quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vila Lisa: último dia

A acabar as férias, nada como acabar em beleza, levando comigo a promessa de cá voltar. Este ano isto estava difícil. Ao fim de algum tempo, acabamos por nos fartar de visitar os mesmos lugares, comer nos mesmos sítios, ou se não são os mesmos sítios assim o parecem. Sempre a mesma coisa. Mas fiz as pazes com o Algarve nos últimos dias.

Ouvi falar de um restaurante, para os lados da Mexilhoeira Grande, perto de Lagos. Deve ser interessante, pensei. Confirmadíssimo. Tanto, que não posso deixar de pôr na lista de visitas obrigatórias no Algarve: Adega Vila Lisa, quase passando despercebido na rua. Não tem reclame na porta nem sequer o nome escrito, mas por aqueles lados, toda a gente sabe onde fica. Apenas uma porta entreaberta e uma janelinha amarela, essencial para identificar o local.



Ao entrar, somos invadidos por um ambiente rústico que contrasta de forma fantástica com a arte contemporânea que cobre todas as paredes, quadros lindos, pintados por José Vila, um dos donos do restaurante. Uma sala pequena, numa casa tipicamente algarvia, com o tecto em vigas de madeira, em que as mesas individuais não existem. Duas mesas corridas de madeira, bancos, também corridos, que acompanham o comprimento das mesas. Quem chega, senta-se ao lado dos que já lá estão, e de imediato começa a chegar a comida... uma verdadeira homenagem à gastronomia algarvia.

Desde os pratos, aos copos, aos talhares, tudo nos transporta no tempo. Não há ementa. Não se sabe o que se vai comer, apenas uma certeza: não há grelhados, apenas comidinha do tacho ou do forno, feita com o rigor de sempre e em que a tradição impera. Tradição que José Vila apreendeu da mãe, cozinheira de mão cheia. A comida vai chegando, os pratos vão-se sucedendo. Convém levar muita fome e uns estômagos sobresselentes. Bebidas, apenas água e vinho, servido em jarrinhas que rapidamente se esvaziam. As sobremesas geralmente são fixas, incluindo os queijinhos de figo, acompanhados por aguardente de medronho, para quem gostar. O café é de cafeteira, servido em copos, e à descrição.



José Vila, senhor de idade indeterminada, vestido de branco, de havaiana branca, a condizer com o cabelo e a barba, é uma figura carismática, a lembrar o capitão Iglo. Cozinheiro, pintor, erudito, simpático, assim como o resto do pessoal da casa, com sorrisos nos rostos, coisa rara por estes lados.


Da arte que cobre as paredes do restaurante só posso dizer que adorei. Por mim trazia os quadros todos para casa. Mas, na verdade, comi tanto que não conseguia transportar mais nada a não ser a minha pessoa.

















Gostei, gostei muito. Um restaurante diferente, uma noite diferente, a repetir, sem dúvida.




4 comentários:

Gemini disse...

Olá Nirvana!

Quero começar por pedir-te desculp, por não partilhar contigo, mas quem me fez a "oferta", ofereceu também a ti.

É apenas para não ser repetido que não partilho contigo. Mas tens lá um destaque, que nunca deixaria de fazer!

Um beijinho especial ;))

Gemini disse...

* A "desculpa" está incompleta...

Falta o "a".

mimanora disse...

Tenho de experimentar, deve ser uma lufada de ar fresco no Algarve.
(também eu fiz as pazes com o Algarve este ano;))

Soraia Silva disse...

Por acaso, tal como descreveste (em relaçao à comida), nao faz muito o meu genero (posso dar a minha opiniao nao posso Nirvaninha?:))

eu gosto sempre de saber o que vou comer, à vezes até fico na duvida.
infelizmente sou muito esquisita no que diz respeito à comida (nao gosto de quase nada :S) e gosto quase sempre de acompanhar a comidinha com um Ice Tea de pessego :P

mas cada qual com os seus gostos, claro!!!

sao estes cantinhos despercebidos, que acabam por serem mais surpreendentes do que aqueles que apostam em tal publicidade etc etc :)

beijinho :)