sábado, 31 de outubro de 2009

By The Way XXI


Dia Familiar da Zanga


Eu ADORO a minha mãe. Apesar dos seus 68 anos, é uma força da natureza. Sempre foi. Não me esqueço, por um minuto que seja, que se hoje tenho o que tenho, que se hoje sou o que sou, devo-o ao facto de ela e o meu Pai me terem proporcionado as oportunidades para tal. Viveram em função dos filhos. Completamente.  Telefono-lhe todos os dias. É com ela que desabafo muitas das minhas histórias. É a ela que muitas vezes vou buscar conselhos.

Desde que me conheço como adulta, nunca discutimos. Discordamos em algumas coisas, ela é teimosa que mete dó (ou não fosse carneiro), mas conseguimos sempre conversar, sem discutir. Excepto em relação a dois assuntos: a minha paixão por calças de ganga e o dia 1 de Novembro.

O assunto calças de ganga é de fácil resolução. Até consigo entender que, no conceito de bem-vestir da minha mãe, as calças de ganga não ocupem um lugar de destaque. Não me custa nada fazer-lhe a vontade e, quando vou passar o fim de semana ou uns dias lá ao fim do mundo, levar outra coisa para vestir se sair à rua. Sei que ela fica contente, e até o faço com muito gosto.

O dia 1 de Novembro é pior. Já sei que todos os anos nos zangamos nesta altura, e este ano não foi excepção. Vou instituir o dia 30 de Outubro como o DFZ - Dia Familiar da Zanga. "Este ano vens cá?" "Já sabes que não, mãe." etc, etc, etc. Todos os anos se repete a mesma conversa. Depois fico a sentir-me mal, porque sei que estou a ser egoísta, mas simplesmente não consigo. A procissão aos exibicionismos. Não sei o que se passa nos outros sítios, mas lá no fim do mundo é assim o dia 1 de Novembro. Passar o dia a passear as roupas novas, ver quantas flores estão aqui ou ali, aproveitar para dizer que aquele isto e aquela aquilo, virem lambuzar-me a cara com beijos e mais beijos. Alergia pura, que não consigo vencer.

Tenho saudades do meu Pai todos os dias. Não vou lá neste dia, mas ele está comigo sempre. Aliás, não só sou parecida com ele fisicamente, como muitas das minhas atitudes transmitem princípios e posturas que apreendi com ele. Recordo tantas e tantas coisas com ele! Desde miúda, em que brincávamos aos piratas, em que estava sempre mortinha que ele chegasse porque me dava mais mimo do que toda a gente. Só ele me conseguiu acalmar uma vez em que decidi dar banho a uma boneca que eu adorava e ela se desfez toda. Até que cresci, os papéis se inverteram e fui eu a tomar conta dele quando ficou doente. Guardo, e guardarei para sempre uma das últimas frases que ele me disse, e tento fazer dela o meu lema de vida. Amo-o de todo o coração, mas não consigo ir lá neste dia. Se calhar devia ir, devia ultrapassar isto. Quem sabe um dia... para já não. Não consigo ir fazer sala e conversar toda a tarde coisas que não interessam a ninguém, só porque parecia bem. Que me achem uma filha desnaturada, não quero saber.

Agora já sei, durante uma ou duas semanas a Dona V. vai andar zangada e a responder por monossílabos...
- Olá, mãe! :)
- Olá.
- Estás bem?
- Sim.
- A tia já foi ao médico?
- Sim.
- Que disse ele?
- Pergunta-lhe a ela.
(respirar fundo)
- Vou aí no próximo fim de semana :)
- Tu é que sabes.
- (ai ai ai, volta, Dona V., que eu estou perdoada!)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sol e o Frigorífico



Não é que a gaivota apareceu mesmo no momento certo! :)

Fins de tarde assim, no fim de Outubro, são para aproveitar. (Não estou a desgostar nada deste Outono, apesar de não achar nada normal comer castanhas assadas de manga curta na varanda).  Acompanhada por uma coca-cola (eu sei, não faz muito bem!) e um livrinho, foi um final de tarde muito bom.

O livro, lê-se de uma assentada só. Algumas páginas têm apenas uma ou duas linhas escritas. Um livro light. Ou assim pensei, quando o comprei. O conceito do livro, escrito em pequenas notas, pareceu-me engraçado.

"Claire e a sua mãe vivem na mesma casa, mas, para todos os efeitos, é como se vivessem em planetas diferentes. As duas raramente se cruzam, e a porta do frigorífico acaba por se tornar a plataforma de contacto onde deixam recados uma à outra e se vão mantendo informadas acerca dos acontecimentos das suas vidas. Mas um dia Claire depara-se com um recado diferente do habitual, e a partir daí terá de lutar contra a distância que as separa e contra o tempo que se esgota… A Vida na Porta do Frigorífico é uma narrativa que mergulha no íntimo de uma relação entre mãe e filha e os sentimentos de apego, culpa, ressentimento e frustração que a convulsionam. Uma mensagem universal sobre o amor e a perda."

 

Trata-se de um livro diferente. Um livro muito simples, de leitura fácil, mas ao mesmo tempo difícil. Começamos na primeira página e estas vão-se sucedendo, à medida que a troca de notas entre as personagens aumenta e se torna mais pessoal, mais real. Ao fim de pouco tempo, acabam, e ficamos com a sensação que a história é interrompida abruptamente.

A história passa-se demasiado depressa. Faz-me pensar na rapidez com que tudo passa, sem por vezes, não digo darmos, porque damos, mas sem demonstrarmos a quem realmente gostamos o afecto que temos, sem lhes fazermos ver o quanto são importantes para nós, sem paramos por uns minutos para um abraço, porque o tempo corre e temos de estar em todo o lado ao mesmo tempo, e queremos fazer tudo ao mesmo tempo.

