Uma vez fiz um cheesecake com natas light, queijo light, açúcar light, tudo light. Não ficou mau de todo mas era igual? Não, não era. Cheguei à conclusão que valia mais uma fatia (alargada) do cheesecake normal do que o cheesecake light inteiro. Os ingredientes certos fazem a diferença.
Com o Natal acontece exactamente a mesma coisa. Andava eu a tentar apanhar o espírito natalício aqui e ali, sem sucesso algum. Precisava dos ingredientes certos: a terrinha lá no fim do mundo, a casa onde passei quase todos os Natais, muito frio, a lareira de sempre, as rabanadas da tia A., que todos os anos, nunca estiveram como este ano, e, mais importante que tudo, a minha família. A confusão, quando começam a chegar uns atrás dos outros, as conversas, os risos, os meus sobrinhos a saltar-me para o colo, os abraços, ... , sentir que continuamos a ser uma família. Efeito imediato. Apesar da minha função ser tomar conta das crianças, sinto-me transportada para quando era eu criança. Desse tempo, faltam, fisicamente, duas das pessoas mais importantes da minha vida. Não estão comigo mas estão em mim, e estarão sempre.
Algumas tradições foram-se perdendo, mas outras continuam iguais, como as batatas e as couves cozidas no pote na lareira, o pão doce, a açorda de bacalhau que a minha tia continua a fazer para mim. Não há como convencê-la que não quero. Não sou muito fã de açorda. Durante o ano inteiro, é prato que não se senta à minha mesa, mas a açorda de bacalhau na véspera de Natal era um petisco. A minha tia faz aquilo com tanto carinho, para mim, não dando a receita a mais ninguém, "quando ela vier cá, ela come", que não tenho coragem de dizer que não consigo comer nem mais uma migalha. Ver a satisfação dela compensa as corridas a mais que vou ter de fazer, em Janeiro, porque agora está muito frio!
Os miúdos são reis e o Pai Natal também passa por aqui. Eu e os meus primos começamos uma tradição nova, em que damos uma prenda na brincadeira a quem nos saiu em sorteio. Tornou-se um dos momentos mais divertidos da noite. A "prenda" acompanhada de um pequeno texto ou verso em que, antes de se dizer o nome do destinatário, temos de tentar adivinhar quem é. A ti, meu querido primo R., só te digo que a vingança vai ser terrível!! Para o ano espero que me saias tu :).
E assim foi o Natal, mais uma fatia deliciosa. Comparar a vida com um bolo será, talvez, pouco poético. Mas a verdade é que me sinto afortunada por ter nascido aqui, por ter a sorte, a IMENSA sorte, de ter tantos ingredientes saborosos, verdadeiros, que os mais amargos e azedos se vão dissipando e perdendo a importância.
10 comentários:
São momentos assim que fazem o Natal!...
Beijinhos :P
Que lindos momentos, não é mesmo! Assim vale a pena. :-)
kiss
Não há dúvida que são estas pequenas coisas que fazem o Natal. Pode faltar um ou outro ingredinete, mas o importante é que não falte açucar, que é como quem diz amor. O importante é sabermos dar valor ao qe temos em cada momento. Pena que seja algo que só fazemos no Natal. Por isso e por outras razões uma das resoluções para 2010 vai ser fazer de cada dia, um dia de Ntal.
Beijinhos
Libelinha
É verdade. E são momentos assim que nos fazem sentir que temos o nosso lugar sempre à espera.
Beijinhos
Pinkk
Vale a pena, sim.
No próximo Natal, vais ver o teu Piolho a "mexer" no Natal!
Beijinhos
MissC
Acho que depende de nós também manter os ingredientes certos. É fácil deixar o leite azedar ou o bolo estragar. Basta não lhes ligar. Se queremos que o bolo fique bom, bonito, temos de cuidar dele.
Para mim, a família sempre foi um ponto de equilíbrio. Sempre me apoiaram incondicionalmente. O Natal é feito destas pequenas coisas, em que nunca falta o tal "açucar".
Beijinhos
Que esse Natal seja uma realidade ao longo do ano!!!;)
Beijocas
Tu não estragues o cheese-cake...
IM
PB
Depende de nós, só de nós.
Beijinhos
IM
Lolllll!
Bjks
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