada demais, principalmente quando se tem um bebé pequeno, não se tem horas e, em tempo de praia, vale quase tudo. A mim já me aconteceu sair de casa com um sapato castanho e outro preto e só dar conta quando cheguei ao trabalho.

Então, a dita senhora volta-se para o senhor, que empurrava o carrinho com um sorriso no rosto, e desata a insultá-lo, porque, entre outras coisas, não repara nela!! Fiquei a olhar para eles feita parva, e quando finalmente consegui fechar a boca, continuei o meu caminho. Obrigada a mim! Mais valia tê-los deixado continuar o seu passeio alegremente, exibindo as suas etiquetas de made in Indonesia, lavar a 30º, não usar lixívia. Ou talvez devesse usar alguma para clarear as maneiras e o humor!

Por qué no te callas? Hãããã????

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vale a pena ver - Mundo de Areia

Mais dois dias e acabam as férias por terras algarvias. Todos os anos prometo a mim própria que vou descansar, e todos os anos chego à véspera de ir embora com a sensação que preciso de férias para descansar das férias. Desde há alguns anos que venho com o mesmo grupo de amigos passar estes dias no Sul. Somos 11, no total. Se por um lado é divertimento certo, às vezes é um pouco cansativo. Mas a parte da diversão compensa. Principalmente os jantares noite fora e as conversas, que rendem sempre horas e horas. Alguns temas dariam uns belos posts!
Este ano não sei como não me cresceram barbatanas e não comecei a respirar por guelras (as escamas dispenso ;)), porque o calor é tanto, tanto, que não se aguenta mais do que cinco minutos fora de água.

Mas o Algarve já é sobejamente conhecido pela praia e pelo mar, por isso, deixo aqui uma sugestão para quem passar por aqui. Eu adorei. É um trabalho fantástico, o 7º Festival de Escultura em Areia, em Pêra. Este ano o festival tem por tema As Descobertas. São quinze mil metros quadrados de área, "proporcionando ao visitante uma viagem fascinante através do tempo e da história da evolução da Humanidade. As Descobertas desde os tempos da Pré-História, passando pela Idade Média e Moderna, até às grandes conquistas da actualidade através da ciência e da tecnologia." Vale a pena ver. Desde temas alusivos à descoberta da roda e do fogo, passando pelos meios de transporte, música, cinema, fotografia, medicina, até à era espacial, com astronautas e extra-terrestres. Os pormenores das esculturas, a sua perfeição, fantástico! Um trabalho que merece ser honrado com a nossa visita.


Alguns exemplos:














sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Deixa que a vida te despenteie


Deixa que a vida te despenteie!

O mundo é louco, definitivamente louco... O que é bom, engorda. O que é lindo, é caro. O sol que ilumina o nosso rosto e nos deixa com uma corzita saudável, enruga. E o que é realmente bom nesta vida, despenteia...

- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, despenteia.
- Tomar um belo banho no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Dormir, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Fazer amor, despenteia.
- Beijar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar, dançar, sentindo a música, até a música acabar, até duvidar se foi boa ideia calçar aqueles sapatos com aqueles saltos, despenteia.
- Dançar à chuva, despenteia.

É simples: vai sempre estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa do que aquela que decide não andar.*


Se calhar deveria sentir-me tentada, como tantas vezes me recomendam, a ser uma mulher impecável, sempre arranjada, arrumada, por dentro e por fora. O bilhete de apresentação deste mundo exige boa presença: arranje o cabelo, vista roupa adequada, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, seja séria, frequente os locais adequados... Se calhar deveria seguir as instruções, mas onde ficaria eu, a espontaneidade, as gargalhadas, as palavras que me saem sem eu contar que depois me fazem rir a bom rir? Por acaso não se dão conta que para eu ficar bonita, tenho de me sentir bonita?... A pessoa mais bonita que posso ser! Pode não ser muito, mas sou eu.

Se me apetece vestir umas calças de ganga velhas, velhinhas e aquela t-shirt que tem anos, isso faz de mim menos do que sou? Não acho. Não posso sentir-me "bonita" assim? Claro que sei reconhecer as situações e não iria trabalhar ou apareceria numa reunião assim... Se me apetece rir, porque tenho de me conter? Claro que não vou desatar a rir a despropósito, mas se me apetece dar uma boa gargalhada, porque não? Se me apetece ir comer à tasca ou a um restaurante não na moda, mas onde se come bem e o ambiente é agradável, porque tenho de ir ao restaurante XPTO onde mal posso abrir a boca? É que prefiro mesmo o primeiro.

