quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sentimentos vs Acções


Muitas vezes vivemos como se não tivessemos o poder da escolha. Pensamos saber o resultado de tudo. Pensamos que não vale a pena porque, porque... e por vezes o resto da frase não surge. Encolhemos os ombros e completamos a frase com um encolher de ombros e a resposta porque não vale. Fossemos crianças e não nos contentaríamos com esta resposta. Mas em adultos podemos, porque podemos tudo e nos dá jeito fazê-lo. Obrigamos as crianças a explicar até à exaustão a razão de algumas das suas acções, mas nós não o fazemos, muitas vezes nem perante nós próprios. 

Diz Mário Quintana que não somos culpados pelos nossos sentimentos mas sim pelos nossos actos *. O engraçado é que muitas vezes os nossos sentimentos, os tais pelos quais não somos responsáveis, são bem mais bonitos do que os nossos actos. O sentimento pode ser livre, mesmo quando condicionado, abafado, sufocado, amarfanhado pelos actos. O sentimento vale por si só e é bonito porque surge dentro de nós. Ele não se importa se gostamos ou não, se queremos ou não, não se importa com nada. É um pouco selvagem, o sentimento. Surge sem ser plantado, e muitas vezes cresce sem uma única gota de alimento, mesmo quando nós, com os nossos actos responsáveis, lhe criamos um ambiente pouco propício ao crescimento. Quase me apetecia dizer-lhe que é um chato, um intrometido, um grande teimoso. Quase... Mas como posso chamar-lhe isso se me faz sentir tão bem? Vem perturbar as certezas, decisões e direcções, mas estas parecem-me mais actos. São pensadas e muitas vezes auto-impostas. Não surgem assim, do nada, de um olhar, de um abraço, de um partilhar. De tão pensados, esses actos por vezes são quase automáticos, tipo reflexo condicionado. Quando damos conta estamos transformados em cãezinhos pavlovianos. A mim, acho que só me faltam as orelhas compridas, um focinho alongado, muito pêlo e um faro apurado. 

Sim, as opções são sempre nossas. Sim, somos responsáveis pelos nossos actos. No entanto, tenho cá para mim que por vezes as opções optam sozinhas, seguindo o mesmo circuito de sempre. O problema... O problema são os curto-circuitos.

* "Somos donos dos nossos actos, mas não dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos.
Podemos prometer actos, mas não podemos prometer sentimentos.
Actos são pássaros enjaulados, sentimentos são pássaros em vôo." Mario Quintana

7 comentários:

mjf disse...

Olá!
Por vezes temos que ser mais racionais e menos emotivos:=(

Beijocas
Bfs

S. disse...

Como sempre concordo com tudo o que dizes...

Beijinhos grandes

Checa disse...

Querida Nirvana

É possível impôr silêncio ao sentimento, não é porém possivel impôr-lhe limites...


Beijinho!

Menina do Norte disse...

Que bonito texto :)

Um Beijinho*

Is not to late disse...

"Somos donos dos nossos actos, mas não dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos.
Podemos prometer actos, mas não podemos prometer sentimentos.
Actos são pássaros enjaulados, sentimentos são pássaros em vôo."

Mario Quintana

Mas que grande excerto! =)

Um beijo.

RN disse...

Os nossos actos dependem de nós já os sentimentos invandem-nos sem sequer nos deixarem ser racionais. O texto está muito interessante, cheio de verdades.
Beijinho

L'Enfant Terrible disse...

Os sentimentos têm o dom de se opôr à razão e muitas vezes isso leva a uma luta interna dentro de nós, porque os sentimentos querem sair, mas, ou nós não sabemos lidar com eles, ou não conseguimos deixa-los sair por não estarmos habituados a isso!