quarta-feira, 30 de março de 2011

E se?


 "E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?"

"Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?"

José Saramago, em "A maior flor do mundo"

segunda-feira, 28 de março de 2011

Onde vamos parar?

Quando me dizem "não percebes nada de política", não poderiam estar mais certos. Não percebo mesmo. A esquerda e a direita, a direita e a esquerda,  o centro algures pelo meio, umas vezes mais à esquerda outras mais à direita. Tirando os extremos de uma e de outra, parece-me que fica tudo um pouco igual, pelo menos por cá. Gostava de perceber mais, pelo menos de forma a conseguir decifrar não o que dizem mas sim o que querem dizer. Mas não percebo, nem pretendo parecer perceber. Percebo, sim,  a medida em que a política afecta a minha vida, e, como a grande maioria dos portugueses, tenho-me sentido como uma laranja no espremedor de uma pessoa muito poupada: cada vez mais espremida; quando parece que já não há mais sumo, espreme-se mais um bocadinho para se aproveitar as últimas gotas. 
O nosso demissionário primeiro-ministro e o seu respectivo partido nunca contaram com o meu voto. A demissão do governo  não me espantou. Eles podem fazer asneira, bater com a porta e irem embora. Nós não podemos bater com a porta às dificuldades que eles nos criaram e virarmos costas à nossa vida. Temos de continuar a tentar equilibrar o nosso dia-a-dia, a ajustarmo-nos, a viver ao ritmo que nos impõem. Mas, confesso, a demissão dele não aliviou nem um pouco a minha preocupação com o futuro. A apreensão mantém-se. Não acredito que as coisas melhorem, aliás, acho que vão piorar. Tenho de confessar a minha ignorância. Pensei que o PSD tinha chumbado o PEC4 porque não concordava com as medidas de austeridade, a raiar a hiper-austeridade. Mas, afinal, nas palavras de Passos Coelho "Votámos contra o pacote de austeridade, não porque foi longe demais, mas porque não vai suficientemente longe para obter resultados na dívida pública" (aqui). Onde vamos parar? Espero, sinceramente, que as medidas pensadas para obter esses resultados incluam instâncias mais elevadas do que os trabalhadores que se esforçam por se manter à tona neste mar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Nem com muito yoga!

Há coisas que conseguem melhorar a nossa disposição: um belo dia de sol, uma boa notícia, uma conversa com os amigos, etc, etc, etc. Há muitas, muitas coisas que o conseguem fazer. E há coisas que conseguem piorar a nossa disposição. Umas mais graves que outras, é certo. Tenho para mim que as coisas muito, muito graves, não nos irritam, na maior parte das vezes. Entristecem-nos, deixam-nos frustrados e depois, então, talvez irritados. Mas não é por ser uma coisa menos grave  que não tem o direito de nos irritar. Afinal, o direito quando nasce é para todos, grandes e pequenos!

Uma coisa que a mim me costuma irritar é a falta de respeito pelo próximo. Aqui, também o grau de irritação e o grau de desrespeito variam amplamente de grau, mas a base é sempre a mesma: a falta. E quando falta, falta.

Todos sabemos que por vezes estacionar o carro é uma dor de cabeça. Voltas e mais voltas. Quando, depois de umas voltas - ou até talvez nenhuma - não se encontra um lugar e deixar o carro um pouco mais longe está fora de questão, porque exercício apenas se faz no ginásio e andar umas centenas de metros a pé não é exercício mas sim uma canseira, o que se faz? Estaciona-se de qualquer maneira. Segunda fila, terceira fila, não importa. Bloqueiam-se outros carros? Qual é o problema? As pessoas podem ter compromissos e necessidade de retirar o seu automóvel bem estacionado, com direito a moedinha no parquímetro e tudo? Temos que aprender a dominar o stress, fazer exercícios de auto-controlo, ser simpáticos. Por isso, até é um favor. Como poderiam desenvolver estas tão boas qualidades se não tivessem oportunidade?