By The Way XX

Porque o que é Nacional é bom.... Sean Riley & The Slowriders



quarta-feira, 28 de outubro de 2009

No teu tempo...


Avó do futuro

Apesar de não ser propriamente uma entendida na matéria, tenho sempre imensa curiosidade em conhecer e experimentar coisas novas, novas tecnologias, coisas e coisinhas. Sem dúvida que muitas coisas que existem hoje, que não existiam na minha adolescência e muito menos infância, me facilitam imenso a vida. Habituamo-nos de tal maneira às pequenas comodidades, que se torna um pouco difícil retomar velhos costumes. O microondas, por exemplo, quando avaria faz uma falta! São mais uns minutos preciosos que se perdem de manhã, a olhar para o fogão, para o leite não derramar (deveria ter ficado, porque me esqueci completamente e lá foram mais uns minutos a limpar, minutos que acabam por determinar apanhar um trânsito infernal).  

Quando era miúda, não tinha telemóvel nem internet. O sábado de manhã era aguardado quase como se fosse sagrado, porque havia desenhos animados na televisão. Não tinha playstation nem nintendo. Tenho cá para mim que hoje em dia os miúdos já vêm pré-programados para as novas tecnologias, muito provavelmente recebem informação em bytes ainda no útero. Isso não impede que tente de vez em quando ganhar um joguito ou outro de playstation. Que eu não saiba para que lado o boneco deve ir, que carregue no botão errado e em vez de saltar ele caia, que o meu Prozaczinho me diga "mas grava antes de jogares", "eu deixo-te jogar, mas é capaz de ser um bocado complicado para ti", ainda vai, agora que me digam "no teu tempo", confesso, não gosto nada. Faz-me lembrar uns anúncios que passaram aqui há uns tempos em que diziam isto. Eu sei que o tempo não anda para trás, mas devagar aí com o andor!!

Este fim de semana decidi arrumar umas coisas minhas no sotão da minha mãe (as tralhas que se guardam!! Ainda tinha cadernos do secundário, apontamentos da faculdade, livros, até canetas!!). No meio daquela tralha, tinha uns discos, LPs, como se chamavam. "Que grandes CDs!! No teu tempo, os CDs eram mesmo grandes!"

Isto leva-me a pensar que ele apenas conhece os CDs, as pens, os MP3,4 (se calhar até já há mais), que trata por tu o powerpoint enquanto eu, já na faculdade, tinha de correr e fazer tudo antecipadamente porque as apresentações eram feitas em slides que não podia corrigir depois, que realmente é uma nova era e que se calhar a expressão "no meu tempo" até faz sentido.

Pelo sim, pelo não, acho que me vou aplicar um pouco mais na playstation, nunca se sabe!...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

By The Way XIX

Bom senso, onde estás? Há pessoas que querem e precisam a todo o custo ser o centro das atenções, nem que seja pelos piores motivos. Santa paciência!!

Não me vou chatear, não me vou irritar, não vou abrir a janela e rezar para que uma rajada de vento a arraste para o fim do mundo, para deixar de chatear os colegas (talvez possa abrir a janela só um bocadinho!:))
.

Chill out!!


sábado, 24 de outubro de 2009

Porque é assim



Porque a amizade é. É estar, é ser, é ajudar, é ouvir, é abraçar, é rir, é chorar, é partilhar, é dar sem exigir, é perdoar, é estar lá mesmo quando não se está, é ter palavras sinceras e não só as que queremos ouvir, é saber dizer não, é entender, é perdoar, é querer bem e querer o bem, é amar.

Porque os amigos são. São irmãos que escolhemos, que aparecem nos momentos bons porque os chamamos e nos maus simplesmente aparecem, que não fazem perguntas mas procuram respostas, que têm dúvidas, que erram, que nos entendem, que nos dão aquele abraço quando precisamos, que nos empurram para a frente, que nos ajudam a levantar e por vezes nos impedem de cair, que nos ajudam a encontrar os lápis certos para desenhar a nossa história, que alegram o nosso mundo, que nos fazem sorrir, rir, chorar,  crescer, lutar, não desistir, e, principalmente, que nos fazem viver, "Porque nos amam não por aquilo que somos, mas apesar daquilo que somos".

Porque tenho saudades tuas, amiga. Muitas.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Grandes males, grandes remédios!



Não resultou!! Até cheguei a pensar que me tinha feito entender. Três dias de sossego.

Pedi aqui, com jeito, bons modos, justifiquei a razão, escrevi chinês e agradeci antecipadamente! 

Vou ter de recorrer a métodos mais drásticos!

By The Way XVIII

If the rain must fall.... pois faz favor!



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dispensável? - Um hino à (i)modéstia


"Irá iniciar-se, a partir de 26 de Outubro de 2009, a primeira fase da Campanha de Vacinação contra a infecção pelo vírus da gripe pandémica (H1N1) 2009. A vacina foi aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA) e pela Comissão Europeia."

NB1 - Posso estar redondamente enganada, mas, depois de tanta coisa que li, não faria a vacina amanhã, se me fosse oferecida.  Este texto está escrito apenas como uma pequena forma de protesto contra o facto de me chamarem dispensável. Chamem-me presunçosa, digam que tenho a mania, o que for, mas não me considero dispensável.


Hoje pensei seriamente em não ir trabalhar. Estava um tempo nada convidativo para sair de casa, com chuva, frio, vento. Não me apetecia nada deixar o aconchego da minha cama e da minha casa. Não me apetecia nada apanhar gripe. Afinal, sou dispensável. Não sou indispensável para o funcionamento do país. Foi o que disseram na televisão. Falam muito da gripe A, que é muito má, que vai afectar muita gente. Dizem que há vacinas, mas não para todos. Porque alguns de nós são dispensáveis. Não percebi muito bem isto.