Mas, afinal, a única coisa que realmente importa é sentir-me bem comigo. Que ao olhar-me no espelho, veja a mulher que quero ser, e que me despenteie muitas vezes.

Por isso, tenho muitas intenções de:

- Comer coisas boas, que, logicamente, são mega-calóricas;
- Dançar;
- Relaxar, Viajar;
- Dormir a sesta;
- Acordar cedo, Acordar tarde;
- Beijar, Abraçar, Apaixonar-me, Amar;
- Correr, Voar;
- Cantar;
- Aproveitar a vida;
- E, acima de tudo, deixar a vida despentear-me!

O pior que pode acontecer é que, rindo, em frente ao espelho, seja preciso pentear-me de novo...


* Recebido por mail hoje, com algumas modificações.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pequeno Intervalo

Pequeno Intervalo.... As férias não passam disso. Um pequeno intervalo no quotidiano da vida que, por mais que tentemos evitar, se torna rotineira. Trabalho, obrigações, compromissos, prazos a respeitar... enfim, o dia-a-dia inevitável.

Mas, apesar de serem apenas um pequeno intervalo, acho que quem as inventou merecia um prémio qualquer, um dos bons, tipo prémio Nobel da sensatez e preocupação com o próximo. Deixar de ter horários, por exemplo, só isso já vale muito. Tirei o relógio no início das férias e nem quero saber onde ele está.

Afinal, trabalhamos um ano inteiro, fazendo pequeninos intervalos quando podemos. O que torna estes pequenos intervalos tão desejados é precisamente o facto de serem poucos, pequenos, de habitualmente os passarmos com quem gostamos e de facto termos tempo para eles. Parece que queremos sempre que cheguem, que cheguem depressa, para depois passarem num instante. Ou então o tempo passa mais depressa nas férias. Será que se tivessemos férias o ano inteiro e uns diazitos de trabalho por ano ansiaríamos na mesma por eles? Se calhar... ou talvez não porque verdade, verdadinha, não entendo como é que tenho tanta preguiça nas férias. Preguiça e mais preguiça!

Sol, gelados, praia, gelados, calor, gelados, muito descanso, gelados.
Mais uma semana e acaba este pequeno intervalo, pequeno, mas necessário. O facto é que já tenho uma corzita mais saudável, as olheiras quase já desapareceram e os gelados têm feito o seu efeito em tornar as bochechas mais redondinhas... Só não quero ver quando chegar a casa e a minha amiga balança em vez de mostrar os números habituais, dizer "por favor, pesar um de cada vez".


Fui proibida de usar o computador durante as férias. Não vais trabalhar nas férias e ponto final. Mas não resisto a vir aqui, não dizer nada de jeito, é certo, e dar pelo menos uma espreitadela aos meus cantinhos preferidos. Os que não comentar, não é por falta de vontade, é mesmo por falta de tempo. Falta de tempo em férias? É verdade... muito para fazer. Contrariar a preguiça e sair para conhecer lugares onde nunca fui, jogar, andar de bicicleta, brincar, dançar, uma canseira (das boas!).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cega e Surda...

O sol quando brilha é para todos. Dizem. Assim como a justiça. Dizem. Por acaso, até não é bem assim. Quantas vezes o sol nem se vê aqui no Norte e no Sul até chateia, ofuscando a visão, tal a sua intensidade. Quantas vezes pessoas se divertem a apanhar sol na praia, o sol em pleno, enquanto outros estão confinados a escritórios escuros, quase sem o ver, ou pelo menos usufruir dele? Já para não falar das pessoas que trabalham nas minas e nem o vêem. É o mesmo sol, o mesmo País, muitas vezes a mesma região. Mas é diferente, o sol. Porque deveria ser diferente a justiça?


Há uns dias, vi nas notícias a história de um homem condenado a oito anos de prisão. Não consegui ouvir qual o crime que cometeu. Disseram-me que tinha sido condenado por homicídio, mas oito anos por um homicídio parece-me pouco*. De qualquer maneira, a pena aplicada foi oito anos de prisão. Fugiu ao fim de dois e foi capturado agora, ao fim de dezasseis anos. Vai cumprir o resto da pena. Durante estes dezasseis anos viveu entre duas ou três grutas nuns montes quaisquer. Isolado. Sem contacto com o mundo. Tendo como cama o chão das grutas. Fugindo de toda a gente. Numa prisão.