E, quando depois de esperar... e esperar... e esperar... intercalando com algumas buzinadelas e incursões nas lojas mais próximas, tentando encontrar o dono do dito automóvel, este aparece, sorridente, e diz, com a maior calma: "Mas eu deixei os quatro piscas ligados", ser simpática é a última coisa que nos ocorre. Arrependemo-nos de não ter tratado de ele ir buscar o carro ao parque dos rebocados! 

Entendo que, numa situação de urgência, estacionar bloqueando outros carros se justifica, deixando um contacto visível se a demora for mais prolongada. Vá lá, até uma situação menos urgente, em que se tenha o carro debaixo de olho. Mas porque se ligam os quatro piscas???? Como li algures "Oh God, make me good, but not yet"!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Oportunidades...

Não tarda muito estamos na Páscoa e por aqui ainda se vai no Natal!! Da Páscoa ao Verão é um saltinho e depois já se está quase no Natal outra vez. O Natal é intemporal e quando o Homem quer, por isso, seria um tema sempre actual, seja em que altura for. :-)

Faz-me pensar que um ano passa realmente demasiado depressa. Um ano parece tanto tempo e, afinal, é tão pouco. Menos será ainda se chegarmos ao dia 31 de Dezembro, brindarmos a um novo ano sem termos um motivo para brindarmos ao ano que passou. Por pior que nos corram as coisas (e, francamente, a situação do país preocupa-me cada vez mais), por mais que não consigamos realizar os nossos objectivos, que não seja por não termos lutado, que não seja por termos baixado os braços e deixado a vida passar por nós. Porque por vezes só temos uma oportunidade. Uma oportunidade para ser, para fazer, para ouvir, para sentir. Uma oportunidade para fazer a diferença na vida das pessoas. Uma oportunidade para que façam a diferença na nossa vida. Uma oportunidade para fazer o que devíamos fazer. Uma oportunidade para dizer o que precisamos dizer.  Uma oportunidade para agarrar os nossos sonhos. Por vezes essa oportunidade passa-nos ao lado sem a vermos sequer. Outras, salta à nossa frente, está mesmo ali, tão ali que nem acreditamos. Adiamos para depois, pelas mais variadas razões: porque não é o momento certo, porque não temos tempo, porque se calhar poderá aparecer outra oportunidade. Uma melhor, pensamos. Mas muitas vezes as oportunidades não se repetem. Só temos uma. E mais nenhuma.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal...

A árvore está feita há algum tempo, com as luzes a piscar, de vez em quando, quando me lembro...
Há enfeites espalhados pela casa... uns novos, outros que já enfeitaram outros Natais...
Há pedaços de papel de embrulho esquecidos aqui ou ali... gosto de fazer os meus embrulhos, além de muitas vezes não haver paciência para esperar que embrulhem.
Há... Não, não há... 

Por mais que se fale de Natal, por mais que veja por todo o lado sinais que o Natal está aí à porta, para mim, o Natal só começa no momento em que abro a porta de casa, lá na aldeia. Não consigo imaginar o Natal em outro local. Como diria o outro "haver Natal sem ser na aldeia, há, mas não é a mesma coisa".  Por mais que me esforce, aqui não cheira a Natal! Sim, porque o Natal tem cheiro. Tem cheiro, forma, cor e espírito. O cheiro do frio que me põe o nariz vermelho, o cheiro dos montes que viaja ao sabor do vento que me gela as mãos,  o cheiro da madeira a arder na lareira, o cheiro a canela, o cheiro da minha casa. As pessoas, a minha família, que dão forma ao Natal, a razão porque ele existe. Os abraços, a conversa que não se esgota, as recordações... a nostalgia, a saudade dos que já não estão cá traduzida nos olhares tristes, quantas vezes acompanhados de um sorriso quando olhamos para o local onde se costumavam sentar. Nostalgia, sim, e não há problema nenhum, porque é bom recordar, mesmo quando a saudade dói.  É assim que as pessoas se mantêm vivas em nós. Ninguém tem saudade das coisas más, pois não? E as crianças!! Consegue-se sentir a alegria deles, correndo de um lado para o outro, subtraindo um ou outro doce, e, claro, ansiando pelas prendas. Quando era pequena, vivia esta época com a expectativa das prendas. Não só porque as prendas rareavam naquela altura como porque era uma espécie de certificação do meu comportamento!! Mas agora, olhando para trás, sei que não foram as prendas que mais me marcaram, mas sim aquilo que ainda hoje faz o meu coração sorrir nesta altura: o conforto e o aconchego. Se nos reunimos noutras alturas? Claro que sim. Se há abraços, conversas, risos e prendas noutras alturas? Claro que sim, mas, essas outras alturas não têm cheiro a Natal. 

