domingo, 10 de maio de 2009

Afinal a culpa é dos genes...


Quando me perguntam se sou feliz (e à medida que os anos passam parcece que essa pergunta é feita mais vezes), a minha resposta é sempre a mesma: SOU. Depois vem a pergunta seguinte: porquê? Porquê?? Ora, porque sou, porque sim!! Dizem-me que eu devo ser maluquinha, porque ninguém é feliz sem motivo. Parece que para se ser feliz é preciso muita coisa, mas eu tenho muitos motivos para ser feliz, mesmo quando a vida me corre mal. E lá vem o maluquinha outra vez...

Eu sou uma mulher prática, objectiva e, finalmente, vou poder responder-lhes com bases fundamentadas: eu não sou maluquinha, tenho é bons genes! Ah pois é!!

Os cientistas descobriram que todos nós temos um set-point de felicidade, uma tendência tanto genética como adquirida de nos mantermos felizes num determinado nível. Nos últimos 20 anos, cientistas no campo da psicologia positiva têm feito progressos extraordinários, identificando o set point de felicidade, os neurotransmissores da felicidade, e inclusivamente o ponto exacto do cérebro onde a felicidade está localizada.

A felicidade já não é uma emoção abstracta. É um estado psicológico que pode ser mensurável. Um cientista da Universidade do Minnesota, Dr. David Lykken, efectuou um estudo para determinar que parte da felicidade de uma pessoa é inata e que parte é adquirida. O estudo incluiu milhares de gémeos, que foram criados separadamente. Após longas e profundas experiências, concluíram que 50% do nosso set point de felicidade são inatos, e os outros 50% adquiridos.
Este estudo foi comprovado posteriormente por outros investigadores da área da psicologia que confirmaram que:
* 50% da nossa felicidade está nos genes;
* 40% são determinados pelos nossos habituais pensamentos, sentimentos, palavras e actos;
* apenas 10% é determinado por circunstâncias externas como o nosso estado de saúde, o nosso estado civil e o nosso emprego.

Passamos a vida inteira em busca da felicidade, ansiando por ela, esforçando-nos por obter tudo aquilo que acreditamos fazer-nos felizes - saúde, beleza, relacionamentos, carreira, etc.
Muitas vezes a vida é injusta, uma seca. Todos sabemos isso. Às vezes, quando nos sentimos infelizes, tentamos melhorar com a adopção de hábitos que nos fazem sentir bem no momento, mas que não resolvem nada, como beber, ir às compras, devorar chocolate... uma maneira de nos enganarmos.
A felicidade momentânea vem quando temos um sucesso na carreira, compramos finalmente aquele carro ou aquela casa, aqueles sapatos... mas isto são condições externas: os sapatos ficam velhos, o carro novo passa a usado, a casa começa a precisar de reparações.

O importante é ser feliz porque se é feliz. O que é isto? É um estado de espírito, de paz e de bem-estar que não depende das condições externas.Não significa rirmos à gargalhada 24 horas por dia. Podemos ter qualquer emoção, incluindo tristeza, medo, raiva ou dor, que ainda assim continuamos a experenciar aquele estado subjacente de paz e bem-estar.

Há apenas uma causa de infelicidade: as falsas crenças tão generalizadas, tão comumente aceites que nunca nos ocorre quebrá-las. "Para ser feliz é preciso ter uma boa casa, um bom marido, um bom emprego"; "é preciso acontecer alguma coisa de extraordinário"... Arriscamo-nos a correr atrás da felicidade, quando ela está mesmo aqui, dentro de nós, e não a vemos.
Agora, quando me disserem que sou maluquinha, já posso dizer "50% não é culpa minha!!" :)

"Esta alegria que tenho não foi o mundo que ma deu, logo, o mundo não ma pode tirar". Shirley Caesar


8 comentários:

acatar disse...

tenho alguma dificuldade em acreditar que a felicidade é mensurável ou genética, mas enfim... :)

the dear Zé disse...

E viva a neurologia.
Obrigado pelo enlace. É uma honra.

Anterus Belchans disse...

A penny for your thoughts... In this case, a cup ;)

Soraia Silva disse...

Há pessoas que passam momentos dificeis na vida, pessoas que se sentem só, pessoas que infelizmente "nao têm vida", mas que contudo dizem com todas as certezas, aos outros, que sao felizes.
todos sabemos que muitas vezes o dizemos, mas nem sempre sabemos explicar a total felicidade.
Eu sou feliz porque acima de tudo gosto de mim mesma, de ser como sou, de lutar pelo que mais quero (isto é 50% da minha felicidade), também sou feliz porque construi a minha famila, tenho uma boa casa, um emprego, tenho amigos (talvez inimigos tambem) o que me faz dizer com todas as certezas que sou feliz (esta é a outra parte dos 50% da minha felicidade)...
é claro que nem tudo é perfeito, tambem se tem os problemas da vida, zangas (etc), à qual apenas sao momentos que passam de raspao nas nossa vidas, o que nao nos faz dizer que afinal nao somos felizes...

(digo eu :P)

Um beijo :)

CybeRider disse...

Nunca tinha ouvido esta teoria sobre a comensurabilidade da felicidade.

Leva-me a pensar que é possível a existência de autênticos pateta-alegres... Hummm... Genéticamente comprovaveis.

Prefiro encarar a felicidade não apenas como uma atitude individual, mas também como algo comprovável pela interacção do indivídio com o meio. E parece-me que é este factor que acabará por deitar por terra esses estudos científicos. (Mas quem sou eu?...)

Além disso, nós tugas somos mesmo milimétricos nalgumas coisas e temos duas palavras que se definem na inglândia por uma só: alegria e felicidade, que considero coisas diferentes, são para eles happiness.

Ora eu posso até ser uma pessoa alegre, por genes ou pelo que fôr, e não ser feliz. E posso ser uma besta e considerar que sou feliz dessa maneira.

Daí que para mim não haja literatura como a portuguesa. É que para ler estrangeiro, por anos de prática, falta-me sempre qualquer coisita, e para ler traduções fico sujeito a alguns extravios de conceitos, que fazem falta.

Vá... Não penses mais nisso. :)

Bjk

P.S.: Por via das dúvidas, parabéns pelos teus genes! :)

Filipe Salgado disse...

Fiquei feliz por ter lido este texto ;)

Anónimo disse...

Medir a felicidade. Já tudo se mede neste mundo... até algo tão relativo como a felicidade.
Esses cientistas não têm mais o que fazer?
;)

Unknown disse...

Ainda bem que não corres o risco de perder essa tua alegria, o optimismo, a força.
Bons genes.
Beijinhos e abraços