terça-feira, 26 de outubro de 2010

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Quando alguém sobrevive a uma morte quase certa, como a queda de um avião, há quem lhe chame sorte, há quem lhe chame milagre, há quem diga que ainda não tinha chegado a sua hora. Porque dizem, ainda não cumpriram a sua missão por aqui. Porque, dizem, todos temos uma missão. Há uns anos, ao ler Ilusões, de Richard Bach, li qualquer coisa parecida com: se estás vivo, é porque a tua missão na Terra não está cumprida. Lembro-me que na altura pensei "espero cumprir a minha muito tarde" (Esperteza saloia...).

Nos últimos dias tenho pensado nisto. Ao cruzar-me com tantas pessoas na rua, no trabalho, tenho-me perguntado se todas essas pessoas se questionarão sobre o que fazem aqui. Tantas missões que andam por aí! Mas, tenho para mim, que a palavra missão não tem de ser uma palavra grande, vistosa, que atravesse continentes e oceanos. A palavra missão pode ser pequena e ter o alcance de um passo, de um abraço, de uma palavra.  Muitas vezes, não são precisos grandes feitos, não são precisos grandes esforços. Muitas vezes essa missão pode ser apenas a simplicidade, o sorriso que nos espera sempre, o carinho que nos acompanha, a mão que nos ampara. Ao olhar para a vida de algumas pessoas, pode-nos parecer que fizeram pouco nesta vida. Que tiveram um papel secundário. Mas, para as pessoas cuja vida foi tocada por essa vida, esse aparente papel secundário foi primordial. Este mundo louco em que vivemos seria bem pior sem estas pessoas, anónimas para muita gente, menos para os seus. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

By The Way XCI - Walk a mile in my shoes

Todos nós analisamos, avaliamos, fazemos juízos de valor. É inevitável, penso eu. Desde crianças, somos confrontados com o mundo, com as pessoas, com informação e mais informação. Vemos, ouvimos, vivemos, filtramos, seleccionamos, assimilamos. E avaliamos conforme os nossos princípios, os nossos gostos, as nossas crenças, a nossa realidade. Até conforme o nosso estado de espírito. Por vezes coisas que, em dias mais solarengos nos passariam ao lado com um encolher de ombros e até um sorriso, em dias mais sombrios podem-nos levar a pensamentos e palavras menos simpáticas. Claro que nós, mulheres, podemos sempre culpar as hormonas por não estarmos de tão bom humor! É do conhecimento geral que estas meninas têm vontade própria, livrando-nos a nós de toda e qualquer culpa! 

Mas, voltando às avaliações, quando avaliamos ou julgamos alguém, não nos podemos considerar donos e senhores do saber.  Se nos achamos no direito de julgar alguém, devemos achar também que não devemos nem podemos fazê-lo impunemente, que podemos não conhecer todas as circunstâncias que rodeiam uma ou outra situação.  As pessoas são, ou podem ser, mais do que aquilo que mostram. O facto de as pessoas não andarem a apregoar os seus problemas em cada esquina, não quer dizer que não os tenham. O facto de as pessoas se esforçarem por não esmorecerem, por não quebrarem, por tentarem manter esperança, por tentarem viver a vida o melhor possível, não quer dizer que as suas vidas sejam rosas sem espinhos. Não seria má ideia se, de vez em quando, antes de a boca se abrir para criticar ou julgar, as pessoas tentassem, pelo menos tentassem, pôr-se no lugar dos outros e Walk a mile in their shoes.

By the way, esta música dos Fingertips é fantástica!


I'd like to show you my world 
For you to see how I feel
.......
Walk a mile in my shoes
 
And what will you do when it's over? 

sábado, 16 de outubro de 2010

Desafio by Mariana Marciana

Este  mimo foi enviado directamente de Marte, com Amor, pela Mariana. Além de ser um mimo muito bonito, o desafio, partilhar 10 coisas que ame, é mesmo um desafio porque vou ter que resumir muito. Obrigada, Marianinha, de coração :).

 
Amo, não necessariamente pela ordem escrita:
- o meu filho (incondicionalmente), a minha família (é o meu porto seguro)
- os meus amigos (de paixão)
- o meu amor (cada vez mais)
- a paz (estar em paz comigo, e com o mundo, se possível)
- sorrisos (ter e dar motivos para sorrir)
- música, dança (a música é mágica)
- ler (um bom livro como companhia)
- um abraço com alma (naqueles momentos em que precisava mesmo, não tem preço)
- o mar, a minha praia (onde me encontro tantas vezes comigo)
- viajar, conhecer novos locais, culturas, cheiros, sabores,...