Ouço as pessoas falar sobre a comercialização do Natal, a perda de valores e tradições. Não a nego, está aí à vista de todos. Mas, se calhar, cabe a cada um de nós manter essas tradições, manter o espírito de Natal. Esta época traz-me das recordações mais ternas da minha infância.  Quero que as crianças que agora correm pela casa, contagiando todos com a sua alegria, tenham algo mais para recordar que as prendas, quero que tenham também doces recordações, quero que, mais tarde recordem as pessoas, quero que recordem o cheiro de Natal!

:) BOM NATAL :)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal Digital

 Se o primeiro Natal, aquele em que nasceu o menino Jesus, fosse hoje, seria mais ao menos assim* :):


*Video retirado daqui.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

É isso...

 
Depois de tanto tempo sem escrever, os dedos agitam-se, nervosos. Atrapalham-se. Escrevem frases sem nexo. Apagam. Voltam a escrever mais palavras sem sentido. Saudades de escrever, tentaram eles dizer tantas vezes. Mas os dedos, mesmo sendo dez, cinco em cada mão, nada podem fazer sozinhos. Apesar de serem eles a fazer a maior parte do trabalho, a carregar em cada tecla, formando palavras, frases, textos... Precisam que a cabeça lhes diga o que escrever e essa... essa é só uma, mas consegue ser pior do que dez dedos. Os dedos apenas precisam que lhes seja dada uma folha, um teclado, uma tela ou simplesmente a areia da praia... que os deixem livres, que os deixem sonhar, que os deixem viajar.

Este blog esteve completamente ao abandono durante muito tempo. Tal como por vezes temos necessidade de dizer algo, outras sentimos necessidade de nada dizer. Por vezes o silêncio é a única forma de comunicar, e o silêncio das palavras escritas é igual ao silêncio das palavras faladas. Há momentos da nossa vida em que ficamos com uma sensação indefinível de tristeza, de nostalgia, em que nos sentimos insignificantes perante a grandeza do universo, da vida. Momentos em que nos questionamos enquanto pessoas, em que perguntamos o significado dessa vida, em que perguntamos para onde vamos, obrigando-nos a pensar de onde vimos e onde estamos. Porque é fácil perdermo-nos, mesmo quando não queremos. Olhamos em volta e vemos que tudo é "perdível". Lembramos o que perdemos e tememos pelo que podemos perder. Mas percebemos cada vez mais que o que realmente tem valor são coisas que os olhos não vêem, coisas que não se medem, não se pesam, não se compram nem se vendem: o amor, a amizade, a felicidade. Estas são as coisas que apenas o coração consegue ver, ouvir e sentir. É isso o que levamos, de facto, deste mundo. É isso que nos acompanha nos momentos maus. É isso que nos faz sorrir nos momentos bons. É isso que nos faz viver.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ciclo da vida...