Apesar de não ser muito importante, não sou completamente ignorante, e entendo que a vacinação se faça de uma forma seriada, vacinando primeiro os grupos de risco. Tem lógica. Até acho que se deviam vacinar primeiro os profissionais de saúde (se eles ficarem doentes quem trata de nós?) e as crianças. Não entendo, por exemplo, porque é que, antes das crianças, vêm os titulares de orgãos de soberania. Todos sabemos que as crianças são o alvo preferencial da maior parte das viroses, e que os infantários e escolas são autênticos viveiros de bichinhos à solta. As crianças vão para casa dos tios, dos avós, dos colegas, toda a gente lhes dá beijos e abraços. Se eu fosse um vírus, não queria outro meio de transporte. Além disso, as crianças não têm vice-crianças e se ficarem doentes vão perder tempo de escola e no fim do ano transitam na mesma para o ano seguinte, porque o bom aproveitamento escolar tem de ser mantido. Que eu saiba, existem vices de quase todos os titulares de orgãos de soberania. Dificilmente o país pararia.

Entendo que tenha de haver racionalização e hierarquias na vacinação. Que há pessoas que têm maior risco de contágio do que eu. Que as redes de electricidade, gás, telecomunicações têm de se manter. Até acho um EXAGERO esta história toda.  Só não gosto que digam que sou dispensável. Porque até não sou. Não sou dispensável para mim (compreensivelmente). Não sou dispensável para o meu filho, para a minha mãe, para a minha família toda. Não sou dispensável para o meu orçamento familiar, que depende exclusivamente de mim. Não sou dispensável para os meus amigos. Não sou dispensável para o meu trabalho, porque há coisas que se eu não fizer, ninguém faz. O país não iria notar, mas as pessoas que necessitam do meu trabalho iam, com toda a certeza. Não sou dispensável para os meus colegas de trabalho, porque todos os dias lhes levo um pouco de boa disposição, e se eu não for trabalhar eles vão ter de trabalhar mais, o que não é muito possível, porque já têm trabalho que chegue e sobre. Tenho pena de não ser dispensável quando tenho de pagar os meus impostos, mas isso agora não interessa nada.

Sendo assim, como me recuso a ver-me como dispensável, pensei em tentar incluir-me em algum dos grupos definidos pela DGS:

- Profissionais de Saúde - não deve incluir profissionais com saúde.
- Grávidas nos 2º e 3º trimestres com patologia associada - ainda pensei em arranjar um candidato a pai à pressa, mas ainda teria de somar três meses e entretanto a altura crítica já teria passado. Mesmo assim, ainda teria de arranjar patologia associada.  
- Titulares de órgãos de soberania e profissionais que desempenhem funções essenciais - Agora que as eleições acabaram, não me parece que tenha hipótese de alcançar um destes títulos. Para mim, as funções que desempenho são essenciais, mas para o caso a minha opinião não interessa.
- Doentes com asma moderada a grave - não tenho (e não brinco com coisas sérias).
- Obesidade mórbida actual - Posso desatar a comer de manhã à noite sem parar durante uns meses, mas é uma ideia demasiado grande.
- Grávidas nos 2º e 3º trimestres - aqui não precisava de ter doença associada, mas assim a correr não me apetece engravidar.
- Acompanhantes de crianças com menos de 6 meses portadores de doença grave - também não.

E lá foi o grupo A. Estou out.

- Pessoas com patologia: diabetes, doenças pulmonares, cardiovasculares, renais, doentes não integrados no grupo A. 
- Outros grupos profissionais de saúde em contacto directo com doentes.

Lá foi o grupo B. Continuo out.

- Obesidade - Posso comer só coisinhas que engordem (e que sabem tão bem) durante uns tempos. Depois da vacina faço dieta rigorosa. Má ideia. Detesto fazer dieta.Posso não conseguir emagrecer depois.
- Crianças até aos 12 anos - finalmente as crianças! Não me parece que passe por ter 12 anos!
- Dadores de sangue e estudantes de medicina - salva pelo gongo, não pela parte do estudante, mas pela parte de dadora de sangue.   


Consegui! Incluída no grupo C. Não está muito mal. Suspeito, no entanto, que por esta altura ou já tive gripe ou, se não tive, já a gripe acalmou por uns tempos porque estaremos no Verão!

By The Way XVI - Bye Bye Summer

Parece que desta vez o Outono veio mesmo na versão versão Toyota - veio para ficar.

Despedida oficial do Verão, ao som daquela que vai ficar, para mim, como a música deste Verão.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Obrigada, Santo Esquecimento!

A propósito deste dia ainda começo a acreditar na frase de eleição de uma amiga minha "Nada acontece por acaso".

Tinha perdido o multibanco. Toca a pôr os eurónios a funcionar (sim, porque em relação a dinheiro funcionam os eurónios): onde o usei a última vez? Levantei dinheiro no multibanco e não o usei mais. Só pode ter ficado lá.
Fui ao banco em questão e estava lá (a máquina engoliu-o outra vez, o que muito lhe agradeci porque assim não tenho de esperar por outro). Já estava a esticar o meu bracinho para pegar nele quando a senhora me diz que não mo pode dar. Tenho de ter uma declaração do meu banco. Lá vou eu para o meu banco buscar a dita declaração. BI? Faz favor, está aqui. O seu BI já está fora da validade, sabia? Só por uns dias!!!

Esta eu sei que não é só comigo! Ninguém sabe a data em que expira a validade do BI, pois não?

