domingo, 4 de julho de 2010

Danone, Mimosa, Adágio ou simplesmente Criança? Está difícil!!


Por mais que pense, não me consigo decidir que marca usar. Pensando bem, acho que terei de inventar uma marca nova, e registar a patente. Afigura-se-me complicada esta tarefa, porque terei de incorporar vários prazos de validade... pelos vistos, há um prazo limite para tudo. Que todos nós temos um prazo de validade já eu sabia. Apesar de ter visto os filmes com o Christopher Lambert sobre os Imortais, sei que aquilo é filme e não realidade, logo, um dia, a validade acabará.  Que havia prazos ou sub-prazos para tudo é que eu não sabia, muito menos que esses prazos rondam os 30 anos. Sei que há coisas que, passando determinada idade, não são, de todo, normais, principalmente se feitas com um carácter repetitivo. Brincar aos Pokémons com o meu filho  de vez em quando, porque ele me pede, não é anormal, digo eu, ou andar a jogar futebol no parque. Claro que viver no mundo das crianças não é o mesmo que viver o mundo das crianças, nem ser criança. Mas isso sou eu que digo, e pode muito bem ser uma desculpa que me dá jeito. 

Ouvir dizer "já não tens idade para isso", faz-me um bocadinho de comichão.  Talvez seja o meu medo inconsciente de envelhecer muito (podes ficar descansado, Freud, que não vou psicanalizar!). Por vezes sinto-me como um iogurte fora de prazo. Por mais que tenha procurado, não encontrei tatuados números com datas no meu corpo. Olhando atentamente ao espelho, esperava ver começar a correrem números na testa ou nos olhos, como acontece nos desenhos animados. Mas não vi nada disso. Isto de me compararem a produtos de super-mercado mexe-me um bocado com os nervos! Se me apetece dançar, danço. Se me apetece cantar, canto. Se me apetece fazer uma corrida com o sr Prozac digo "P, vamos ver quem chega primeiro?". Claro que não vou dançar no trabalho ou cantar a altos berros na rua. Apesar de muitas vezes brincar, nem tudo é uma brincadeira para mim. O que é sério, é sério, mas não acho que o facto de a vida ser como é me obrigue a andar sisuda todo o dia,  não acho que ser adulta implique perder toda essa alegria que temos em crianças. Se isto é ser criança, então, prefiro ser assim. Continuar a fazer coisas apenas e só porque me fazem rir. Pelo menos, poupa-me o trabalho de escolher uma só marca de iogurtes... se bem que lembrando-me de alguns anúncios da Adágio, confesso que a tentação de escolher esta marca é grande...


Privar-me das coisas que eu quero, posso e gosto de fazer na vida por  causa da idade, de parecer mal, seria uma forma de me penitenciar por uma coisa que não é um crime, mas um facto natural da vida. 
Ir a correr ao shopping ver se consigo arranjar seriedade suficiente para andar sempre elegantemente de cabeça erguida, sem dar um passo em falso, nem trocar os pés também nãome parece que vá resultar. Ah! E não esquecer também as outras coisas que, com esta idade, também já deveria ter, como relação estável e estabilizada, etc, etc, etc. Lembro que se calhar também já devia ter o meu Audi A5, mas ninguém se chega à frente!!!

Sou criança? Paciência! Vou continuar a querer que a vida tenha alguma cor além do cinzento, que o meu sorriso apareça, que seja verdadeiro e surja por motivos que aparentemente não interessam, mas que são especiais para mim. Vou continuar a ter vontade de dançar, cantar, saltar e correr. Vou continuar a ter vontade de viver como sei viver!

11 comentários:

Nowe disse...

Minha Amiga Nirvana Nexita;

Se há coisa que penso que ambas não temos (e espero que nunca possamos vir a ter) é um rótulo de uma idade ou o chamado "prazo de validade" estipulado sabe-se lá por quem.
Apesar dos meus 32 anos, por vezes tenho 10, outros 20, outros 40 ou 50.
Tenho várias idades, e em todas elas sinto-me "eu mesma". Porque sei que independentemente de todas e quaisquer brincadeiras que possa ter, sei levar os assuntos com seriedade quando é preciso, ou quando a situação assim o exige.