O ciclo da vida é incontornável: nascemos, vivemos, morremos. E a vida continua no planeta Terra, pelo menos enquanto não o conseguirmos destruir completamente. De uma ponta à outra deste ciclo, vamos acumulando experiências, vamos dando, recebendo, rindo, chorando, vivenciando momentos mais ou menos bons, enfim, aquilo a que chamamos viver. Como companhia ao longo deste tempo todo, temos aquela pessoa que acorda e adormece connosco todos os dias, que nasce e morre connosco, mesmo quando morremos só um pouco, mesmo quando renascemos - nós próprios. E temos as outras pessoas que fazem parte do nosso mundo, cada uma à sua maneira. No entanto, e apesar de conhecermos sobejamente o ciclo da vida, esquecemo-nos muitas vezes que os anos passam, as pessoas envelhecem e a lei normal da vida é um dia deixarem-nos. E, por vezes, perdemos pessoas que foram importantes para nós, pessoas que se tornaram parte de nós, pessoas que nos transmitiram tantas coisas boas que só a sua recordação nos faz sorrir, mesmo quando o coração está carregado de saudade e os olhos de lágrimas. Na verdade,  penso que nunca estamos preparados para perder quem amamos. Haverá alguma forma de o estar? Penso que, se existe, chama-se AMAR. Amar enquanto é tempo, amar enquanto há vida. Depois... Depois apenas resta a saudade,  sentimento doloroso mas  que encontra conforto no amor que se teve e se deu, ou o arrependimento pelo que não dissemos ou não fizemos, pelo que dissemos ou fizemos. Prefiro a saudade. Como canta Mariza nesta música linda

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades

Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir 


Há gente que fica na história
da história da gente

e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir 


São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder 


Há dias que marcam a alma
e a vida da gente

e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer 

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

...


Quando alguém sobrevive a uma morte quase certa, como a queda de um avião, há quem lhe chame sorte, há quem lhe chame milagre, há quem diga que ainda não tinha chegado a sua hora. Porque dizem, ainda não cumpriram a sua missão por aqui. Porque, dizem, todos temos uma missão. Há uns anos, ao ler Ilusões, de Richard Bach, li qualquer coisa parecida com: se estás vivo, é porque a tua missão na Terra não está cumprida. Lembro-me que na altura pensei "espero cumprir a minha muito tarde" (Esperteza saloia...).

Nos últimos dias tenho pensado nisto. Ao cruzar-me com tantas pessoas na rua, no trabalho, tenho-me perguntado se todas essas pessoas se questionarão sobre o que fazem aqui. Tantas missões que andam por aí! Mas, tenho para mim, que a palavra missão não tem de ser uma palavra grande, vistosa, que atravesse continentes e oceanos. A palavra missão pode ser pequena e ter o alcance de um passo, de um abraço, de uma palavra.  Muitas vezes, não são precisos grandes feitos, não são precisos grandes esforços. Muitas vezes essa missão pode ser apenas a simplicidade, o sorriso que nos espera sempre, o carinho que nos acompanha, a mão que nos ampara. Ao olhar para a vida de algumas pessoas, pode-nos parecer que fizeram pouco nesta vida. Que tiveram um papel secundário. Mas, para as pessoas cuja vida foi tocada por essa vida, esse aparente papel secundário foi primordial. Este mundo louco em que vivemos seria bem pior sem estas pessoas, anónimas para muita gente, menos para os seus. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

By The Way XCI - Walk a mile in my shoes

Todos nós analisamos, avaliamos, fazemos juízos de valor. É inevitável, penso eu. Desde crianças, somos confrontados com o mundo, com as pessoas, com informação e mais informação. Vemos, ouvimos, vivemos, filtramos, seleccionamos, assimilamos. E avaliamos conforme os nossos princípios, os nossos gostos, as nossas crenças, a nossa realidade. Até conforme o nosso estado de espírito. Por vezes coisas que, em dias mais solarengos nos passariam ao lado com um encolher de ombros e até um sorriso, em dias mais sombrios podem-nos levar a pensamentos e palavras menos simpáticas. Claro que nós, mulheres, podemos sempre culpar as hormonas por não estarmos de tão bom humor! É do conhecimento geral que estas meninas têm vontade própria, livrando-nos a nós de toda e qualquer culpa! 