E amo muitas mais coisas. Sou uma amadora.

Passo o desafio a quem quiser tentar resumir os seus amores. :)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Palavras...

Palavras, palavras...
Palavras que se dizem, palavras que não se dizem, palavras que se ouvem, palavras que gritam, palavras que calam, palavras que se calam.
Palavras...
Palavras não são só palavras... As palavras têm cor, têm cheiro, têm sabor. As palavras beijam, abraçam, esmagam. As palavras mordem. As palavras têm vida, têm alma. As palavras destroem ou constroem, levantam-nos ou atiram-nos ao chão, sem dó.
Palavras... Palavras certas, palavras loucas. Tantas... e tão poucas!
Se as palavras fossem só palavras! Ditas  ou caladas. Durassem apenas esse instante em que são ditas e desaparecessem, sem eco, quando o seu som terminasse! Podem voar mais velozes que o vento, perdendo-se para sempre, é verdade. Palavras de circunstância, que tanto faz serem ditas como não. Mas há as que ficam marcadas, escritas a fogo na alma e no coração. Palavras que nos fazem sentir, e que na intensidade do seu sentir, revivem momentos que se recusam em desvanecer.
Palavras... nunca são só palavras. Não são apenas grafias, sons, sílabas conjugadas. As palavras são a expressão dos pensamentos, dos sentimentos. As palavras têm um rosto. O rosto de quem as diz.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Portugal, um barco à deriva

Tenho sentido alguma dificuldade em expressar por palavras o que senti ao ouvir as medidas de austeridade anunciadas pelo nosso primeiro-ministro. Mais uma vez, uma imagem pode valer mais do que as palavras, e o que sinto é que Portugal e os Portugueses se encontram num barco sem rumo, sem leme, a caminho não sei bem de onde. Mais ou menos assim:


E o pior, é a certeza de que as coisas vão piorar. 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quedas e Feridas...

Quando caímos, das primeiras coisas que fazemos é tentar perceber porque e como caímos, e avaliar os estragos resultantes da queda. Não é só o tamanho da queda que é importante. Podemos dar uma grande queda e escapar sem um arranhão, ou podemos apenas tropeçar e aleijar-nos a sério. Depende da forma como caímos, da nossa maior ou menor resistência, do terreno em que aterramos, dos obstáculos que encontramos em pleno voo descendente. Dependerá também da sorte, talvez.
Muitas vezes não são os grandes obstáculos que nos fazem cair. Esses, vêem-se à distância, estamos prevenidos contra eles. Por vezes, podemos até avaliar e ver se vale a pena ou não dispender tempo e energia a ultrapassá-los, arriscar ferir-nos. Não raramente são as coisas pequenas que nos fazem cair em grande. São tão pequenas que não as vemos a não ser quando nos acertam com força, ou quando nós acertamos nelas. Nem sempre conseguimos equilibrar-nos a tempo e evitar a queda. Caímos, levantamo-nos, continuamos em frente. Mas nem sempre damos às feridas que daí resultam a atenção devida. Se os pequenos arranhões não precisam de grandes cuidados, o mesmo não acontece com as feridas maiores. Deixadas à sua sorte, podem trazer resultados não esperados. Uma ferida não tratada demora muito mais a cicatrizar. Quantas vezes parece que está quase curada e a sua crosta cai porque se encontra desprotegida, e a ferida continua por curar. Porque a ignoramos. Porque nos queremos mostrar fortes. Porque não queremos admitir mesmo para nós próprios que ela está ali. Não adianta muito, digo eu, assim como não adianta comparar as nossas quedas e as nossas feridas com as dos outros. Ferimo-nos de maneiras diferentes e cicatrizamos de maneira diferente.   
Podemos não querer que a ferida cicatrize, para nos lembrar sempre que não podemos voltar a cair no mesmo sítio, ou porque gostamos de sofrer, mexendo constantemente na ferida para que permaneça ali, bem viva. Esta será, talvez, a pior forma. 
Podemos esperar que, um dia, a pele esteja tão calejada que seja qual for a queda, nada lhe acontecerá. Mas, não será que a pele ao tornar-se assim tão dura não perde também a sensibilidade, a capacidade de sentir? 
Ou podemos acreditar que é normal, depois de uma queda, ter uma ou outra ferida para tratar, assim como acreditar que o primeiro passo para a tratar é olhar para ela.

By The Way XC - Linhas cruzadas

Hoje, por cá, ouve-se música em Português...



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É certo que sempre ouvi dizer
Que do querer ao fazer
Vai um enorme esticão
Mas haverá quem possa negar
Que querer é poder
E o nunca é uma invenção
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