quarta-feira, 30 de março de 2011

E se?


 "E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?"

"Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?"

José Saramago, em "A maior flor do mundo"

segunda-feira, 28 de março de 2011

Onde vamos parar?

Quando me dizem "não percebes nada de política", não poderiam estar mais certos. Não percebo mesmo. A esquerda e a direita, a direita e a esquerda,  o centro algures pelo meio, umas vezes mais à esquerda outras mais à direita. Tirando os extremos de uma e de outra, parece-me que fica tudo um pouco igual, pelo menos por cá. Gostava de perceber mais, pelo menos de forma a conseguir decifrar não o que dizem mas sim o que querem dizer. Mas não percebo, nem pretendo parecer perceber. Percebo, sim,  a medida em que a política afecta a minha vida, e, como a grande maioria dos portugueses, tenho-me sentido como uma laranja no espremedor de uma pessoa muito poupada: cada vez mais espremida; quando parece que já não há mais sumo, espreme-se mais um bocadinho para se aproveitar as últimas gotas. 
O nosso demissionário primeiro-ministro e o seu respectivo partido nunca contaram com o meu voto. A demissão do governo  não me espantou. Eles podem fazer asneira, bater com a porta e irem embora. Nós não podemos bater com a porta às dificuldades que eles nos criaram e virarmos costas à nossa vida. Temos de continuar a tentar equilibrar o nosso dia-a-dia, a ajustarmo-nos, a viver ao ritmo que nos impõem. Mas, confesso, a demissão dele não aliviou nem um pouco a minha preocupação com o futuro. A apreensão mantém-se. Não acredito que as coisas melhorem, aliás, acho que vão piorar. Tenho de confessar a minha ignorância. Pensei que o PSD tinha chumbado o PEC4 porque não concordava com as medidas de austeridade, a raiar a hiper-austeridade. Mas, afinal, nas palavras de Passos Coelho "Votámos contra o pacote de austeridade, não porque foi longe demais, mas porque não vai suficientemente longe para obter resultados na dívida pública" (aqui). Onde vamos parar? Espero, sinceramente, que as medidas pensadas para obter esses resultados incluam instâncias mais elevadas do que os trabalhadores que se esforçam por se manter à tona neste mar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Nem com muito yoga!

Há coisas que conseguem melhorar a nossa disposição: um belo dia de sol, uma boa notícia, uma conversa com os amigos, etc, etc, etc. Há muitas, muitas coisas que o conseguem fazer. E há coisas que conseguem piorar a nossa disposição. Umas mais graves que outras, é certo. Tenho para mim que as coisas muito, muito graves, não nos irritam, na maior parte das vezes. Entristecem-nos, deixam-nos frustrados e depois, então, talvez irritados. Mas não é por ser uma coisa menos grave  que não tem o direito de nos irritar. Afinal, o direito quando nasce é para todos, grandes e pequenos!

Uma coisa que a mim me costuma irritar é a falta de respeito pelo próximo. Aqui, também o grau de irritação e o grau de desrespeito variam amplamente de grau, mas a base é sempre a mesma: a falta. E quando falta, falta.

Todos sabemos que por vezes estacionar o carro é uma dor de cabeça. Voltas e mais voltas. Quando, depois de umas voltas - ou até talvez nenhuma - não se encontra um lugar e deixar o carro um pouco mais longe está fora de questão, porque exercício apenas se faz no ginásio e andar umas centenas de metros a pé não é exercício mas sim uma canseira, o que se faz? Estaciona-se de qualquer maneira. Segunda fila, terceira fila, não importa. Bloqueiam-se outros carros? Qual é o problema? As pessoas podem ter compromissos e necessidade de retirar o seu automóvel bem estacionado, com direito a moedinha no parquímetro e tudo? Temos que aprender a dominar o stress, fazer exercícios de auto-controlo, ser simpáticos. Por isso, até é um favor. Como poderiam desenvolver estas tão boas qualidades se não tivessem oportunidade?

E, quando depois de esperar... e esperar... e esperar... intercalando com algumas buzinadelas e incursões nas lojas mais próximas, tentando encontrar o dono do dito automóvel, este aparece, sorridente, e diz, com a maior calma: "Mas eu deixei os quatro piscas ligados", ser simpática é a última coisa que nos ocorre. Arrependemo-nos de não ter tratado de ele ir buscar o carro ao parque dos rebocados! 

Entendo que, numa situação de urgência, estacionar bloqueando outros carros se justifica, deixando um contacto visível se a demora for mais prolongada. Vá lá, até uma situação menos urgente, em que se tenha o carro debaixo de olho. Mas porque se ligam os quatro piscas???? Como li algures "Oh God, make me good, but not yet"!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Oportunidades...

Não tarda muito estamos na Páscoa e por aqui ainda se vai no Natal!! Da Páscoa ao Verão é um saltinho e depois já se está quase no Natal outra vez. O Natal é intemporal e quando o Homem quer, por isso, seria um tema sempre actual, seja em que altura for. :-)

Faz-me pensar que um ano passa realmente demasiado depressa. Um ano parece tanto tempo e, afinal, é tão pouco. Menos será ainda se chegarmos ao dia 31 de Dezembro, brindarmos a um novo ano sem termos um motivo para brindarmos ao ano que passou. Por pior que nos corram as coisas (e, francamente, a situação do país preocupa-me cada vez mais), por mais que não consigamos realizar os nossos objectivos, que não seja por não termos lutado, que não seja por termos baixado os braços e deixado a vida passar por nós. Porque por vezes só temos uma oportunidade. Uma oportunidade para ser, para fazer, para ouvir, para sentir. Uma oportunidade para fazer a diferença na vida das pessoas. Uma oportunidade para que façam a diferença na nossa vida. Uma oportunidade para fazer o que devíamos fazer. Uma oportunidade para dizer o que precisamos dizer.  Uma oportunidade para agarrar os nossos sonhos. Por vezes essa oportunidade passa-nos ao lado sem a vermos sequer. Outras, salta à nossa frente, está mesmo ali, tão ali que nem acreditamos. Adiamos para depois, pelas mais variadas razões: porque não é o momento certo, porque não temos tempo, porque se calhar poderá aparecer outra oportunidade. Uma melhor, pensamos. Mas muitas vezes as oportunidades não se repetem. Só temos uma. E mais nenhuma.