quinta-feira, 10 de junho de 2010

O desencanto mora sozinho


As pessoas entram na nossa vida, ocupam um determinado lugar, e, por vezes,  deixam-no desocupado. Por motivos vários. Porque sim. A vida, o destino, une e separa as pessoas. Pessoas que nos fizeram muito felizes também podem sair da nossa vida. Quem, por algum motivo, um dia nos fez feliz, geralmente não é esquecido. Nem a pessoa, nem a a felicidade que nos proporcionou. Há pessoas que guardamos sempre no coração, com um carinho muito especial. São pessoas especiais para nós. São pessoas que sempre foram verdadeiras, que nos encantaram, que nos fizeram querer cantar, querer amar, querer viver. Com quem rimos. Por vezes também nos tiraram a vontade de cantar, também nos fizeram ter momentos menos bons. Mas são pessoas que têm sempre aquele encanto. Que, mesmo tendo seguido caminhos separados, nos despertam sempre sentimentos de carinho, em quem pensamos com um sorriso, um misto de saudade, de nostalgia, de recordações boas. Pessoas cuja passagem na nossa vida trouxe algo de tão bom, tão especial, que queremos mantê-las perto de nós, nem que seja nas recordações. Não significa que fiquemos agarrados a essas recordações, mas são recordações que guardamos porque significaram algo especial.

Nem sempre é assim. Pensava que nada poderia fazer esquecer alguém que um dia nos fez felizes. Muito ou pouco tempo, não interessa. A felicidade não se mede em dias, não se mede só no tempo que dura. Mede-se também no que perdura, no efeito que tem a mais longo prazo, no bem que nos faz e se perpetua, mesmo que a causa acabe. Mas não é verdade. Há algo que pode fazê-lo: o desencanto. O desencanto pode ser recebido também com um sorriso. Um sorriso triste. Um sorriso de tristes constatações que vamos somando, conforme essa pessoa se vai revelando. Oca. Vazia. Cheia de si própria. Tão cheia que não cabe mais nada excepto a própria vaidade, um ego que precisa de ser constantemente alimentado. O desencanto destrona  o carinho, a saudade, a raiva, a tristeza.

Não haverá nada mais triste do que passar pela vida de alguém e não deixar nada. Assim como é triste constatar que, em nós, também nada ficou. O desencanto dá lugar a nada. O desencanto mora sozinho.

14 comentários:

siceramente disse...

Ah eu gosto de partir sem ficar com nada da pessoa, a vida é pequena demais para ficar agarrado a recordações das mesmas pessoas.. que venham mais, muito mais :P

Canhota! disse...

Lindinha!

Se nada deixaste e nada te deixou...é porque não interessava! O que interessa sim é todos os momentos (mesmo pequenos que sejam) que nos deixaram, que tivemos, que sentimos, que recordamos com muito amor e carinho é que interessam!

Os que podemos deixar, os que queremos sentir esses é que contam..tudo o resto desvanece com o tempo e não são mais que breves ou ténues lembranças!

Hoje e amanhã é que importa...passado é passado!

Bom Feriado!

jinhos muito especiais!

Cris disse...

Acredito que as pessoas que conhecemos ao longo da vida, conhecemos por algum motivo, e quando acontece o desencanto (e que bom que ele acontece) terminamos tudo que podiamos receber e dar nesta relação. E então o lugar está livre para novas pessoas!!

beijos

Neisseria Gonorrhoeae disse...

Muito profundo.

É fácil falar, mas é o momento que determina tudo. A saudade, o esquecimento. Nada disso somos nós a controlar. Pelo menos penso assim. E o que virá, virá.

Checa disse...

Querida Nirvana,

Há pessoas que defenitavamente não valem a pena! Parece que lês-te os meus pensamentos..."desencanto"?
Não consigo decifrar exactamente o que sinto; nem mágoa, raiva, pena, saudade, tristeza, nada...apaguei simplesmente alguém da minha vida! Não imaginava ser possível!

Beijinho

S. disse...

Como disse a Canhota e muito bem, se não deixaste nada e nada te deixou é porque não vali a pena, tudo o que vale a pena deixa algo, mas é muito triste que por vezes empatamos tanto em algo e não ficou nada.

Beijinhos enormes

Girl in the Clouds disse...

Concordo com a Canhota e com a S.!!
Este teu texto está muito bom.

tempus fugit à pressa disse...

se o desencanto morasse acompanhado
tinha de se encantar com a companhia desencatava-se...
olha há uma canhota
também sou canhota
bou ber

Mariana marciana disse...

Nirvanita, vais perdoar o meu português mas... dass!!
Acho que foi a coisa mais autobiográfica que li nos últimos tempos...é incrível como podemos "sentir" uma pessoa de forma tão diferente não é?... perspectivas... é o que digo...
Beijoca enorme
ps- tenta lembrar-te que, às vezes,quando alguém sai do nosso coração desta maneira deixa o espaço certo para que outro alguém "melhor" o possa preencher (e com sorte expandir)

Sonhadora disse...

Muitas pessoas passram pela minha vida e julguei que todas elas fossem minhas amigas, mas o que é certo é que sairam, mas não antes sem deixarem a sua marca, algo de bom, de positivo! Fiquei triste porque sairam, mas a vida é mesmo assim, uns passam e ficam, outros simplesmente passam e vão!
Bom fim de semana!
Beijocas

Unknown disse...

Tens muita razão...não deixar marca é muito triste. Não haver o que recordar, não haver lembrança é como se aquela pessoa nem tivesse existido. Bj!

Phoenix disse...

" o desencanto dá lugar a nada."..verdade triste e dolorosamente real..**

Grey´s disse...

Que post .. tao triste e tao verdadeiro .. se tu soubesses como aceitei estas palavras cá dentro .. e sabes o que é pior? É quando mesmo que a pessoa nos tenha desiludido tanto, as boas memorias continuam a assaltar nos o pensamento sem hora marcada, para mim isso ainda é o pior.
Bjinho

Nowe disse...

Minha Amiga;

Como entendo estas palavras...
Pessoas que passaram pela nossa vida e nos marcaram.
Pessoas que, embora actualmente não façam parte da nossa vida, continuam dentro do cor saudade, daquela nostalgia quando nos lembramos dos momentos passados... momentos tão, mas tão únicos...

Beijinhos grandes minha Amiga*