Mas, voltando às avaliações, quando avaliamos ou julgamos alguém, não nos podemos considerar donos e senhores do saber.  Se nos achamos no direito de julgar alguém, devemos achar também que não devemos nem podemos fazê-lo impunemente, que podemos não conhecer todas as circunstâncias que rodeiam uma ou outra situação.  As pessoas são, ou podem ser, mais do que aquilo que mostram. O facto de as pessoas não andarem a apregoar os seus problemas em cada esquina, não quer dizer que não os tenham. O facto de as pessoas se esforçarem por não esmorecerem, por não quebrarem, por tentarem manter esperança, por tentarem viver a vida o melhor possível, não quer dizer que as suas vidas sejam rosas sem espinhos. Não seria má ideia se, de vez em quando, antes de a boca se abrir para criticar ou julgar, as pessoas tentassem, pelo menos tentassem, pôr-se no lugar dos outros e Walk a mile in their shoes.

By the way, esta música dos Fingertips é fantástica!


I'd like to show you my world 
For you to see how I feel
.......
Walk a mile in my shoes
 
And what will you do when it's over? 

sábado, 16 de outubro de 2010

Desafio by Mariana Marciana

Este  mimo foi enviado directamente de Marte, com Amor, pela Mariana. Além de ser um mimo muito bonito, o desafio, partilhar 10 coisas que ame, é mesmo um desafio porque vou ter que resumir muito. Obrigada, Marianinha, de coração :).

 
Amo, não necessariamente pela ordem escrita:
- o meu filho (incondicionalmente), a minha família (é o meu porto seguro)
- os meus amigos (de paixão)
- o meu amor (cada vez mais)
- a paz (estar em paz comigo, e com o mundo, se possível)
- sorrisos (ter e dar motivos para sorrir)
- música, dança (a música é mágica)
- ler (um bom livro como companhia)
- um abraço com alma (naqueles momentos em que precisava mesmo, não tem preço)
- o mar, a minha praia (onde me encontro tantas vezes comigo)
- viajar, conhecer novos locais, culturas, cheiros, sabores,...

E amo muitas mais coisas. Sou uma amadora.

Passo o desafio a quem quiser tentar resumir os seus amores. :)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Palavras...

Palavras, palavras...
Palavras que se dizem, palavras que não se dizem, palavras que se ouvem, palavras que gritam, palavras que calam, palavras que se calam.
Palavras...
Palavras não são só palavras... As palavras têm cor, têm cheiro, têm sabor. As palavras beijam, abraçam, esmagam. As palavras mordem. As palavras têm vida, têm alma. As palavras destroem ou constroem, levantam-nos ou atiram-nos ao chão, sem dó.
Palavras... Palavras certas, palavras loucas. Tantas... e tão poucas!
Se as palavras fossem só palavras! Ditas  ou caladas. Durassem apenas esse instante em que são ditas e desaparecessem, sem eco, quando o seu som terminasse! Podem voar mais velozes que o vento, perdendo-se para sempre, é verdade. Palavras de circunstância, que tanto faz serem ditas como não. Mas há as que ficam marcadas, escritas a fogo na alma e no coração. Palavras que nos fazem sentir, e que na intensidade do seu sentir, revivem momentos que se recusam em desvanecer.
Palavras... nunca são só palavras. Não são apenas grafias, sons, sílabas conjugadas. As palavras são a expressão dos pensamentos, dos sentimentos. As palavras têm um rosto. O rosto de quem as diz.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Portugal, um barco à deriva

Tenho sentido alguma dificuldade em expressar por palavras o que senti ao ouvir as medidas de austeridade anunciadas pelo nosso primeiro-ministro. Mais uma vez, uma imagem pode valer mais do que as palavras, e o que sinto é que Portugal e os Portugueses se encontram num barco sem rumo, sem leme, a caminho não sei bem de onde. Mais ou menos assim:


E o pior, é a certeza de que as coisas vão piorar. 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quedas e Feridas...

