terça-feira, 26 de outubro de 2010

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Quando alguém sobrevive a uma morte quase certa, como a queda de um avião, há quem lhe chame sorte, há quem lhe chame milagre, há quem diga que ainda não tinha chegado a sua hora. Porque dizem, ainda não cumpriram a sua missão por aqui. Porque, dizem, todos temos uma missão. Há uns anos, ao ler Ilusões, de Richard Bach, li qualquer coisa parecida com: se estás vivo, é porque a tua missão na Terra não está cumprida. Lembro-me que na altura pensei "espero cumprir a minha muito tarde" (Esperteza saloia...).

Nos últimos dias tenho pensado nisto. Ao cruzar-me com tantas pessoas na rua, no trabalho, tenho-me perguntado se todas essas pessoas se questionarão sobre o que fazem aqui. Tantas missões que andam por aí! Mas, tenho para mim, que a palavra missão não tem de ser uma palavra grande, vistosa, que atravesse continentes e oceanos. A palavra missão pode ser pequena e ter o alcance de um passo, de um abraço, de uma palavra.  Muitas vezes, não são precisos grandes feitos, não são precisos grandes esforços. Muitas vezes essa missão pode ser apenas a simplicidade, o sorriso que nos espera sempre, o carinho que nos acompanha, a mão que nos ampara. Ao olhar para a vida de algumas pessoas, pode-nos parecer que fizeram pouco nesta vida. Que tiveram um papel secundário. Mas, para as pessoas cuja vida foi tocada por essa vida, esse aparente papel secundário foi primordial. Este mundo louco em que vivemos seria bem pior sem estas pessoas, anónimas para muita gente, menos para os seus. 

13 comentários:

Mariana marciana disse...

Concordo plenamente. É o mudar o Mundo, uma vida de cada vez :)
Beijoca

Checa disse...

Olá querida Nirvana,

Sabes,pergunto-me muitas vezes: "Porque acordo eu todos os dias"?
Porque é a minha missão, ou o meu propósito de vida. Há sentimentos e valores pelos quais vale a pena viver.

Beijinhos

Poetic Girl disse...

Muitas vezes basta estarmos ali para alguém, dar a mão, um abraço! bjs

siceramente disse...

Não acho que andemos cá a fazer nada, estamos cá e pronto! Há que aproveitar cada momento e tentar aumentar os momentos felizes e encurtar os momentos menos bons!
:D

S. disse...

Acho que as pessoas “grandes” deste mundo nem sempre são as que fizeram grandes coisas, mas sim as que fizeram aquelas coisas pequeninas que fazem toda a diferença.
Há neste mundo pessoas maravilhosas, que nos mostram como é bom viver, que nos ensinam a viver com toda a alegria e intensidade que a vida merece.
Beijinhos grandes

Anónimo disse...

Curiosamente li no fim de semana uma entrevista da actriz Fernanda Serrano em que lhe perguntavam se a filha do meio, por ter sido aquela que 'levou' à descoberta do cancro, era especial para ela.
Ela respondeu que todos os filhos são especiais à sua maneira e que a filha do meio é uma menina de olhar vivo e sorriso alegre.
E acrescentou "tem concerteza uma missão especial a cumprir, mais que não seja fazer a mãe feliz".
E isto ficou a matutar-me na cabeça, a história duma criança tão pequena ter uma missão.
E lembrei-me que faz amanhã 1 ano que fui 'vódrasta' e que quando tudo começou, tudo eram problemas: o facto de o pai não o querer, o facto de a mãe aos 28 anos não ter emprego nem profissão nem curso e não ser independente, etc.
1 ano depois cumpre-se um missão de amor :) estamos todos unidos nesta missão de acolher, acarinhar, educar, amar esta nova vida.
1 ano depois tenho de admitir que somos mais felizes.
Beijo grande.

Trintão disse...

Sempre com bons textos e pensamentos :)

beijos

Crenteoptimista disse...

Olá!
Que é feito da Invisível? Está tudo bem?
Beijos

E... disse...

Nirvana,

todos nós temos uma missão. Nem que se resuma a viver. Nossos actos, palavras têm sempre impacto na vida das outras pessoas, nem a que isto se resuma a um bom dia ou um obrigado, o que por si só já pode ser muito para uma segunda, terceira, quarta ou...pessoa!
Só para tu "veres" eu vivi numa cidade de 22 milhões de pessoas e costumava ir tomar expresso a um café. Dizia sempre bom dia e muito obrigado no fim! vim a saber por terceiros que normalmente a pessoa que me atendia tinha perguntado por mim porque eu simplesmente dizia bom dia e agradecia e que tinha prazer em atender-me por achar que eu era simpático (entretanto tinha mudado de cidade). Por isso a ideia implícita no teu texto já foi alvo de reflexão minha. Um adeus, um obrigado, às vezes não é nada para nós e pode ser muito para outra pessoa. Pode ser reconhecimento, pode ser estima, e muito mais que isto.
Por isto acredito que todos nós temos uma missão, nem que seja com a própria vida, que é vivê-la!

Beijo

Anónimo disse...

Gostei muito do teu texto, e os teus pensamentos fizeram-me tambem a mim parar para pensar ...

Deia disse...

Muito bonito e muito verdadeiro!
bj

Canhota! disse...

Concordo contigo quando dizes que pessoas anónimas tém uma missão especial e isso é que as faz especial é serem anónimas...fazerem algo porque gostam de o fazer, serem elas próprias com os outros!

Todos temos a nossa missão, de uma forma ou de outra...ela nasce conosco, temos sim é que a saber usar no nosso dia a dia com os outros e também com nós próprias!

Tu por exemplo tens esta missão que é de escrever tão bem como escreves!

São pequenos valores que nos fazem querer estar por aqui!

jinhos:)

uminuto disse...

tens toda a razão. quantas vezes é nesse anonimato que se encontra a força necessária para prosseguirmos
um beijo