sábado, 17 de julho de 2010

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Às vezes apetece mesmo, mesmo... Apetece tirar os travões,  ignorar os sensores, desligar os sinais de alerta, esquecer as dúvidas, as cautelas, as inseguranças, e arriscar. Até agir contra as probabilidades. Aceitar a probabilidade de cair, descarrilar, esfolar os joelhos, cair de cara no chão.

Os travões são o medo e a sensação de conforto da segurança. A segurança, ou a ideia da mesma, é confortável na sua constância. Mas o preço da segurança pode ser a perda da liberdade, de explorar novos territórios desconhecidos, e a própria vida, com as suas infinitas escolhas. Evitar certos riscos, aceitar as coisas como são, conformarmo-nos, não  sonhar sequer. A segurança, de certa forma, seduz-nos também. Ela anda de mão dada com o equilíbrio. Criamos o nosso espaço, içamos as nossas barreiras, construimos o muro que nos resguarda, e sentimo-nos seguros dentro dele. Não há oscilações, não há altos e baixos, não há desilusões.

O medo... Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? Quantas vezes perdemos a liberdade e morremos por dentro, apenas por sentirmos medo de abrir a porta dos nossos sonhos? Mas afinal o que é esse medo que tantas vezes nos limita? Existe realmente? Existir, existe. Até tem um nome, por isso existe. Existe dentro de nós. Criado por nós, auto-imposto por nós. E é incrível a capacidade que tantas vezes temos de o alimentar. Se por um lado nos queremos livrar dele, por outro, guardamo-lo, estimamo-lo até e usamo-lo quando nos dá jeito. Usamo-lo como desculpa para justificar o posterior arrependimento. Porque nos arrependemos sempre do que não fazemos. Fica sempre o eterno se a zumbir dentro de nós. Temos medo. Muitas vezes somos nós que criamos os nossos maiores obstáculos, estrategicamente colocados no caminho para justificar a nossa incapacidade de arriscar. Arriscar implica não conhecer todas as variáveis, implica não ser dono de todo o conhecimento, não ser uma relação causa-efeito, mas uma relação com demasiadas variáveis que não controlamos. Pode trazer desilusão, frustração, sofrimento até. O melhor é ficar quietinha no meu canto, na minha segurança. Posso até ficar contente com a minha prudência.  Desculpas que por vezes funcionam, e que, juntamente com o medo e a segurança formam um trio que anda sempre de mão dada.

Mas, por vezes, apetece... Apetece mesmo mandar os travões passearem sozinhos, agir contra as probabilidades, agir a meu favor, querer mais. Acreditar mais. Em mim.

10 comentários:

Deia disse...

Aiiiiiiiii... esta imagem mete MEDO! Mas, sim, às vezes apetece mesmo esquecer os travões.
bjs

Trintão disse...

Ou não fosses tu Peixes :D

Canhota! disse...

Quantas vezes já me apeteceu tirar os travões, quantas vezes os coloco pois sei que tenho que os ter!

O medo poderá pervalecer em determinadas situações mas também é a nossa coragem que por vezes enfrenta esse medo e ai todos os obstáculos são contornados e derrotados e podemos dizer: venci o medo...agora já não o tenho, venci-o!!

jinhos :)

Kika disse...

Às vezes apetece e às vezes tem mesmo que ser. Se não sofremos para não fazer os outros sofrer, quando muitos desses outros não têm o mesmo cuidado...

Sonhadora disse...

Isso mesmo! Ás vezes apetece esquecer tudo e ir sem medos, sem receio das consequências!
Beijocas

Nowe disse...

Querida Aniga Nexita;

Por vezes é imperativo (para nosso próprio bem), tirar esses "travões" e deixarmos-nos ir somente. Deixar as coisas acontecerem sem medos/receios, porque nem sempre as coisas têm que ser como foram até então. Existe sempre a probabilidade das coisas serem diferentes ao arriscarmos no escuro. Quem nos diz, que nesse "escuro", não iremos encontrar algo que nos fará feliz?

Mas aí está, é tudo uma questão de arriscar, sem medos. :)

Beijinho enorme minha Amiga*
Boa semana*

Esboços disse...

Ai tenho tantas vezes essa tentação xD Confesso que sou uma pessoa um tanto impulsiva e há quem me advirta para tal tendência que me é tão própria. Mas não acho que tenha de ser um defeito. Como já no teu texto o referiste: " Arrependemo-nos sempre do que não fazemos".. Ora eu prefiro mesmo fazer xD Mesmo que saiba que as probabilidades de sucesso sejam um tanto reduzidas. Caso contrário ficaria sempre a remoer e a remoer a mioleira com a questão " Como poderia ter sido se o tivesse feito?"
Claro que há limites para algumas das nossas tentações. Por vezes tem mesmo de haver...

Unknown disse...

Cara Nirvana
Apetece mesmo, mas acho que muito pouca gente o faz e quanto mais os anos passam menos coragem há para o fazer. Pensamos demais, e quando pensamos demais ignoramos o instinto, o impulso.
Mais uma vez consegues pôr em palavras o que eu só consigo pensar.
Um abraço

Serenata disse...

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
William Shakespeare

Ando aqui atrás de um pensamento (que não era este) que me veio á memória qundo li e responde na perfeição a esta questão do medo, que tantas vezes nos impede de viver...
Vou continuar a procurar, porque só me lembro da ideia não da totalidade do pensamento.
Bjinho

Anuska disse...

Somos ensinados de pequeninos a ter medo de cair...