Não somos muito diferentes dos caracóis*. Não, não estou a falar da lentidão ou do facto de terem antenas, mas sim da sua reacção ao perigo. Os caracóis, quando se sentem ameaçados ou quando se sentem magoados, recolhem-se na sua concha. Tornam-se invisíveis (acham eles). Exibem a sua carapaça e julgam estar muito seguros. Nós, quando nos magoamos, recolhemo-nos em nós e, na ausência de uma carapaça física, construímos a nossa, muitas vezes imperceptível aos outros, mas perfeitamente visível para nós, porque a sentimos. Decidimos colocar-nos à margem, até porque não nos queremos magoar novamente.
Tal como o caracol, que acha que a sua concha é muito forte, capaz de o proteger de qualquer perigo, também nós temos essa ilusão. Achamos também que, com o tempo, essa concha se vai tornando cada vez mais dura, mais resistente. Mas afinal, todos sabemos como é frágil a concha do caracol e com que facilidade pode ser esmagada.
* Ou seja, sou um caracol!
* Ou seja, sou um caracol!