Pessoalmente, acho que o senhor não deve muito à inteligência, e a prisão que escolheu parece-me bem pior do que a outra, de tijolos. Se fosse eu (toc-toc-toc- eu a bater na madeira), preferia a de tijolos. Sempre tinha cama, roupa, refeições a horas, colegas, televisão, enfermaria, direito a visitas, ... Prisão por prisão, vale mais ficar abrigado do frio.

Não estou a defender o que ele fez, mas parece-me que cumpriu uma espécie de prisão domiciliária. Os agentes da autoridade congratularam-se pelo facto de o encontrarem dezasseis anos depois e o reconduzirem`a uma nova prisão. Se ele soubesse, ou tivesse como, teria fugido para o Brasil. Como fez a Fátima Felgueiras. O desgraçado não tinha televisão lá nas grutas e não seguiu a dica.


Não posso negar que a senhora é esperta. Com uma noção de timing excelente. Foi condenada a três anos e três meses de prisão, por ocasião do saco azul (eu chamar-lhe-ia mala, mas fiquemos pelo saco). Não parece (sorrisos tão expansivos para quem foi condenado??), mas foi condenada. A reforma penal que entrou em vigor em Setembro de 2007 salvou-a de ir efectivamente para a cadeia, sentar-se no refeitório com o povo que ela tanto alega adorar. Anteriormente só podia ser suspensa a execução de penas de prisão inferiores a três anos, mas a reforma penal aumentou para cinco anos o limite das sanções que podem ser suspensas. Ah!! Aquele tempo de puro sacrifício e exílio forçado no Brasil não veio mesmo a calhar?? Eu acho que ela deveria ter ido para o Nepal, mas....

Acho que foram muito injustos com a senhora. Foi condenada pelos crimes de peculato, peculato de uso e abuso de poder. Três casos: a não devolução ao município de ajudas de custos de uma viagem oficial à Irlanda, no valor de 177,67 euros; o uso de uma viatura oficial do município para uma iniciativa do PS. Se ela tivesse pensado alugava um autocarro e pagava com o dinheiro da Câmara. Sempre podia dizer que tinha sido para levar as crianças ao jardim zoológico; e a intervenção no loteamento do Bustelo. O Ministério Público pedia a devolução à Câmara de Felgueiras de quase um milhão de euros. 177 euros!!! Por favor.... Perante isto, a condenação de Fátima Felgueiras parece-me exagerada, ou talvez apenas simbólica.

Conseguiu ainda ser absolvida de todas as acusações do "processo do futebol", onde era acusada de sete crimes. O Ministério Público pedia uma pena de quatro anos de prisão para a presidente da Câmara, alegando que parte dos 2,8 milhões de euros atribuídos pela câmara ao clube se destinava a pagar despesas com a equipa profissional do Futebol Clube de Felgueiras, o que ficou provado no tribunal. A acusação baseava-se no facto de haver um decreto-lei (nº432/91) que proíbe a atribuição pelos municípios de verbas aos clubes de futebol para financiar actividade profissional. Decreto de lei este que viola o disposto na Lei de Bases do Sistema Desportivo (Lei nº1/90) que "não proibia qualquer comparticipação ao futebol profissional".** Vocês entendam-se, senhores das leis. Nem quero pensar se eles se lembrassem de competir com o Real Madrid!


Isaltino Morais ouviu ontem a decisão do colectivo de juízes relativamente aos sete crimes pelos quais foi constituído arguido há quatro anos. Quatro anos em que continuou a fazer a sua vida normal, mantendo um cargo público, tratando de se re-candidatar. Foi condenado a sete anos de prisão efectiva e a perda de mandato por quatro crimes. Quatro em sete! A ganhar nitidamente à adversária anterior, que ficou pelos 19-3 e pelos 7-0. Ou talvez a perder!

"Fui condenado neste acórdão por um cheque de quatro mil contos na compra de dois quadros. E esse cheque, de quatro mil contos, serviu para um crime de corrupção, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal". Há cheques tramados!!!

