terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sei que passas aqui de vez em quando...



Há alturas na vida em que temos plena consciência daquilo que somos, do que queremos, dos nossos objectivos e como os concretizar. Acho que a primeira vez ocorre por volta dos 5-6 anos, quando já conseguimos ter a capacidade de abstracção, pensar no amanhã como amanhã. Nessa altura somos nós, o centro, e o resto, o mundo. Não questionamos quem somos. Sabemos quem somos e respondemos prontamente, com nome, idade e morada quando nos perguntam "quem és?" Os objectivos passam por deitar depois das nove, não comer a sopa, ter aquela bicicleta linda ou dar um pontapé ao Joãozinho, que me puxou o cabelo hoje. Anos mais tarde, parecerão objectivos banais e iremos rir-nos deles. Mas naquela altura, eram grandes. Ou o Joãozinho não tivesse o dobro do nosso tamanho! Mas nada nem ninguém abala a confiança em nós ou na concretização desses objectivos. Sabemos de quem gostamos e de quem nem gostamos. Somos espertos o suficiente para gostarmos de quem nos trata bem e gosta de nós.

Crescemos e começamos a dar nomes diferentes aos objectivos. A uns, continuamos a chamar objectivos. A outros, chamamos sonhos. Aprendemos as respostas para as nossas perguntas. Surgem novas perguntas, que muitas vezes, arrasam com as respostas que tinhamos aprendido, e connosco também. Aprendemos de novo. Aprendemos, re-aprendemos tantas vezes que às vezes nos perdemos no meio disto tudo. Já não sabemos quem somos, e muito menos para onde vamos. Até o de onde vimos fica incerto. Deixamos que nos limitem os sonhos. Deixamos que nos limitem a nós. O Joãozinho, embora do nosso tamanho, parece-nos enorme. Tornamo-lo enorme, ao tornarmo-nos pequeninos. Se em pequenos fazerem-nos sentir bem era condição essencial para não fugirmos a sete pés, em adultos as artroses tomam conta dos joelhos e ficamos no mesmo sítio. Deixamos de ser o centro, não do mundo, mas de nós próprios. Deixamos que nos roubem o ar e o espaço. Deixamos que o nosso amor por alguém nos faça perder o amor por nós. Ficamos presos ao que chamamos amor.

Mas o amor não é uma prisão, nem deve ser. O amor deve ser a chave, um open space onde podemos ser tudo o que queremos. Onde podemos ser nós próprios. Onde podemos crescer, juntos.

O amor não é uma competição, um braço de ferro entre vontades. O amor deve ser a vontade. Vontade de ser e fazer ser.

O amor não gera medo, afasta-o. O amor gera confiança em nós e no outro. O amor dá-nos confiança.

O amor não é egoísta, não significa sermos um, desde que o um seja eu. O amor é partilha. O outro é o que é, ama aquilo que ama, quer aquilo que quer e não aquilo que queremos que ele seja ou sinta ou queira. Tem que ser ele próprio nas suas próprias decisões e opções. O amor pelo outro não deve matar o amor por nós. O amor não rouba a essência da pessoa, não molda, o amor embeleza.

O amor não é cobrável (ou, seguramente não passaria sem pagar imposto), simplesmente existe. O amor não se exige, não é medido em abraços, beijos, palavras, gestos, simplesmente porque não se contam, dão-se apenas. No amor, dar é uma forma de receber. O amor é simples.

A tua cara não me sai do pensamento hoje.  Vamos lá limpar essas lágrimas, quero voltar a ver o teu sorriso. Quero ver-te acreditar em ti. Quero ver-te feliz. Quero voltar a ver a minha amiga criança. Quero ver-te dançar. Clica aqui, hoje sou eu que ponho esta música para ti.

20 comentários:

Kika disse...

O amor é um trabalho de equipa ;)

Marquês de Sade disse...

Lindo!

Anónimo disse...

Você tem amigos?
Em caso positivo, então sabe o quanto é importante ter amigos verdadeiros.
Muito já se falou desses tesouros chamados amigos, mas nem todas as pessoas lhes dão o devido valor.
Quando não se é rico, nem importante, nem famoso, é fácil saber quem são os amigos, pois, em tese, não têm outro motivo para uma aproximação, que não seja a amizade pura e simples.


