terça-feira, 24 de novembro de 2009

Impressão minha?


Dou por mim a pensar que, ou as pessoas não sabem o que querem, ou isto anda mesmo tudo ao contrário. Fico triste quando vejo pessoas que vêem anos da sua vida transformados numa mentira. Talvez não tenha sido sempre assim, parte desses anos tenham sido verdadeiros, mas ficam sem saber onde acaba uma e começa a outra.

O R. é um dos meus amigos mais queridos. Descrevê-lo em poucas palavras é impossível. Uma das pessoas mais verdadeiras que conheço, com os seus valores e ideais bem definidos. Incapaz de ter um sentimento menos bom. Hoje, fui almoçar com ele. E foi uma tristeza só.

Tristeza em ver como as pessoas, que até são correctas e acreditam em valores como família, amor, fidelidade, se chamam a si próprias estúpidas e dizem que estas palavras não passam de anedotas. Saber que a pessoa com quem partilhamos a vida durante dez anos nos engana, não é fácil. Não saber porque é que essa pessoa não teve por nós pelo menos o respeito de nos informar que tinha surgido outra pessoa na sua vida e os seus sentimentos tinham mudado, menos fácil é. Equacionar isto com os nossos valores, tarefa muito difícil. Claro que nesta fase, a mágoa é rainha e senhora e tudo adquire um carácter de fatalidade. Aquilo em que acreditavamos desmorona por completo e leva com ele uma parte de nós. Essa parte ficará sempre com uma cicatriz, é inevitável. Será a maneira como tratamos a ferida que vai determinar a extensão da cicatriz.

Agora, a ferida está aberta. A partir de agora ele vai ser um traste com as mulheres. Porque são todas iguais. Porque não dão valor aos sentimentos. Porque gostam que as tratem mal. Porque se um homem as trata bem, elas abusam. Porque só gostam dos trastes. Porque não merecem. Confortável no meu lugar de amiga, logo, não incluída no grupo das mulheres, fui ouvindo ele tentar convencer-se de tudo isto. Até acredito que neste momento ele pense assim, mas espero que, passada esta fase, volte a ser o R. Porque não o imagino de outro modo.

Passo a vida a ouvir as mulheres queixarem-se dos homens. Porque não podem ver um rabo de saia sem irem atrás ou, pelo menos, babarem-se um bocadinho; porque não querem compromissos; porque têm medo de assumir uma relação mais próxima; porque querem ser eternamente adolescentes, mesmo com 180 anos; porque querem é copos, amigos e futebol;  porque... porque... Os homens dizem o mesmo em relação às mulheres, trocando os amigos pelas amigas, as saias pelas calças e o futebol pelas compras... 

Anda mesmo tudo ao contrário, apenas desencontrado,  ou é só impressão minha?

11 comentários:

Marquês de Sade disse...

Não é impressão tua... mas a vida é mesmo assim!
Já aprendi isso!
Bj

E... disse...

Nirvana:

A gerra dos sexos que tanto escrevemos sobre isso ( eu, tu, o Gemini e outros tantos) repete-se.

Eu aprendi que não se pode dar tudo de nós, porque se não corremos o risco de acontecer o que aconteceu ao R. e a muitos outros.
A verdade é que o discurso é: "Dedicação pretende-se!", mas daí a ser verdade vai uma grande distância. E quando é já sabemos como acaba! Seja para um lado para o outro!

Nada como ser um pouco BADBOY ou BADGIRL!!!

Gemini disse...

Olá Nirvana.

O E... tem razão, quando diz que já falámos muito sobre isto. Tenho dito e mantenho, (e aqui, mais uma vez, está a prova disso) que nisto dos sentimentos e comportamentos não há cá homens ou mulheres; há pessoas.
O teu amigo R. vai saber um dia, se é que já não sabe(!), que não se deve fazer ninguém pagar por um erro que outro alguém cometeu. E esta máxima defende e prova ao mesmo tempo, que as mulheres/os homens NÃO são todos iguais!
O R. nunca deverá deixar de seguir os valores em que acredita. Quantas mulheres não andam por aí que viveram igual experiência? - Porque não poderá o R., num futuro qualquer, encontrar alguém que tendo vivido a mesma dor, lhe possa ser a "metade" que esse "ser" não soube ser?... Um final, encerra também um início!