Gosto de ser "criança"! De ter a capacidade de brincar com o meu filho. Por isso entendo tão bem estas tuas palavras. :)

Continua sempre como és minha Amiga, sem prazo de validade ou o raio que o parta! :))

Beijinho do tamanho do mundo!

Tia Complicações disse...

Prazo de validade? Quem tem!Mesmo com a embalagem um bocado desbotada e amarrotada o conteúdo é de primeiríssima qualidade. Adapta-se a todos os paladares.Nem me falem em validade :)
Bêjo

Unknown disse...

Não fui capaz de não sorrir ao ler o teu post. Serei criança também?
Já te referi uma vez que gosto da forma como muitas vezes falas de assuntos sérios com um sentido de humor que aprecio muito. Este foi mais um desses posts. De tudo o que tenho lido por aqui não parece escrito por uma criança, bem pelo contrário. Infelizmente esses prazos de validade estão integrados na nossa sociedade.
Um abraço

Mariana marciana disse...

A idade é uim estado mental.
Conheço muitas muidas de 20 anos que são velhas e conheço alguns "velhos" que me põe a um canto em quase tudo o que fazem!!

Quando te disserem que já não tens idade para brincar... avisa à srª que fez esse comentário que se calhar, ela já não deveria ter idade para andar com calças de cintura descaída como se tivesse 15 anos ... (Eu sei...sou mt má quando quero :P)

Bloguótico disse...

De criança para criança te digo, sou igual a ti!! Farto-me de ouvir dizer que "já não tenho idade para isso"... e por "isso" entenda-se, por exemplo, andar de escorrega! :P

esseantonio disse...

Que direi eu que já vou nos 60. Imaginam de quantos em quantos minutos, para não dizer segundos, levo com essa do 'já não tem idade para isso...?' O melhor mesmo é não ligar. Fazer ouvidos de mercador e viver um dia de cada vez, da melhor maneira possível.

Unknown disse...

Tb detesto que me digam que sou velha para isto ou aquilo!! Sou livre e faço o que quero, e ser criança é das melhores coisas que há! Bj linda:)

Libelinha☆ disse...

Eu já dancei no trabalho (quando trabalhava no atelier de arquitectura)... E já cantei em altos berros na rua e não há muito tempo...

Não, não te prives de fazer o que gostas pois quando te deres conta que sempre o pudeste fazer mas não o fazias... São pequenos momentos de uma vida perdidos e que não se voltaram a repetir!...

Loucos não são aqueles que dançam no trabalho nem os que cantam na rua... Loucos sãos os que se privam disso só "porque parece mal" e acabam por não viver!...

Beijinhos ;P

S. disse...

Minha querida eu não acredito no ser demasiado velha para...
Para mim nunca se é nem demasiado velho e quase nunca demasiado novo. Não acredito em rótulos que nos exigem ser de uma ou de outra forma.

Da mesma forma que acho que uma rapariga aos 15 que diz que está completamente apaixonada não deve ouvir um "És demasiado nova para isso, nem sabes o que isso é, na tua idade não é amor", também não aceito uma "És demasiado velha para isso" ou "Já tens idade para ter juízo".

Claro que crescemos e claro que nos tornamos diferentes e deixamos de fazer certas coisas, mas não porque não podemos. Simplesmente porque estamos em uma fase diferente da nossa vida.

Beijinhos muito grandes querida

Canhota! disse...

Querida Nirvana!

Prazo de validade...olha se nem nos iogurtes aquela que eles colocam é a válida...quanto mais a nossa!!! nem penses não existe prazo de validade!!!! eu que o diga...cada vez mais me sinto com muita mas muita "validade"....

Criança...quem não tem o seu lado criança...olha eu tenho e muitas vezes, tal como diz o blugótico: adoro andar de escorrega, andar de baloiço....tudo está na nossa mente...na nossa forma de estar!

Mas quem é poderá dizer algo semelhante???? só pode ser alguém que "azedou" com este calor, de certeza absoluta!!!

Continua assim....espectacular como sempre!

jinhos:) da "cota" sem validade eheheh!

Anuska disse...

Porque não podemos ter várias idades dentro de nós e adaptá-las às situações do dia a dia? Ao trabalho, ao lazer, às amizades. As pessoas teimam em fazer da vida uma grande seca, cheia de regras e de leis sem sentido como se tivessemos que ser todos produto de montagem em série! Recuso-me, tal como tu, e sabes que mais? Sou feliz :-)