O facto é que se não precisasse de usar o BI hoje, ainda ia ser bonito quando estivesse a embarcar para as minhas fériazitas no fim de Novembro e reparassem, nessa altura, que o BI já era, que eu já não era cidadã nacional. Duvido que me passassem a considerar cidadão do mundo e me deixassem partir!

Quanto às outras coisas:
- Acho que não volto a pôr o relógio a despertar às 0h;
- A multa terei de a pagar, claro;
- Já comprei as pastilhas para o coffee... o George estava demasiado ocupado para vir trazê-las!

谢谢. 休息一会.


Sr. Anónimo
Eu não sei ler chinês, japonês, mandarim, etc, etc, etc.
Provavelmente também não sabe ler o que estou a escrever, mas leia pelo menos o título.
Obrigada!

谢谢 - obrigada
休息一会 - descanse um pouco

O frio faz-me mal

Hoje o dia correu mesmo bem.

Consegui:
- acordar meia hora mais tarde, o que faz uma grande diferença, porque coloquei o alarme para as oo.ooh. 
- ter direito a um lindo papel, verdadeiramente encantador, escrito com uma letra muito bonita, chamado multa de estacionamento;
- perder o cartão multibanco;
- não ter nem uma pastilhinha nespresso para depois do jantar.  

Tudo porque o frio me faz muito mal. Um dia Verão e no outro tanto frrriioo. Não dá para ajustar o termostato! Principalmente quando se deixa o casaco em casa.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Ídolos

Ainda não tinha visto nenhuma vez, mas hoje parei no programa Ídolos. Tem momentos hilariantes. A minha dúvida é se algumas das pessoas que aparecem lá o fazem só para aparecer na televisão, ou acham mesmo que cantam?

Aparecem vozes excelentes, boas, outras mais ao menos, mas que não correspondem aos critérios que procuram, chegando o júri a ser um pouco injusto com alguns.

Mas alguns... será possível que achem que cantam bem mesmo? Ter sonhos,  tentar alcançá-los é muito bom, mas... há limites.

By The Way XV

Diferente do seu registo habitual, mas gostei. 
Do álbum Crazy Love.



NB: Qualquer semelhança com o reclame do Pingo Doce fica apenas no carrinho do super-mercado!

sábado, 17 de outubro de 2009

Conversas Prozac IV


A política pelos olhos de uma criança

Hoje não é bem uma conversa.
Com a devida autorização do autor, decidi partilhar a visão da política de uma criança. O tema da composição, feita na escola era "Se eu fosse _________ por um dia". Acho que o facto de ter sido na altura das eleições legislativas teve alguma influência na escolha da personagem.


Se eu fosse Primeiro Ministro por um dia*

    "Se eu fosse Primeiro Ministro por um dia não ia ser um normal. As pessoas ficam tristes com o Sócrates, com a Manuela Ferreira Leite, entre outros, mas comigo não seria assim. Como era o único dia, eu seria tão bom que me elegiriam para sempre.
    No entanto, depois tudo voltaria ao normal porque eu só era 1º Ministro um dia.
    Levantava-me pela manhã bem cedinho, ia dar uma corrida e tomava um bom pequeno-almoço no palácio de S. Bento. Dirigia-me ao meu gabinete e fazia o meu programa de trabalho para esse dia.
    As medidas que tomava seriam: baixava os impostos para os pais não terem que trabalhar tanto e estarem mais tempo connosco; baixava o preço do TGV para que todos pudessem andar nele; dava computadores melhores que o Magalhães a todas as crianças de todas, todas, as escolas; aumentava a reforma dos velhinhos para poderem comprar os medicamentos todos e dava-lhes casas sem eles pagarem. Daria muita atenção às crianças deficientes a quem não deixaria faltar nada.
    Dava ordens aos meus ministros para cumprirem todas as minhas ordens e ia almoçar muito descansado com o Presidente da República a um bonito restaurante.
    De tarde ia fazer visitas às escolas e aos hospitais para ver se estava tudo a correr conforme planeado.
    À noite jantava, via televisão e ia dormir descansado porque tinha governado muito bem, apesar de gastar muito dinheiro e ter ficado muito pobre."

Simples... Afinal, estamos pobres de qualquer maneira. Não vale a pena perder tanto tempo a fazer orçamentos!

*Transcrito textualmente, antes das correcções efectuadas pela Professora, nomeadamente na correcção dos tempos verbais e pontuação.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dormir ou não dormir?


Algo está errado!
Habitualmente durmo pouco, quatro-cinco horitas por noite. Tenho uma imensa dificuldade em deitar-me cedo.  Sei que isto não está bem, que não é muito saudável, que faz olheiras, etc, etc. Decidida a adquirir hábitos mais saudáveis, ontem deitei-me cedo. Oito horas de sono. Tudo de acordo com bons hábitos e vida saudável.

Se nos outros dias ando bem o dia todo, e nem tomo muito café, hoje foi difícil manter os olhos abertos. Acordei com sono, passei o dia CHEIA de sono, com uma preguiça monumental, a contar as horas para chegar a casa, acabei por desistir do café porque quanto mais bebia mais sono tinha. Não bate certo, isto.

Por outro lado, até teve o seu lado positivo, porque estava com tanta preguiça, tão zen, que nada me chateou o dia inteiro. Nem o habitual stress de sexta-feira.

Por isso, já decidi. Dormir oito horas, só à quinta-feira!

Café morno


Às vezes aqueles a quem pensamos estar ligados por uma amizade inquestionável afastam-se. Circunstâncias da vida, opções, sei lá. Mas o facto é que se afastam. E afastam-nos. Aqueles momentos de partilha, de vivências, alegrias, tristezas, disparates, conversas sérias, tornam-se mais raros, quase de fugida. Será que daqui a um tempo se tornarão num "olá, como estás?", em que a resposta será "bem, obrigada, e tu?", seguindo depois cada uma para seu lado? Temo que assim o seja. E fico triste por isso, muito. Espero que assim não seja.