O R. não deverá deixar de ser quem é. Nem deixar de acreditar nos valores que tem defendido. Ao demais, percorrer um caminho que não é o dele, só o levará onde outros já foram, que não me parece ser onde ele quer ir.

(O teu amigo R. sabe procurar o "livro" certo, na "prateleira" exacta!)

;))

UM beijinho.

Gemini disse...

P.S.

(E sim, Nirvana... Andam por aí muitos desencontros...)

Kika disse...

tanto acontece a homens como a mulheres... Há sempre gente sem escrupulos e que age sem pensar em como afecta os outros.

Anónimo disse...

Não gosto de saber destas histórias!... Não compreendo a falta de respeito que se têm pelo parceiro!... Existe muita falta de respeito neste momento entre as pessoas e muito egoismo!... Não entendo este mundo!...

Beijinhos ;P

mimanora disse...

Sabes o que é que acho?
Anda tudo insatisfeito! As pessoas trocam valores e principios pelo que as satisfaz, egoísticamente, esquecendo o outro, o nós e pensando só no eu, no imediato.
É um mundo virado ao contrário é e o consumismo a invadir aos "sentimentos".
Queremos ser felizes a todo o custo esquecendo que a felicidade vai-se alcançando, que é um caminho até por vezes tortuoso...
Espero que o R. recupere rapidamente e que veja que nem todas as mulheres, bem como nem todos os homens são como ele vê agora. (eu ainda vou acreditando nisso ;))

Beijinho

Pinkk Candy disse...

isso é mesmo muito triste. há mesmo pessoas falsas!!!

kiss

Pepita Chocolate disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pepita Chocolate disse...

Talvez toda a gente me vá bater, mas penso um bocadinho diferente. As coisas para não funcionarem têm influência de ambas a s partes. Não é a primeira vez que falo sobre isto, com pessoas que conheço.
As pessoas vivem hoje uma exigência profissional que antes não se via. Precisam trabalhar mais, as responsabilidades são maiores, as contas de casa, o nível de vida por nós exigido é superior. As pessoas passam demasiado tempo fora de casa. passam demasiado tempo com os colegas de trabalhos, ou outros, e os companheiros/as são pessoas com quem se está um par de horas, com quem dormem mas não falam.
E aumentando as exigências profissionais também os sentimentos começam a sofrer com isso.A pressão é demasiada, as pessoas estão mais sujeitas a que lhes apontem os defeitos, lhes toquem na auto-estima. A adicionar a isto, a preocupação financeira ocupa grande parte da cabeça das pessoas. E muitas vezes, coisas básicas das relações começam a ser descuradas e os envolvidos nem notam. A situação arrasta-se. As pessoas vão ficando carentes e quem lhes parecia o par perfeito começa a parecer um(a) desconhecido/a. A par disso, conhecem-se outras pessoas, que colmatam as falhas que se estão a sentir. As pessoas dialogam pouco entre si, umas não se queixam, outras não se apercebem. E sentimentos paralelos aparecem, com pessoas que, noutras circunstâncias, seriam altamente improváveis.

As pessoas podem ser excelentes, mas as relações alimentam-se de dinamismo. hoje as pessoas precisam que lhes provem que são amadas, e mal há tempo para respirar, quanto mais para amar.
E se o que se precisa mais, aparece ali ao lado, e está todos os dias presente enquanto que quem vive em comum, nem sequer se apercebe, começa a ser tentador. As pessoas estão demasiado carentes e situações destas começam a ser cada vez mais comuns. E parece-me que estão a acontecer mais com mulheres.
Com o aumento das responsabilidades, os homens ainda têm um pensamento de Idade Média: eles é que têm de ser a parte forte, quem tem de levar o dinheiro para casa, sustentar a família, zelar por ela. E depois, outros pormenores são descurados.

Nos tempos que correm, o romantismo está em desuso entre os casais, a convivência é escassa e o diálogo é nulo.

E depois ficamos surpreendidos quando este tipo de coisas acontecem.
Mas como diz o velho ditado: "Só sabe do convento, quem lá está dentro." e nos tempos que correm, parece-me que nem os que estão dentro do "convento" saberão o que se passa entre eles. e o pior acontece!
E ninguém gosta de ser traído!

Desculpa ter-me alongado.

Beijoca!

Unknown disse...

A vida é feita de desencontros, e encontros tambem, se estivermos atentos. Vemos é mais depressa os desencontros.
Abraço