Quando caímos, das primeiras coisas que fazemos é tentar perceber porque e como caímos, e avaliar os estragos resultantes da queda. Não é só o tamanho da queda que é importante. Podemos dar uma grande queda e escapar sem um arranhão, ou podemos apenas tropeçar e aleijar-nos a sério. Depende da forma como caímos, da nossa maior ou menor resistência, do terreno em que aterramos, dos obstáculos que encontramos em pleno voo descendente. Dependerá também da sorte, talvez.
Muitas vezes não são os grandes obstáculos que nos fazem cair. Esses, vêem-se à distância, estamos prevenidos contra eles. Por vezes, podemos até avaliar e ver se vale a pena ou não dispender tempo e energia a ultrapassá-los, arriscar ferir-nos. Não raramente são as coisas pequenas que nos fazem cair em grande. São tão pequenas que não as vemos a não ser quando nos acertam com força, ou quando nós acertamos nelas. Nem sempre conseguimos equilibrar-nos a tempo e evitar a queda. Caímos, levantamo-nos, continuamos em frente. Mas nem sempre damos às feridas que daí resultam a atenção devida. Se os pequenos arranhões não precisam de grandes cuidados, o mesmo não acontece com as feridas maiores. Deixadas à sua sorte, podem trazer resultados não esperados. Uma ferida não tratada demora muito mais a cicatrizar. Quantas vezes parece que está quase curada e a sua crosta cai porque se encontra desprotegida, e a ferida continua por curar. Porque a ignoramos. Porque nos queremos mostrar fortes. Porque não queremos admitir mesmo para nós próprios que ela está ali. Não adianta muito, digo eu, assim como não adianta comparar as nossas quedas e as nossas feridas com as dos outros. Ferimo-nos de maneiras diferentes e cicatrizamos de maneira diferente.   
Podemos não querer que a ferida cicatrize, para nos lembrar sempre que não podemos voltar a cair no mesmo sítio, ou porque gostamos de sofrer, mexendo constantemente na ferida para que permaneça ali, bem viva. Esta será, talvez, a pior forma. 
Podemos esperar que, um dia, a pele esteja tão calejada que seja qual for a queda, nada lhe acontecerá. Mas, não será que a pele ao tornar-se assim tão dura não perde também a sensibilidade, a capacidade de sentir? 
Ou podemos acreditar que é normal, depois de uma queda, ter uma ou outra ferida para tratar, assim como acreditar que o primeiro passo para a tratar é olhar para ela.

By The Way XC - Linhas cruzadas

Hoje, por cá, ouve-se música em Português...



............................
É certo que sempre ouvi dizer
Que do querer ao fazer
Vai um enorme esticão
Mas haverá quem possa negar
Que querer é poder
E o nunca é uma invenção
........................... 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Descubra as diferenças :)


Simetria? Novo tipo de arquitectura? Distracção? Esquecimento? Varanda para pássaros?


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Queria...

Queria ser um poema
para dizer o teu nome com a beleza da poesia
Queria ser o mar
Para escrever o teu nome com o fascínio das ondas
Queria ser a lua
para cantar o teu nome com a magia da noite
Queria ser a noite
para desenhar o teu nome com o brilho das estrelas
Mas não sou um poema
nem o mar
nem a lua
nem a noite
Sou apenas um coração
que diz o teu nome
num sussuro, num instante, num momento,
Um coração que se enche
com a beleza de um poema
com o fascínio do mar,
com a magia do luar,
quando encontra o teu
e diz o teu nome assim
baixinho...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

By The Way LXXXIX - My Secret

Todos os dias são dias, mas uns são mais dias do que outros. Há dias que duram muito mais do que um dia, que alimentam outros dias. Por vezes por más razões. Por vezes por boas razões. Por vezes por muito boas razões. Habitualmente deixamos as más razões ocuparem mais espaço. Demoram mais a digerir, a passar, ocupam-nos mais. Mas as boas razões merecem também todo o espaço. Passamos a vida a querer, a desejar, a pedir, e quantas vezes tudo isso que quisemos, que pedimos, que desejamos nos passa ao lado porque estamos distraídos. Por vezes penso que andamos tão ocupados em querer que nos esquecemos de ver. As melhores coisas aparecem assim, sem aviso, sem grande alvoroço, sem serem planeadas.