Uma amizade é construída de parte a parte, e embora se dê sem se esperar nada em troca, há que haver a quem dar. Também se luta por uma amizade, mas tem de se aceitar as decisões que os outros tomam. E se decidem afastar-se, podemos questionar, podemos exprimir o que sentimos, mas  temos de respeitar isso.

É quase como tomar café morno, quando se gosta dele bem quentinho...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Adenda ao post anterior


Apenas para completar o post  anterior, e porque toda a gente tem direito a errar, a reconhecer esse erro e rectificar-se, deixo aqui os pedidos de desculpas da dita senhora que não usa lenços de papel.

Na minha opinião resume-se em poucas palavras: "vocês são mesmo esquisitos, não têm sentido de humor e não percebem nada disso". Mas esta é apenas a minha opinião.

Acho que não percebe a diferença entre humor e vulgaridade, mas isso  é um problema dela. Não convence muito, nem o discurso, nem o ar de superioridade e condescendência com que o faz. Dissesse ela "Vocês têm um vinho muito bom, apanhei uma grandessíssima bebedeira e fiz aquele video. Levei umas garrafas para o Brasil e dei p'ra toda a gente beber. Foi bebedeira geral." Teria feito muito melhor, digo eu. 

Bebe lá um copito, que deves estar  a precisar!
Ah! Não é que eu seja esquisita nem nada... mas podes ficar com o copo....

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Baitê catar, sim?

Hoje, por essa blogosfera fora, e não só, fala-se de uma actriz brasileira que já por várias vezes veio ao nosso país, considerada por muitos uma das actrizes mais bonitas e simpáticas do Brasil. Como todas, disse também que "gosto muito de Portugal, dos portugueses". E os portugueses, como povo acolhedor que sempre foi, abre os braços e come tudo o que aparece. São tratados como se fossem especiais. Porque os de fora é que são bons. Pois não são e espero bem que se comece a dar a devida importância ao que se faz cá. 

Aquela amostra de video é realmente uma obra de arte de estupidez. Dificilmente alguém conseguiria dizer tanta asneira em tão pouco tempo, conseguindo manter a cara de sonsa que sempre teve (mas isto era apenas uma opinião minha, que sempre achei que ela tinha olhos de carneiro mal morto).  Comentar o que ela diz, seria dar-lhe demasiada importância. Acho também que ela tem alguma dificuldade em perceber português. Por isso, prefiro dedicar-lhe uma canção que lhe assenta como uma luva, completada por umas frases dedicadas à pessoa em causa, porque tenho cá para mim que as coisas devem ser personalizadas.     



Existem mulheres que são uma beleza
Mas quando abrem a boca
Hmm que tristeza!
Não não é o seu hálito que apodrece o ar
O problema é o que elas falam que não dá pra agüentar
Nada na cabeça
............................................................
Lôrabúrra!
Elas estão em toda parte do meu Rio de Janeiro
E às vezes me interrogo se elas tão no mundo inteiro
.......................................
Só se preocupam em chamar a atenção
Não pelas idéias mas pelo burrão
Não pensam em nada
.......................................
Você é medíocre e ainda sim orgulhosa
É mole?
Não tá com nada e tá prosa
E o seu jeito forçado de falar é deprimente
................................................
Pra que dar atenção pra quem não sabe conversar?
Pra falar sobre o tempo ou sobre como estava o mar? Não
Eu prefiro dormir
...............................................
Seus valores são deturpados você é leviana
Pensa que está com tudo mas se engana em sua frágil cabecinha de porcelana
A sua filosofia é ser bonita e gostosa
Fora disso é uma sebosa tapada e preconceituosa
..............................................
O Pensador dá valor às mulheres
Mas não vocês
Vocês são o mais puro retrato da falsidade
..................................................


Aceita uma sugestão, tu Baitê catar
Encontra as pulguinhas que o teu cérebro comeram
Vai ser tarefa muito, muito fácil
É só procurares as que forem mais magricelas!

Mais valia teres ficado bem quietinha
Porque tanta asneira nem bem bebidinha!
Português é esquisito? Não consegues entender?
Para isso era preciso mais uns neurónios teres.

Nota importante: Para que não haja mal entendidos, nada tenho nada contra as loiras, até porque não sou propriamente morena nem ruiva. Só contra gente burra com mania de superioridade. Aliás, uma parte da letra diz:

É o problema não tá no cabelo
Tá na cabeca
Não se esqueça
Nem todas são sócias da farmácia (Lorácia)
Tem muita Lôrabúrra de cabelo preto e castanho por aí
É... Lôrabúrra morena, ruiva, preta...
Lôrabúrra careca
E tem a Lôrabúrra natural também (Loraça belzebúrra)
Cada Lôrabúrra é de um jeito mas todas sao iguais
Cê tá me entendendo?

A line on the horizon...


A boa notícia: Os U2 vão regressar a Portugal.

A notícia: em 2 de Outubro de 2010...

O concerto vai ser em Coimbra, no Estádio Cidade de Coimbra, e eu sei quem vai estar lá, sei sim senhor.* Eu mesma, euzinha!

Não pensem que é desta que perdi o último parafuso que por aqui andava! Eu sei que ainda falta um ano, mas os bilhetes estão quase aí a chegar e tenho cá para mim que vão desaparecer muito depressa.

Para quem quiser saber mais, pode ver aqui.