"Fui também condenado por abuso de poder num terreno que recebi em Cabo Verde, pela Câmara Municipal de São Vicente, no âmbito da cooperação que estabelecemos entre Oeiras e São Vicente. Toda a gente sabe que nessa história do terreno de Cabo Verde, que eu recebi, que o aceitei na altura pelo gesto de generosidade que isso se traduziu. Mas o tribunal decidiu condenar esse gesto com 15 meses de prisão". Coração sensível, generoso, quase forçado a aceitar. Mas, pergunto eu, que não percebo nada disto, se a cooperação era entre Oeiras e São Vicente, localidades, porquê presentes pessoais? Já não se usam os charutos? E terá Oeiras dado alguma coisa a São Vicente? Sendo assim, deveria.


Não me compete a mim atribuir culpas ou não. Não é essa a minha intenção. Aliás acho que grande parte do código penal e civil está escrita em chinês. Primeiro que se consiga perceber o que aquilo realmente quer dizer! Os tribunais existem para isso. Os juízes e colectivos de juízes são soberanos. Apenas acho que todos deveriam ser tratados da mesma maneira. Se Fátima Felgueiras, em vez de ter ido passar férias ao Brasil se tivesse refugiado numas grutas, seria elevada a personalidade do ano. Fátima Felgueiras fugiu à justiça, saiu do país, brincou com a justiça, e mais um bocadinho ainda tinha direito a uma indemnização. Isaltino, para já pelo menos, foi condenado. Quantos pesos e quantas medidas existem??

A justiça, além de cega, deveria ser surda. Surda aos interesses e politiquices que rodeiam todo este circo. Ser igual para todos.

By the Way, adoro a Maria Rueff:




*Ainda bem que não sou juíza.
** http://www.publico.pt/


domingo, 2 de agosto de 2009

Things to Do VI - Anywhere

Mais dois dias e começam as férias. Dois dias por aqui, depois, sexta-feira, abalar daqui para fora.

Ao ver esta imagem, pensei: Ora aqui está uma excelente ideia! Não acham?

sábado, 1 de agosto de 2009

Férias precisam-se



FÉRIAS, FÉRIAS, FÉRIAS. Preciso de férias. Adiar pensar, adiar, adiar, adiar. Porque não me apetece pensar agora. Não me apetece ver o que está à frente do meu nariz. Por não querer acreditar no que lá está. Talvez seja o cansaço, talvez seja apenas isso que me faz ter uma visão menos boa das situações. Preciso respirar fundo primeiro. Limpar os meus óculos (ideia retirada de um blog amigo).

Estou cansada, cansada de dar. Cansada de ser a pessoa a quem se recorre quando se precisa. Cansada de se terem habituado ao meu sim. Cansada. Cansada de estender a mão. Cansada de acharem que eu não tenho mãos. De não pensarem que se calhar eu também preciso de uma mão de vez em quando.

Dia de cão


Há dias assim, em que não se devia nem acordar! Ontem foi um desses dias.

- Adormeci. É incrível a diferença que meia-hora pode fazer! Vou chegar tarde ao trabalho.

- Não reparei que a torradeira estava mal regulada e lá se foram os dois pãezitos que tinha para o pequeno almoço. Toma o pequeno-almoço em casa da avó e eu quando calhar.

- A escola está de férias. Tenho de deixar o meu Prozac em casa da avó. Passei a saída para casa dela. Dar a volta no fim do mundo para voltar para trás. Mais atrasada fiquei.

- Deixei o telemóvel em casa. Sossego, não o ouvi tocar mas passei o dia todo preocupada.

- Como já estava com muito boa disposição, decidi não ignorar o que habitualmente ignoro e não andar a tapar os buracos dos outros. Trabalhem que vos faz muito bem! Se quisesse tapar buracos tinha ido para cantoneira. Sempre trabalhava para o bronze.

- Tinha de ir fazer umas compras. Tinha de ir hoje porque ninguém me apanha num hiper-mercado ao sábado ou ao domingo. Sempre que posso evito-os. Ando ali corredor para a frente, corredor para trás, fico mais cansada do que se corresse a maratona. Depois, fila nas caixas. Sim, porque além de perder o meu rico tempinho e paciência, no fim ainda tenho de pagar. Pagar por uma data de coisas que vão pelo cano abaixo. Literalmente. É o que acontece aos detergentes. A menina da caixa ainda estava mais mal disposta do que eu. Fantástico.

- Chegar a casa e arrumar as compras. Um autêntico brinde.

Eis um dia bem passado. Amanhã outro dia virá e este mau humor irá embora. Pelo menos assim espero.

Para já vou esquecer que dizem que vais chover. Vou-me lembrar que terça-feira vou de férias.