The best days are not planned by common sense
By lack of time
You just happen to be where everything feels fine
It’s a new secret i have found
Today* must have been one of the strangest days
I found a place where i could stay
And people say that it will kill me,
But they don’t understand
People never do, but it makes sense to me
To be senseless to change my plans for you
...............
* That day...
Esta música é linda! :)

sábado, 25 de setembro de 2010

Puzzles

Quando o meu filho começou a fazer puzzles e aquilo não corria bem, as suas reacções variavam:  baralhava as peças todas com um "não gosto"; zangava-se e atirava com as peças para o chão com um "não presta"; tentava a toda a força encaixar uma peça que não se ajustava àquele sítio, carregando e carregando; fazia batota e colocava a peça por cima, muito direitinha mas sem a encaixar. Pacientemente, tentava ajudá-lo, recomeçando o puzzle, explicando-lhe que aquela peça não era ali, que cada peça tinha o seu lugar e tinha de encaixar sem esforço. Colocando a peça noutro lugar, o desenho não ficava bem e essa peça iria fazer falta noutro sítio, esse sim o lugar dela.

A nossa vida não é muito diferente de um puzzle, com dezenas, centenas, milhares de peças, as que quisermos, as que tivermos. E muitas vezes, as nossas reacções, quando uma dessas peças não encaixa onde queríamos, não são muito diferentes das reacções das crianças. Por vezes basta essa única peça para baralhar todas as outras, para nos deitar ao chão, para nos dar vontade de destruir muito do que já tinhamos construído. Outras vezes, teimamos e teimamos em colocar essa peça onde sabemos que não cabe. Arranjamos mil e uma desculpas para ela ficar ali. Usamos toda a força para conseguir encaixá-la. Por vezes, com muito esforço até conseguimos, mas ficou tão apertada que logo salta, qual boneco de molas. Viramo-la de todos os lados, se for preciso cortamos um ou outro bocado para que caiba ali, ou deixamo-la pousada, sem qualquer suporte, pronta para voar com a primeira brisa, uma peça de faz-de-conta. Tal como nos puzzles, a tentativa e o erro fazem parte da construção. Tal como nos puzzles, se uma peça não encaixa, não adianta forçá-la, porque o seu lugar não é ali. Tal como nos puzzles, por vezes aparecem peças que, naquele momento, ainda não têm o seu lugar, ainda não sabemos onde são. É preciso colocar mais peças até chegar a essa. É preciso saber esperar. Tal como nos puzzles, não vale a pena querer fazer batota, fechar os olhos e fazer de conta que está bem. Tal como nos puzzles, essa peça que não está no seu lugar tem, algures, o seu lugar à espera, vazio.

Por vezes sinto-me como uma criança, com um puzzle enorme à minha frente, com parte já construído, partes destruídas e reconstruídas, partes ainda vazias e ainda tantas peças à espera de encontrar o seu lugar. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Conversas Prozac



O sr. Prozac já conheceu mais namoradas do meu amigo J. do que os dedos que tem nas mãos. Já não sei a que propósito, num jantar com amigos, falou-se de romantismo e o J. diz ao Prozac "a tua mãe é que gosta dessas coisas de romantismo". O P., baixinho pergunta-me:
- Ó mamã, deste-lhe umas dicas?
- Umas dicas a quem, P?
- Ao J. Já namora a L. há três vezes seguidas, deve estar romântico.