* Dizem que um homem não pode morrer sem plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Não sei bem se isto se aplica ao homem género masculino, ou ao homem ser humano, no qual me incluíria, mas acrescento: e sem ver os U2 ao vivo, e sem.... muitas outras coisas, por isso, acho que em Outubro de 2010 ainda vou andar por aqui ;)




segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Thank you!


Assim fica difícil! Mais uma vez aqui o estaminé esteve transformado num zoológico, só que desta vez se resumiu à secção dos elefantes - um elefantário. Tudo de trombas!! Até entendo que é segunda-feira e segunda-feira é um dia mau, até entendo que as pessoas têm problemas, até entendo que nem sempre é fácil abstrairmo-nos deles, até não ando nos dias mais felizes da minha vida, mas o que adianta andar a destilar mau humor o dia todo? O trabalho vai desaparecer? Não. A segunda transforma-se em sexta? Não. Os problemas desaparecem? Não, pelo contrário, cada vez ficam mais cinzentos. Haja paciência para tanta azia!

Pois amanhã quando os meninos e as meninas chegarem vão ver no meu local de trabalho uma folha A4 impressa com este recadinho, que é bom cumprirem.*  Não desvalorizo o que lhes vai na alma. Eu tento deixar os problemas à porta (por acaso, já tentei sair por outras portas, para ver se os despistava, mas os desgraçados são melhores do que os agentes do CSI** e encontram-me sempre!), concentrar-me no trabalho e não chatear ninguém. Não peço que andem a rir, nem mesmo que TENTEM sorrir. Mas pelo menos que deixem as trombas do lado de fora e sejam simpáticos.

Um bocadinho de simpatia não faz mal nenhum, pois não? Não custa dinheiro, não faz tantas rugas,  proporciona uma boa convivência, entreajuda, até faz bem a quem dá e a quem recebe. Porque quem está ao nosso lado não tem culpa que a vida não nos corra como queremos, que nos apetecesse estar em qualquer lugar do universo menos aqui (embora suspeite que a maioria queria estar na cama a dormir). Porque as outras pessoas merecem que as respeitemos, que não nos sirvamos delas para descarregar as nossas depressões, frustrações, irritações e desilusões. Porque se calhar, se não insistirem em cultivar o mau-humor como um bonsai delicado, até são capazes de ir para casa ao fim do dia um pouco mais bem dispostos!

Até costumo ter paciência. Até costumo divertir-me a tentar bater o record de quanto tempo demoro a que alguns esbocem o esboço de um sorriso. Mas assim fica difícil.
 
Por isso: Be nice, please!

* Se não resultar, posso sempre levar umas plantinhas para lá. Só não sei se terão o mesmo efeito só pelo facto de se respirar o ar, se tenho de misturar umas folhinhas na sopa ou fazer um chá para distribuir pelo pessoal!

** Aproveito para manifestar o meu desagrado aos produtores de CSI Las Vegas por terem mandado dar uns tiros à minha personagem preferida da série. Obrigadinha.

domingo, 11 de outubro de 2009

Doce Preguiça!



Andar a passear ontem pelas Duas Quintas foi uma viagem interessante, não fosse hoje estar com um pouco de ressaca sonolência.  

Está um dia lindo lá fora. Céu limpo, sol, poucas nuvens, uma tarde de Verão. Mas não me apetece sair de casa. Hoje vou-me dedicar à preguiça! Curtir o meu sofá, ler, e não fazer nadinha.

Sim, já fui votar.

sábado, 10 de outubro de 2009

Será??



Lá está a nossa selecção a jogar... Até agora, não estão a jogar mal, estamos a ganhar, mas ainda falta muito. Eu sei que eles não andam propriamente a ser brilhantes. Estar dependentes de terceiros, em risco de não sermos apurados, não é muito bom. Mas eu sou portuguesa, (não)* visto a camisola da selecção!

Vamos lá ganhar isto!

Reflexão 1:
O Ronaldo saiu, lesionado. Será obra do bruxo?

* não visto a camisola, aquela, de algodão, que literalmente se veste, porque nos últimos jogos que a vesti para assistir a um jogo, perdemos. A "camisola", essa visto sempre!

By The Way XIII

By Mikkel Solnado




Se calhar, até andava


Sou adepta do atendimento personalizado. Detesto ir a algumas lojas das grandes cadeias comerciais, com filas e filas de roupa, com roupa empilhada, empregadas com ar carrancudo e nada simpáticas, que parecem estar a fazer-nos um favor monumental em estar ali. Não gosto de andar de loja em loja à procura de coisas. Habitualmente vou às lojas onde já estou habituada a comprar, onde me conhecem, me tratam pelo nome, sabem o que eu gosto, e têm sempre umas coisitas que são a minha cara.

Hoje, mais uma vez, tive a confirmação que é realmente bom conhecerem-nos. Principalmente quando estamos urgentemente a precisar de tomar umas gotas ou qualquer coisa para o cérebro! Também pode ser um café!

Geralmente atesto o depósito do carro: menos paragens nos postos de abastecimento e menor probabilidade de ficar no meio da estrada. Costumo parar sempre no mesmo. Ao fim de algum tempo, já conhecemos alguns dos empregados, sabendo mesmo o nome de alguns.