O mesmo não acontece com pessoas ricas ou famosas, pois aí poderá haver aproximações movidas por interesses e conveniências nem sempre baseados na amizade sincera.
É muito comum que pessoas famosas, muitas vezes, se sintam solitárias, fiquem depressivas e apáticas, por falta de alguém em quem possam confiar incondicionalmente.

A verdadeira amizade está acima de quailquer valor financeiros.
Todo o dinheiro do mundo não seria suficiente para adquirir uma amizade leal, já que é um sentimento que não está à venda.
E por mais rico que seja um ser humano, ele não será completamente feliz se não contar com, pelo menos, um amigo fiel.
De nada valeria ser a pessoa mais famosa do mundo, se não pudesse contar as alegrias a um amigo.
De nada adiantaria ter todas as riquezas materiais que o mundo pode oferecer, se não houver uma amizade para compartilhar.
Por outro lado, ainda que a pessoa seja a mais pobre da face da terra, se tiver um amigo verdadeiro, nunca passará necessidade.

Quando outras emoções se enfraquecem no vaivém dos choques, a amizade perdura, companheira das pessoas que se estimam.
Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.
A amizade pura é uma flor que nunca morre.

EU POSSO CONFIAR CONDICIONALMENTE EM TI...
ÉS A MINHA FIEL E VERDADEIRA AMIGA...
SIM,AMIGA... TU ÉS A MINHA FLOR!!!

Obrigada por existires!!!

Adoro-te minha Amiga...

Um grande beijuinho

Pepita Chocolate disse...

Este texto foi um dos textos mais bonitos que li nos últimos tempos. Muito, muito bonito!
Li-o há umas horas atrás e pensei que a pessoa a quem é dedicada tem muita sorte por ter-te como amiga.

Beijoca!

Gemini disse...

Podia ter escrito este texto, tal a forma como me identifico com o teu registo!

É impressão minha ou não "lia" esta Nirvana há uns meses atrás?!

Na resolução de um problema, o mais difícil é tomar consciência que existe, é identificá-lo. Como se poderá reparar algo que não nos apercebemos que está mal?... Essa tomada de consciência faz-nos perceber o tamanho de alguns obstáculos, o quão complicado é "encontrar" compatibilidades, e gerir as "incom".

Há "quem" diga que é "De noite, mais cedo"...

Quando vários objectivos se transformam em vários sonhos, como dizes, talvez uma hipótese para nós seja reduzir o número de sonhos e sonhar apenas um, mas mais alto, aquele que nos fôr melhor, dentro dos que estão ao alcance.

A tua amiga, a tua amiga... Só sendo dada por ti, saberás o quanto dói uma "cabeçada" na parede... Eu poderia dizer-te Nirvana, mas não seria a mesma coisa!

Adorei o teu post, e para mais tem "dedicatória"!

Parabéns, Beijoca.

uminuto disse...

linda esta amizade que se solta das tuas palavras...este amor que se faz do entreleçar de dez dedos
um beijo emocionado

CybeRider disse...

Que o é de facto. Simples. Porém os nossos objectivos também são obstinadamente demarcados e protegidos face às nossas capacidades que, como referes, aumentam e diminuem com o passar do tempo e com as circunstâncias.

Talvez o que mais custe no amor seja encontrá-lo, e depois de nos enganarmos substituir o sucedâneo pelo verdadeiro. É precisa muita coragem para voltar ao início. Quanto mais deixarmos o castelo falso crescer mais pedras haverá para derrubar e mais também para colocar de novo. Mas a vida é mesmo assim, construir e demolir para voltar a construir.

Noutra coisa ainda terás razão, não adianta perdermos a nossa identidade em sacrifício dessa aposta, mas para isso é preciso manter o amor próprio. E com a idade começamos também, tanta vez, a precisar de umas ajudas de memória...

Beijinho

Anónimo disse...

Essa mensagem é linda!... A tua amiga é uma sortuda porter uma amiga como tu!...

Beijinhos ;P

Unknown disse...