E lá fui hoje abastecer, porque o carro já estava a ficar rouco de tanto apitar. Exagerado! Ainda tinha combustível para 20 km! "Irra que estavas mesmo com sede!". O valor a pagar era um pouco superior ao habitual mas ele também estava no casco.
"Bom dia, então, blá blá, bomba..." nunca vejo o número da bomba.... "nº 5." "Trocou de carro?" "Não, é o mesmo" "É que costuma meter gasóleo, mas hoje meteu gasolina." "Não, é gasóleo" "Gasolina, 95".... E era gasolina mesmo. Um depósito cheiinho de gasolina! E agora? Agora, toca a esvaziar. Que faço à gasolina? Ninguém tem carro a gasolina em casa? Por acaso, tem. E lá me arranjou uns garrafões de plástico para trazer a gasolina. Para não fazer mais asneiras, abasteceu ele o carro, com gasoleo. Dahhhhh! Se não fosse ele, por certo a esta hora ia ter de me conformar em andar a pé.  Se calhar o carro até andava, mas não deve ser muito boa ideia. Eu cá acho que não devia haver vários tipos de combustível.

Agora, vou só ali ligar-me um bocadinho à corrente. Até já!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não preciso de rugas, obrigada!



Escreveu Mia Couto "a vida não foi feita para ser pouca e breve. E o mundo não foi feito para ter medida." Faço minhas as palavras dele. Apenas acrescento que a vida também não foi feita para ser triste. Pelo menos, devemos tentar que não seja. Há situações que inevitavelmente nos deixam tristes, habitualmente situações que implicam perda. É difícil lidar com a perda. Mas chega-se a uma fase da vida em que, felizmente, conseguimos diferenciar as perdas. As que merecem ser choradas e as que não. Neste momento, muito poucas perdas me fariam chorar e perder a alegria de viver.

Tristezazinhas não pagam dívidas. Muitas vezes somos nós próprios os responsáveis pela nossa infelicidade. E nisso acho que nós, mulheres, somos muito piores. Cultivamos a tristeza quase como se fosse uma benção. Relembramos, revivemos situações, tentamos encontrar uma justificação para tudo, choramos baba e ranho... por nada e para nada. Depois de quase ficarmos desidratadas por tanta lágrima perder, o que ganhamos? O que adiantou? Nada, ou na melhor das hipóteses, uma diminuição acentuada na auto-estima, umas olheiras fantásticas, umas rugazitas, um nariz vermelho e fungoso. Achamos sempre que o problema está em nós. Errado. Nem sempre assim é.

Pois bem, não quero saber, nem tão pouco entender. Não vou perder o meu tempo com coisas que nunca vou entender. Tenho de admitir, não tenho capacidade para entender, por isso, tenho de me contentar com o cérebro com que nasci. Pelo menos até inventarem transplantes cerebrais. Enquanto isso não acontece, apreciar a vida, as imensas coisas boas que tenho parece-me uma excelente ideia.

By The Way XII



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Até um dia...

E às vezes é assim... as pessoas facilitam-nos a vida.

É incrível como tenho a mania de consertar os  óculos cor-de-rosa com que vejo algumas pessoas e algumas situações. Os parafusos saltam, as hastes partem-se, mas arranjo sempre maneira de os consertar. Teimosia? Burrice? Vontade de ver o melhor das pessoas? Vontade que as pessoas sejam como eu as vejo? Porque às vezes até têm atitudes bonitas? Porque às vezes até parece que se interessam? Porque às vezes até parecem valer a pena?
Até um dia. Até um dia em que o limite é ultrapassado e os óculos se partem em tantos pedaços que se tornam um puzzle impossível de montar.

Quando conhecemos uma pessoa, há sempre uma primeira impressão. Às vezes essa primeira impressão condiciona tudo. Torna-se a verdade para nós. Achamos que aquela pessoa é diferente, especial. O nosso olhar fixa-se nela, tem algo, não sabemos explicar o quê, que nos prende. Não sabemos muito ainda, não sabemos nada, não a conhecemos, mas achamos que aquela pessoa pode ter qualquer coisa para nos dar. Não sabemos o quê, mas achamos que vale a pena arriscar. Então arriscamos. Decidimos baixar a guarda, por nossa conta e risco. O que nos leva a fazer isso não sabemos bem explicar. Acreditamos que um dia vamos descobrir e, sabendo que estamos a correr um risco, preparamo-nos para essa descoberta, sabendo que pode não nos agradar.
Vamos conhecendo essa pessoa e encaixando o que descobrimos conforme o que queremos ver. Desculpando atitudes que vindas de outra pessoa nos fariam ter reacções completamente diferentes. Nem sempre interiorizamos quanto nos podemos magoar. Até um dia... até ao dia em que isso acontece. Gratuitamente.

Por vezes as pessoas têm atitudes que nos magoam, que nos desiludem, que não entendemos. É normal. Não somos perfeitos. Eu própria com toda a certeza já magoei outras pessoas inadvertidamente. Mas, em qualquer relação, seja de que natureza for, tem de haver uma atitude básica: o respeito. Respeito pela outra pessoa, como pessoa. Com sentimentos. Sentimentos que podem não ser iguais aos meus, mas que não deixam de ser os sentimentos dessa pessoa. Que eu devo respeitar. Quando não se é capaz de ter pelo menos essa percepção, de que com esta minha atitude, que eu posso evitar, posso magoar outra pessoa, simplesmente porque não consigo ver muito além do meu umbigo, do meu egocentrismo, deve-se andar muito cego ou então pensar que as outras pessoas não significam absolutamente nada. A isso, tenho apenas uma coisa a dizer: mesmo que uma pessoa não signifique nada na minha vida, será que não sou capaz de ver que eu posso significar alguma coisa para ela? Não deverei respeitar pelo menos isso?

E é nesse dia que chegamos a casa, olhamo-nos ao espelho, depois de tirar toda a sujidade da cara, e temos coragem de olhar para nós, de olhar através de nós. Não conseguimos evitar sentir-nos magoados, por mais que digamos que não temos motivos para nos sentir assim. Sentimos tristeza, que se sobrepõe à raiva, à indignação.  

Então, descobrimos o que essa pessoa tinha para nos ensinar...

E vão seis...


Foi há seis meses que me lembrei de inaugurar este cantinho. Na altura não pensei muito o que ia fazer a seguir, o que ia escrever. A ideia era escrever umas coisas, muito provavelmente para eu ler. Embora ainda não precise de auxiliares de memória, tenho uma tendência horrível de esquecer coisas que não deveria esquecer. Ao escrevê-las, posso sempre ler e reler. Pode ser que assim, um dia, elas realmente se mantenham no lado activo do cérebro.
Eh pá! E se não tiver nada para escrever? E se eu não tiver ideias? Às vezes as ideias não são muitas, nem famosas pelo seu brilhantismo, mas com toda a certeza a vida, o comportamento humano, serão fontes inesgotáveis de palavras.

Aos poucos, este espaço passou a ser a cup sem a qual não passava. Um pouco de mim. Assim como as palavras que "bebia" noutras fontes começaram a fazer-me falta. Nestas outras fontes aprendi muito, ri (e como ri) muito, chorei... sinto falta quando não consigo ter tempo para as visitar. Como aconteceu esta semana. Arrastei o meu cansaço pelos dias. Acordava cansada, adormecia cansada, (não)dormia cansada, preocupada com os prazos a cumprir. Estou atrasada nas visitas aos vossos cantinhos, nas respostas aos vossos comentários. O tempo não estica, a resistência também não. Esta semana será melhor...

No meu primeiro "texto", disse que o meu objectivo não era  acrescentar dias à vida, mas sim vida aos dias. Continua a ser.

domingo, 4 de outubro de 2009

Thoughts






Um segundo que seja a fazer algo que não nos realiza é demasiado tempo perdido.

sábado, 3 de outubro de 2009

Vasos úteis


"O número de e-mails, mensagens de telemóvel e tweets que recebemos por dia e perante os quais sentimos obrigação de responder pode afectar o funcionamento do cérebro. O psiquiatra britânico Edward Hallowell garante que o processamento desse nível de informação no local de trabalho gera um défice de atenção. Estudos registaram um decréscimo no quociente de inteligência em 10 pontos, o dobro do assinalado em fumadores de marijuana."  In Sábado

Eu acho que é melhor começarem a cultivarem uma ervinha nos escritórios... A planta até não é feia!

Leituras - Love Life


Andei uns meses afastada do mundo da leitura e dos livros. Sem vontade de pegar num livro. Geralmente, quando começava um livro, não descansava enquanto não o acabasse. Ou então, quando não me interessava, lia os primeiros dois capítulos e o último, imaginando o restante, e rapidamente passava ao livro seguinte. Demorei três meses a ler o último livro. Muito grave. Não me apetecia, pura e simplesmente. Cheguei a pensar que tinha perdido o gosto por uma das coisas que mais gostava de fazer. Eu, que tantas vezes roubei horas ao sono, até às tantas da madrugada, porque não conseguia parar. Que se passa?, perguntei muitas vezes. Não tinha paciência, não me apetecia ler. Ao mesmo tempo, continuava a comprar livros e, graças a isso, tenho ali uma bela colecção para ler... porque o bichinho da leitura voltou.

O responsável por este re-início chama-se Ray Kluun, e o seu livro Love Life, de coração aberto, que me fez andar com ele para todo o lado, e aproveitar os muito poucos minutos livres desta semana. O livro não faz, certamente, do autor um candidato ao Nobel da literatura. Está escrito numa linguagem directa, crua, onde o calão aflora frequentemente.  Mas prende-nos, desde a primeira página.

"Sou um hedonista com monofobia* grave". É assim que Dan, o protagonista deste romance semiautobiográfico, se descreve logo nas primeiras páginas, sem hesitações nem margem para dúvidas. Uma descrição que pouco teria de chocante e extraordinário não fosse o facto de este livro tratar da batalha da mulher de Dan, Carmen, com um cancro da mama.
Jovens, bem-sucedidos e com uma filha prestes a completar um ano, Dan e Carmen eram um casal feliz a viver uma vida despreocupada antes de o diagnóstico os atingir. Mas, revoltado com a crueza do destino e as limitações que daí para a frente marcarão o seu dia-a-dia, Dan recusa-se a abdicar de tudo e inicia uma vida dupla: durante a semana acompanha a mulher aos tratamentos e aos fins-de-semana entrega-se ao álcool e ao sexo fortuito. Love life – De coração aberto é um relato duro e sem concessões, que não deixará ninguém indiferente, de um homem dividido entre a lealdade à mulher e o desejo de viver a vida ao máximo. Honesto, tocante e polémico, confronta os leitores com a pergunta a que ninguém quer responder: quando a vida dá uma volta de 180 graus, estamos sempre à altura do desafio?

Um livro que aborda temas como os valores pessoais, a luta entre a vida e a sobrevivência, a eutanásia, a infidelidade, o amor, e a luta contra um adversário que tem vantagem desde o início, o cancro. É um livro comovente, realista, chocante, sem se tornar maçador, porque ao mesmo tempo tem passagens hilariantes. Um livro que nos consegue colocar num minuto a rir e, no minuto seguinte revoltados, com um aperto na garganta e uma(s) lágrima(s) nos olhos. Sendo um relato feito no masculino, até conseguimos compreender o que se passa com Dan, que se revela um exemplo de força ao acompanhar Carmen nesta batalha, apesar da sua monofobia.

Numa palavra: Gostei. Sabendo que se trata de uma história semi-autobiográfica, mesmo ignorando quais das passagens estão incluídas no semi, penso que só haveria uma maneira de escrever este livro: de coração aberto.

*Monofobia - medo mórbido de uma vida (sexualmente) monogamica que conduz a uma necessidade compulsiva de praticar a infedilidade.