São palavras como estas que distinguem as pessoas. A tua amiga tem muita sorte em ter uma amiga como tu. Deste post, mais do que as palavras que não precisam de comentários, retiro a simplicidade com que foi escrito. A simplicidade que só pode vir do coração. Um coração que escreve isto é um coração onde cabe o amor que falas, simples.
Parabéns, pelo post, que é magnífico e pelo teu coração.
Um abraço

Nirvana disse...

Kika
Tens toda a razão. É uma construção, em que os alicerces são fundamentais.
Beijinho

Nirvana disse...

Marquês
Obrigada! :)
Beijinho

Nirvana disse...

Amiga
Fico triste por te ver sofrer. Tens tudo para seres feliz. Mereces ser feliz. És linda, e tenho pena que não vejam isso.
Mas estou aqui, sempre que precisares. Posso não conseguir evitar que caias, mas a minha mão está sempre estendida para ti.
Beijo grande para ti

Nirvana disse...

Pepita
Obrigada! Como em tudo na vida, as melhores coisas são as coisas simples. A amizade, como forma de amor, também é. Se o mundo fosse perfeito, nunca veríamos quem não merece sofrer, mas não é. Para isso, estamos cá, uns para os outros.
Beijinhos

Nirvana disse...

Gemini
:)
Vamos crescendo, acho eu. Ou vamos começando a definir as coisas na nossa cabeça, e a acreditar nelas. E, se calhar, a acreditar em nós, a não querer menos do que aquilo que queremos. Não é assim tão fácil sorrir porque aconteceu e não chorar porque acabou :). Exige uma maturidade que eu sei que ainda não alcancei. Mas maior serenidade, sem dúvida. Tive ajuda neste caminho!
Eu sei que temos de ser nós a fazer o nosso caminho e a dar as nossas cabeçadas. Já dei algumas, eu!

Obrigada, Gemini.
Beijinho

Nirvana disse...

Uminuto
Poucas coisas poderão ser tão bonitas e tão verdadeiras como a amizade. Arrisco-me a dizer que quem não sabe o que é ter um amigo verdadeiro, terá uma existência muito vazia.
Beijinho

Nirvana disse...

Cybe
Talvez porque não adiante procurar, essa coisa chamada amor. Talvez seja ele que nos encontra a nós. Digo talvez porque é no que acredito, mas se é verdade, não sei.
Difícil também será ter a coragem e a força necessárias para fechar a porta, se esse amor nos faz mal. Porque nem todos os amores nos fazem bem. Um amor que nos faz diminuir, em vez de crescer, chorar em vez de sorrir, não será muito bom, mas esse amor também consegue ser um chato de primeira apanha e não nos largar!
O castelo Cybe, tem de assentar em bases sólidas, como respeito e confiança.

Beijinhos

Nirvana disse...

Cybe
Talvez porque não adiante procurar, essa coisa chamada amor. Talvez seja ele que nos encontra a nós. Digo talvez porque é no que acredito, mas se é verdade, não sei.
Difícil também será ter a coragem e a força necessárias para fechar a porta, se esse amor nos faz mal. Porque nem todos os amores nos fazem bem. Um amor que nos faz diminuir, em vez de crescer, chorar em vez de sorrir, não será muito bom, mas esse amor também consegue ser um chato de primeira apanha e não nos largar!
O castelo Cybe, tem de assentar em bases sólidas, como respeito e confiança.

Beijinhos

Nirvana disse...

Libelinha
Obrigada! Custa ver uma amiga sofrer sem podermos fazer nada. Sentimo-nos impotentes. Apenas temos a nossa amizade para dar. Pudesse eu tirar-lhe os espinhos do caminho!
Beijinhos

Nirvana disse...

Libelinha
Obrigada! Custa ver uma amiga sofrer sem podermos fazer nada. Sentimo-nos impotentes. Apenas temos a nossa amizade para dar. Pudesse eu tirar-lhe os espinhos do caminho!
Beijinhos

Nirvana disse...

João
Tem de ser assim, simples. O nosso amor deve dar-nos calma, segurança, fazer-nos gostar de nós. Pelo menos, é o que eu penso.
Obrigada!
Beijinhos